Cidadania

Parceria do MP com SSP pode ajudar a confirmar parentesco de irmãos separados há 48 anos

Termo de Cooperação Técnica assinado entre as duas instituições dará mais celeridade à localização de pessoas desaparecidas

Por 7Segundos com Assessoria/MP 01/04/2022 18h06 - Atualizado em 01/04/2022 19h07
Parceria do MP com SSP pode ajudar a confirmar parentesco de irmãos separados há 48 anos
Assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre o MP/AL e a SSP/AL - Foto: Assessoria

João Alves da Silva, 47 anos de idade, é natural de Quebrangulo, no Agreste alagoano, mas reside em Arapiraca no Bairro Primavera. Em novembro de 2019 ele procurou a redação do Portal7Segundos para publicar uma reportagem na tentativa de ajudar a localizar sua irmã mais velha, chamada Maria Quitéria Alves da Silva (Quiterinha), que ele não vê desde o ano de 1974, quando foram separados após o pai abandonar a família para viver em outra região do país, e a mãe falecer.

Em fevereiro de 2022, uma moradora da cidade de Caruaru-PE, chamada Cícera Araci da Silva Morais, 64 anos, entrou em contato com a redação do Portal7Segundos se identificando como tia de João Alves e Maria Quitéria Alves. Através da reportagem, Cícera também conseguiu manter contato com João, sendo reconhecida por ele como irmã de sua mãe, Josefa Alves da Silva (Zefinha), já falecida.

João Alves procura a irmã que não vê há 48 anos. Foto: cortesia

Também através da reportagem publicada pelo Sete Segundos em fevereiro deste ano, uma mulher moradora de Arapiraca também procurou João se identificando como sendo a irmã dele, Maria Quitéria Alves, a Quiterinha, que João tenta reencontrar há quase 50 anos.

Segundo João Alves, após novo contato mantido com a redação do 7Segundos, a suposta irmã dele contou que também nasceu em Quebrangulo, assim como João, e foi separada do irmão ainda criança, sendo criada por uma outra família. João conta que foi criado por uma prima do pai dele. Para acabar com essa expectativa e comprovar se os dois são irmãos ou não, João e a mulher que afirma ser a Quitéria, irmã dele, precisariam fazer um exame de DNA.

“É um sonho fazer esse exame, um desejo a ser realizado, uma alegria imensa”, diz João.

Esperança


Histórias como a de João podem a partir de hoje contar com o apoio de uma parceria firmada entre o Ministério Público Estadual e a Secretaria de Segurança Pública de Alagoas.

Nesta sexta-feira (01), o procurador-geral de Justiça, Márcio Roberto Tenório de Albuquerque, e a promotora de Justiça e coordenadora do Programa de Localização e Identificação de Desaparecidos (PLID), em Alagoas, promotora Marluce Falcão, representando o Ministério Público do Estado de Alagoas (MPAL), assinaram com o secretário de Segurança Pública, coronel Elias Silva, um Termo de Cooperação Técnica que proporcionará maiores condições de ação e trará respostas mais céleres à sociedade alagoana quanto à localização de pessoas desaparecidas.

Segundo levantamentos feito pelo Plid/AL, há no momento, 1546 pessoas desaparecidas em Alagoas. O Programa também registra 312 pessoas encontradas, entre vivas e mortas, e mais 1.231 casos sob investigação. O propósito da parceria é de minimizar o número de pessoas desaparecidas.

O chefe do MP de Alagoas, Márcio Roberto, falou sobre a união de forças em prol de um bem tão necessário e coletivo.

“O momento é de satisfação, avalio como uma grande largada numa corrida pelo acalento a tantas famílias alagoanas. Enquanto gestor do Ministério Público garanto que estaremos sempre à disposição para fortalecer o programa, para contribuir com os demais órgãos e com a sociedade alagoana. Essa parceria é de relevância não para nós, exclusivamente, mas para cada cidadão do nosso estado. Só tenho a agradecer à promotora Marluce pelo magnífico trabalho, à Secretaria de Segurança, em nome do secretário Elias Silva, pelo compromisso assumido e por se dispor a somar conosco”, enfatiza o Procurador.

A promotora Marluce Falcão também acredita que a parceria culminará em grandes resultados.

“Estamos vivenciando um despertar para o fenômeno do desaparecimento em Alagoas. Pessoas certas, nos lugares certos. Certamente teremos um grande avanço na busca de Desaparecidos e finalmente famílias podem obter uma resposta do estado,” declara.

O secretário de Segurança Pública, coronel Elias Silva, reforçou a satisfação demonstrada por todos e, para mostrar conhecimento sobre o processo de buscas, mencionou algumas ações desencadeadas para buscas a desaparecidos.

“A palavra-chave é a integração, não tem como fazermos nada sozinhos, os órgãos precisam estar sintonizados, atuando em sincronia pelo bem toda a população. Com essa parceria, o empenho e competência dos nossos integrantes, refiro-me a todos os órgãos que compõem a segurança pública, não tenham dúvidas, melhoraremos os serviços e amenizaremos o sofrimento das famílias alagoanas”, diz o secretário.

Durante a solenidade, a advogada Amanda Fireman, voluntária do Plid desde o início, apresentação dos números reais do quadro de desaparecimento em Alagoas, contabilizados pelo Sinalid/Plid, e pediu que os órgãos não medissem esforços.

“É preciso que nos juntemos para encontrar uma forma de dinamizar mais os casos. Há famílias que nos procuram todos os dias porque querem saber dos filhos, é necessário termos um parecer. Elas não podem ficar sem respostas, mesmo que, infelizmente, nem sempre estejam vivos, mas é u direito saber onde estão, encontrar, para amenizar a dor”, explicou.