Aliados durante os últimos três anos, os irmãos Edvânio e Maciel Oliveira, conhecidos representantes da comunidade de Cangandu, na zona rural de Arapiraca, trocaram farpas em um grupo de whatsapp. As mensagens de texto e de voz viralizaram durante esta semana.

Edvânio, que venceu as eleições para a câmara municipal de Arapiraca em 2020 pelo Avante, criticou o irmão, Maciel Oliveira - que disputou a mesma eleição pelo PSDB, mas não obteve êxito. O vereador acusou Maciel de tê-lo traído e abandonado seu mandato, após ter “aproveitado” por quase três anos.

O atual vereador também acusou Maciel de não ter levado nenhum benefício às comunidades que representam, enquanto ele fez várias indicações, que depois se transformaram em benefícios para o Cangandu e o Pé Leve.

Em resposta, Maciel afirmou que já pagou cerca de 45 mil reais a Edvânio desde que perdeu as eleições, e acusou o irmão de assediar servidores públicos indicados por ele no município a votarem em seus candidatos, sob pena de demissão da função.

Em 2020, ambos dividiram as mesmas comunidades disputando os votos para a câmara de vereadores. Maciel foi candidato pelo então “chapão da morte” do PSDB, que era o partido do prefeito Rogério Teófilo. Ele obteve 1591 votos, mas ficou apenas na segunda suplência da chapa.

Já Edvânio integrou a chapa independente do Avante, obteve até menos votos do que Maciel (1577), mas devido à composição mais equilibrada de seu grupo, conseguiu o mandato.

Veja a troca de mensagens num grupo de whatsapp entre Edvânio e Maciel:

Edvânio

Dá vontade de rir de áudios de algumas pessoas, que se dizem agentes políticos e infelizmente é um m*rda, não sabe de nada, mas faz parte do estado democrático. É mais lindo ainda quando as pessoas agradecem quando as coisas são resolvidas.

No Cangandu tenho muito orgulho de dizer que fiz o pedido do asfalto. As escolas foram meu pedido, o ginásio, a UBS e o asfalto do Pé Leve foi meu pedido, uma ambulância que eu comprei com recursos próprios está lá.

Certas pessoas que estão agora aí falando merda, elas mesmo usufruíram por três anos e depois deu um chute. Foi o primeiro que quando perdeu a eleição passada, se juntou ao vereador [Edvânio] para se dar bem, passou três anos usufruindo do mandato e depois caiu fora.

Cada um colhe o que planta. Quem planta traição, não se sabe o que vai colher lá na frente. Não estou falando nem de eleição, estou falando de política, e lá na frente é o eleitor quem vai julgar se a gente faz jus ao mandato ou não, se a gente merece o continuísmo ou o retrocesso.

Maciel, em resposta a Edvânio

Quando perdi a eleição, eu vendi uma loja a esse cidadão. E ele me deu duas assessorias por essa loja. Com o andar da carruagem não deu mais pra apoiar ele. Agora desafio ele a dizer em público quanto eu estou devendo. Porque além de perder o meu salão, eu ainda tive que pagar 45 mil reais. Não tenho obrigação e ninguém é obrigado a apoiar ninguém, entrei e saí pela porta da frente. Eu acho muito feio estar se expondo em grupo.

Quero que as pessoas votem por achar que eu mereço, não por pressão. Servidor público exerce a sua função e não é obrigado a votar em ninguém. Atendi pessoas com medo, que disseram que se não votasse [no Edvânio] perdia o emprego na prefeitura.