Alagoas

Policiais civis decidem manter a greve, mas prometem desocupar acesso ao Porto

Por Ludmila Calheiros 29/04/2016 19h07

O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) se reuniu mais uma vez com representantes da Segurança Pública, da Secretaria de Planejamento e Gestão e do Tribunal de Justiça, para tentar negociar o fim da greve que já dura 11 dias. O encontro aconteceu na noite desta sexta-feira (29) na sede da Escola Superior de Magistratura de Alagoas, durou cerca de duas horas e terminou sem a definição do final da greve, mas com promessas de ambos os lados.

A categoria chegou a reunião decidida a negociar a contraproposta do piso de 5.500,00 reais. A reunião aconteceu a portas fechadas. No final ficou decidido que os policiais irão desocupar neste sábado (30) o acesso ao Porto de Maceió, localizado no bairro de Jaraguá.
Não há divulgação do que foi proposto durante o encontro. Mas a assessoria do TJ/AL informou que os secretários vão conversar com o governador, Renan Filho, e dar continuidade ao dialogo com o sindicato dos policiais.

O Judiciário deve aguardar um acordo entre eles para que seja feita a homologação. Caso não haja um denominador comum, o Judiciário decide. 

A nova reunião entre as partes está agendada para a próxima terça-feira (03).


Policiais liberam acesso para caminhões de combustíveis

Horas antes da reunião, a categoria havia decidido desbloquear a entrada do Porto de Maceió, no bairro do Jaraguá, para caminhões que fazem transporte de combustíveis. O local foi bloqueado desde a tarde de terça-feira (26), com isso uma longa fila de caminhões aguardando para carregar e descarregar no Porto se formou pela Avenida da Paz. 

Segundo a administração do Porto, o prejuízo diário com a paralisação das atividades é de 100 mil dólares. Nos três dias de bloqueio, e convertendo o valor para o real, o prejuízo já ultrapassa 1 milhão de reais. A população ainda não havia sentido o impacto da manifestação, mas desde quinta-feira (28) alguns postos ficaram desabastecidos.

“Aqui a gente não tem mais combustíveis desde às 20h de quinta-feira. Já estimamos um prejuízo em 70 mil reais e logo em um final de semana, onde nosso movimento aumenta com os motoristas abastecendo para viajar para o litoral. O único trabalho dos funcionários é explicar para os condutores que param para abastecer que não temos combustível por causa da greve. A situação é crítica e não é só aqui, ligamos para outros postos que estão na mesma”, afirmou João Carlos Cox, proprietário de posto de combustíveis.

O Sindicombustíveis já havia emitido nota demonstrando a preocupação com o desabastecimento, ressaltando que outros serviços importantes estariam sendo afetados, como a segurança e a saúde já que as viaturas de policiamento e resgate também sofreriam com a falta de combustíveis. 

Diante da situação critica, os policiais civis grevistas permitiram a entrada dos caminhões que fazem o transporte de combustíveis para que houvesse o abastecimento dos postos. Os outros teriam que aguardar a reunião inicialmente marcada para às 16h, mas que teve início por volta das 18h.

Retrospectiva da Greve

Os policiais civis decidiram entrar em greve no dia 18 de abril, após informarem que não conseguiram avançar nas tentativas de negociar com o governo a pauta com 23 reivindicações, sendo as principais o reajuste do salário dos agentes e escrivães, equiparando a 60% do piso de delegado, além de melhores condições de trabalho.

Nesta semana a greve teve seus momentos mais importantes. O Tribunal de Justiça de Alagoas determinou pela segunda vez o retorno imediato dos policiais grevistas. O desembargador Alcides Gusmão, no documento, aumentou o valor da multa diária aplicada ao Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) para 10 mil reais em caso de descumprimento. A categoria havia realizado uma assembleia na terça-feira (26) onde decidiram desacatar a primeira determinação de retorno imediato deferida pelo TJ/AL. A ocupação do Porto de Maceió se deu no mesmo dia, pela tarde.

Alcides Gusmão baseou a nova determinação em decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Novo Código do Processo Civil, que ressaltam a importância das atividades dos policiais civis para a segurança pública. Na prática, a categoria não poderia entrar em greve, mesmo mantendo 30% das atividades, o que segundo o desembargador não estaria acontecendo nesta paralisação.

Ainda na quarta-feira, já a noite, Tribunal de Justiça decidiu pela imediata reintegração de posse do Porto de Maceió.

Na quinta-feira (28) uma nova assembleia, de forma rápida a categoria resolveu rejeitar a contraproposta oferecida pelo Governo de Alagoas e decidiram manter a greve e o bloqueio do Porto. Para os policiais civis, a proposta não atendeu a pauta de reivindicações. O governo afirmou que o reajuste proposto pelos policiais não se encaixava na realidade econômica do Estado. Segundo os representantes do Estado, o reajuste de 60% representaria um reajuste de 172%, o que se tornaria inviável diante da crise enfrentada por estados e municípios.