O ditado é antigo, mas nunca falha: em política, não há (ou não ficam) espaços vazios. Enquanto Arthur Lira está em Brasília, articulando sua reeleição para a presidência da Câmara dos Deputados, alguns de seus antigos aliados assinaram a ficha de filiação ao MDB de Renan Calheiros. O velho lobo da política, que não é candidato a nada em Brasília, correu solto esta semana pelo interior alagoano.

Leandro Silva, de Junqueiro; Theobaldo Cintra, de Major Izidoro; Zé Luís, de Olho D’Água das Flores; Jorge Dantas, de Pão de Açúcar; Jó Dionísio, de Olivença; Erivado Mandu, de Mata Grande e Ceci Rocha, de Atalaia, tiveram suas fichas abonadas pelo cacique emedebista alagoano e já apareceram entre sorrisos com Renan e Paulo Dantas nas redes sociais.

Lira, como se sabe, perdeu a mina de ouro que tinha nas mãos, as emendas do relator; ademais, ainda com seu futuro incerto sobre integrar ou não o governo Lula, pode perder a Codevasf, cobiçada por outros grupos políticos que agora pairam acima da carne seca. Mesmo favoritíssimo a mais um período à frente da Câmara, Arthur sabe que este próximo período será bem mais econômico com seus aliados.

Sabedores disso, os gestores mudaram de legenda refletindo sobre o próprio futuro político - muitos deles enfrentam as urnas em 2024, e não querem ver paradas as obras que iniciaram em seus municípios. Alguns deles, mesmo contra a vontade de Lira, já exercitaram esse “jogo duplo” em 2022, desta vez completando o movimento. Agora, em Brasília, é Renan (pai e filho) quem dão as cartas.

Com esta leva de filiações, o MDB se estabelece definitivamente como a legenda mais forte do estado: governador, 14 deputados estaduais, dois deputados federais, dois senadores (um como ministro), 44 prefeitos e um sem número de vereadores agora cerram as fileiras da legenda - uma conta jamais alcançada por nenhum outro grupo político na história recente alagoana.