Blog do Roberto Ventura

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Uma prática corriqueira

20/03/2025 17h05 - Atualizado em 20/03/2025 19h07
Uma prática corriqueira

Tornou-se comum no mundo político o rompimento entre o prefeito que sai com o prefeito que está assumindo, mesmo que o segundo tenha sido apoiado pelo primeiro.

O prefeito que apoia seu sucessor se acha no direito de indicar os principais cargos existentes na administração. Daí é que começa a discórdia e o rompimento político.

É bem verdade que o prefeito que está assumindo o poder não poderá atender a todos os pedidos daquele que o apoiou, entretanto, terá que ser fiel e cumprir com aquilo que foi a acordado.

Por outro lado, na maioria das vezes, o prefeito eleito não cumpre, sobretudo, com os compromissos assumidos, preestabelecidos e acordados com o grupo político que lhe deu apoio para chegar a vitória.

Existem alguns motivos para que esses desentendimentos sempre ocorram e se tornem uma prática corriqueira na política.

Mas, o principal motivo para essa ruptura é que o prefeito, na maioria das vezes, deseja mandar mais que seu sucessor e quer sempre mais espaço do que realmente merece.

Diante das negativas do titular em atender algumas das exigências do prefeito que saiu, é que começam as desavenças e a quebra da aliança política.

Temos vários exemplos aqui mesmo em Alagoas. Nas cidades de Maragogi e Rio Largo essa prática está explicita, clara, notória.

Em Maragogi, o ex-prefeito Fernando Sérgio Lira rompeu politicamente com seu sucessor, Daniel Vasconcelos Ferreira, o Dani (PP). Dani Vasconcelos teve o apoio de Sergio Lira, entretanto, em pouco mais de trinta dias, veio o desentendimento e, consequentemente, o racha político. 

É grande o clima de insatisfação e revolta por parte do grupo que apoiou a eleição do prefeito Dani. Em seu início mandato, o prefeito sofre um desgaste sem precedentes naquela linda, hospitaleira e aconchegante cidade. Dani atravessa momentos turbulentos em sua administração. Seu maior apoiador e incentivador, o ex-prefeito Fernando Sérgio Lira - o qual deu régua e compasso para que ele obtivesse sucesso em sua eleição -, hoje, Dani e Sérgio Lira já não falam a mesma língua e estão rompidos politicamente. Sérgio Lira não só foi o articulador e um dos mentores principais da candidatura de Dani, como também conseguiu com seu grupo político, derrotar o candidato Marcos Madeira, que tinha o apoio dos Calheiros.

Em Rio Largo, a família Gonçalves não se entende e temos visto quase que todos os dias na mídia falada, escrita e televisada uma disputa familiar sem precedentes naquela cidade. 

O ex-prefeito Gilberto Gonçalves, apoiou para a sua sucessão, Carlos Gonçalves - sobrinho de sua esposa -  com o pensamento de continuar 'dando as cartas' no município, o que até agora não aconteceu e que, provavelmente, não ocorrerá.

Ainda na condição de prefeito, ao apagar das luzes, Gilberto Gonçalves enviou um Projeto de Lei à Câmara Municipal criando a supersecretaria, a qual lhe daria superpoderes sobre todos os demais secretários. Com isso, o ex-prefeito queria implantar uma espécie de sistema parlamentarista de governo, onde ele mesmo seria o ‘primeiro ministro’ e Carlos Gonçalves seria o ‘rei’. Nesse sistema de governo o rei reina, mas não governa.

Um desentendimento entre Gilberto e os vereadores da base aliada, fez com que o supersecretário demitisse vários funcionários que foram indicados por esses mesmos vereadores, fato esse que não agradou ao prefeito.

Os vereadores atingidos foram reclamar ao prefeito e, o mesmo, não teve outra alternativa senão revogar a decisão de Gilberto Gonçalves. A partir desse momento, criou-se um clima tenso e desentendimentos entre a criatura – Carlos Gonçalves – e seu criador – Gilberto Gonçalves.

Em Rio Largo, o clima é bastante tenso na administração de Carlos Gonçalves. Carlos e Gilberto não se entendem e eles - criatura e criador - estão cada vez mais próximos de um o rompimento político.

Essa aproximação do prefeito Carlos Gonçalves com os Calheiros tem um significado todo especial: afastar qualquer tentativa de boicote ou intimidação à sua administração.

Assim sendo, o prefeito riolarguense, se aproxima dos Renans na tentativa de neutralizar qualquer tentativa de perseguição por parte de Gilberto Gonçalves. Essa é a mais uma prova de que as coisas não estão saindo conforme foram planejadas pelo ex-prefeito de Rio Largo.

Portanto, o prefeito que sai quer ditar normas e regras para o candidato que ele apoiou, e o prefeito que entra - que foi apoiado pelo antecessor -, não atende na maioria das vezes aos interesses e desejos de seu apoiador e, com isso, gera-se desentendimento e, consequentemente, rompimento político. Isso na maioria das vezes ocorre porque o prefeito que sai acha que ainda é o prefeito e quer admitir, demitir, contratar, ou seja, fazer e desfazer na nova administração e, evidentemente o que entra, não permite que isso aconteça, até porque esse não poderá jamais atender a todos os pedidos e desejos de seu apoiador. É dessa forma que nasce os desentendimentos e o racha em um grupo político.

Sobre o blog

Roberto Ventura: Bel. em   Ciências Sociais ( Cientista Político),   Jornalista, Radialista, Pós-graduado em Assessoria de Comunicação e Marketing, cursou Marketing Político, Ex-Arbitro de Futebol Profissional

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