Politicando
Em conversa com Bial, Lira nega ser oposição a Lula e diz que pode disputar o senado em 2026; “Não gero expectativas”
Presidente da Câmara foi o entrevistado do jornalista Pedro Bial em seu programa noturno da Rede Globo
Ao jornalista Pedro Bial, alheio à frieza com que fala (quando fala) aos jornalistas locais, o deputado federal Arthur Lira (PP-AL) explanou sua visão de Brasil e da política nacional. Em rede nacional, mostrou-se o Arthur de dentro e de fora da política.
Na noite desta terça (23), Lira reconheceu erros, elogiou o presidente Lula (ao tempo em que ignorou Bolsonaro), reprovou o clima beligerante da Câmara, lembrou do pai Biu de Lira e despistou quando o assunto foi a eleição de 2026.
Chamado de “antagonista” de Lula por Bial, o deputado precisou fazer a retificação logo no começo da conversa. “Eu só corrigiria o termo ‘antagonista’, não é característica minha ser antagonista de ninguém”, disse.
Mesmo reconhecendo que não utilizou termos corretamente, Lira insinuou que sua divergência com o ministro das relações institucionais de Lula, Alexandre Padilha, segue acesa. “A gente vai tratar isso com muita cautela. Eu não tenho como fazer, palavras ditas estão ditas, eu poderia ter adjetivado melhor ou pior, sou humano. Mas pra mim política tem que ser reta, nada em off, nada por trás, nada de vazamentos”, afirmou.
No único momento em que cita indiretamente o governo Bolsonaro, Lira admite que seu esforço junto a Lula pela PEC da transição foi essencial para que o país não parasse, já que o orçamento deixado pelo ex-presidente não seria suficiente para encerrar o ano.
“Votamos a PEC da transição ainda em 2022 e demos ao presidente a condição de fazer tudo que ele prometeu em palanque. Se nós não tivéssemos feito aquilo, e foi uma decisão muito própria minha, o orçamento tinha acabado em junho”, disse.
Quando questionado sobre o clima beligerante e os constantes desentendimentos entre os parlamentares na câmara, Lira reconheceu que o momento não é dos melhores e refletiu sobre uma lição ensinada pelo pai, ex-deputado e ex-senador Biu de Lira.
“Esses exemplos não são os melhores, e não são só de um lado. Tenho feito um esforço no plenário, para que essas coisas não aconteçam. Não alegra quando a gente vê. Um dos ensinamentos que meu pai me deu: tenha sempre cuidado na câmara, porque é uma casa sem alma. Você pode estar bem hoje, mas não tropece”, em recado que soa como conselho aos colegas.
Segundo ele, a relação com Renan Calheiros, a quem reconhece ser um ‘líder’ no estado, está sendo respondida nos tribunais. “O Calheiros que tem embate comigo. É um político de liderança reconhecida em Alagoas. Na minha posição, não me cabe ficar debatendo nesse nível de provocação. Ocupei uns advogados e a gente tem conversado com umas dezenas de ações. Não vou ficar respondendo. Me deu inclusive muito handicap com o presidente Lula”, disse, alfinetando o senador alagoano.
Com um cenário para 2026 ainda indefinido, Lira ‘escorregou’ quando perguntado se pretende ser senador nas próximas eleições - o que segundo Bial, seria um dos principais motivos de suas contendas com Calheiros, o embate eleitoral daqui a dois anos.
“Nada clarificado ainda, são especulações. Eu sou deputado, estou trabalhando para terminar o ano de 2024. Presidente Lula já puxou algumas vezes essa conversa, e eu disse presidente, vamos terminar 2024, eu não gero expectativa de nada. Se a comida tiver quente, tá boa, se tiver fria, eu me adapto a qualquer temperatura”, finalizou com classe.
Sobre o blog
O objetivo do blog é analisar a conjuntura política na capital e no interior de Alagoas.