Blog do André Avlis
FUTEBOL: A Copinha é apaixonante, mas romantizar adversidades é ilógico
Copa São Paulo de Futebol Júnior 2022 começou no dia 2 de janeiro e encerrou sua primeira rodada nessa quarta-feira (5)
O sonho e objetivo de vários garotos começou.
Disputada desde 1969, a Copa São Paulo de Futebol Júnior é considerada a maior competição de base do Brasil. A 52ª edição começou no último domingo (2) e terminará no dia 25 de janeiro (aniversário da cidade de São Paulo).
São mais de 3.500 garotos divididos em 128 clubes participantes, espalhados pelas 32 cidades sedes no estado de São Paulo.
A primeira rodada, que acabou ontem (5), já nos apresentou várias histórias. Entre viagens que mais parecem odisseias, a mãe de jogador que se tornou cozinheira e "mãe" de vários outros meninos.
Entre os vários obstáculos, certamente, o principal é a distância. As longas viagens feitas especialmente de ônibus e o tempo percorrido na estrada são absurdas.
Trazendo um exemplo mais próximo da gente, o CSE viajou por mais de 24h de 'busão' até chegar em sua sede, em São Caetano do Sul. Foram mais de 2,3 mil km.
Temos outros exemplos como o Andirá-AC, Fluminense-PI, Bragantino-PA, Chapadinha-MA, entre outros. Eles que têm como semelhanças às distâncias abissais percorridas - com mais de 2 mil km e mais de 24h de viagem de ônibus.
Além disso, vários clubes viajam com suas delegações em números reduzidos ou limitados para conter gastos e custos das suas respectivas logísticas. Uns sem preparador físico, outros sem médico ou massagista e vários sem alguém.
São os embaraços e perrengues habituais por trás da cortina ilusória de uma competição que exala a essência de sonhos. Tudo aquilo que é o futebol brasileiro "nu e cru". Longe dos holofotes e imaginários de glamour.
E é por isso que é paradoxo tratar tantas adversidades com naturalidade. Romantizando-as para trazer a falsa sensação de normalidade. Típico de uma estrutura que venda os olhos para não enxergar o óbvio.
Não que seja algo simples. Mas é necessário mudar o mecanismo para que vários desses times cheguem com o mínimo de condições igualitárias para a disputa de um torneio tão importante.
Isso deve partir dos clubes, federações e confederação. Investir e dar o apoio necessário para quem está levando o nome das instituições e dos estados para muito longe - literalmente.
Em resumo: apenas ter boa vontade. Acreditar nos meninos que "dão a vida" para chegar e uma Copa São Paulo. Mesmo com pouco recurso, auxílio e suporte.
Espero que um dia isso mude. Pois mesmo a Copinha sendo apaixonante, romantizar adversidades é ilusório.