A assessoria da ex-prefeita Célia Rocha classificou a apresentação do relatório da chamada “caixa preta” de Arapiraca, pelo prefeito Rogério Teófilo (PSDB) como uma grande encenação pirotécnica, onde os números foram superlativados acima de sua realidade, perante a condição orçamentária do município que é de R$ 600 milhões. A divida de R$ 100 milhões com INSS (R$ 64 milhões) e o restante com salários e fornecedores representam na verdade 1/5 da capacidade de pagamento do município, lembrando que esses débitos podem ser parcelados suavemente durante a gestão dos quatro anos do prefeito.

Com relação aos saldos bancários apresentados pelo Rogério Teófilo (PSDB), ontem durante a entrevista coletiva em Arapiraca, atestando que teria recebido o município com as contas com um saldo de apenas R$ 130 mil, foi rebatido pela assessoria financeira da ex-prefeita Célia Rocha, que afirma que deixou em caixa R$ 4,5 milhões relativo à segunda parcela da repatriação e mais R$ 6 milhões oriundos do Fundeb.

Segundo ainda a assessoria financeira da ex-prefeita, esses recursos foram utilizados pela equipe de Rogério Teófilo para complementar o restante (25%) do decimo terceiro salários dos servidores que faltava.

Dezembro

Já com relação aos salários de dezembro, segundo ainda a assessoria financeira da ex-prefeita, teria que ser pago pelo atual gestor - operação de caixa que é realizada normalmente por os todos os municípios - que programam o pagamento do mês anterior, para até o dia 12 do mês subsequente. No caso como houve mudança de gestão, o encerramento do exercício fiscal aponta como fonte pagadora dos salários, o repasse constitucional do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), depositado no dia 10 de janeiro, além dos complementos financeiros, como a parcela do ICMS, creditado todas as terças feiras da semana e a arrecadação própria com ISS.

Segundo a assessoria financeira da ex-prefeita Célia Rocha, esses recursos de janeiro já davam para o prefeito pagar toda folha de servidores efetivos, ficando apenas os contratados e comissionados pendentes, principalmente da área da saúde, que é hoje o grande problema orçamentário da prefeitura de Arapiraca.   

Para a assessoria financeira da ex-prefeita, a atual gestão pretende fazer caixa, não pagando os salários de dezembro, fato que deve ser observado pelos servidores que estão negociando com o atual prefeito o pagamento desses salários.  

Autopsia do “cadáver”

As revelações apresentadas pelo relatório lido pelo prefeito Rogério Teófilo (PSDB) sobre a situação financeira da prefeitura de Arapiraca, ainda não colocou a tona ainda tudo que tinha na chamada “caixa preta” das gestões passadas.  Segundo uma fonte a “autopsia do cadáver” do que sobrou do município ainda está sendo dissecando e verdadeiras bombas ainda serão desmontadas.

Segundo informações essa herança não é fruto apenas da gestão da ex-prefeita Célia Rocha, mas também do ex-prefeito Luciano Barbosa, que não pagou fornecedores e passou a divida do INSS para a prefeita, ao deixar o cargo em 2011, divida que foi assumida pela prefeita.

O prefeito, durante a leitura do relatório, demonstrou também bastante irritação com a imprensa por que estava sendo cobrado quando a informação sobre o pagamento dos salários dos servidores. Uma falta comportamental até aceitável diante do “abacaxi” que pegou e pela falta de orientação.

Além disso, o prefeito fez uma revelação que revoltou aos trabalhadores ao constatar que os salários e até o decimo terceiro salários foram pagos a todos os secretários municipais, em detrimento dos servidores, que ficam sem receber dezembro. Um ato considerado “imoral” pelas lideranças sindicalistas.