Irmãos argentinos ganham R$ 155 mil após serem humilhados vendendo empanada
Jovens que ajudaram rapaz publicaram a história nas redes sociais
A história de dois irmãos argentinos que andam quilômetros para vender doces e empanadas feitas pelos pais para ajudar nas contas de casa viralizou nas redes sociais, após um dos adolescentes passar por um episódio de humilhação enquanto realizava as vendas em Santos, no litoral de São Paulo. Depois de uma publicação nas redes sociais, a história repercutiu, e uma campanha online arrecadou mais de R$ 155 mil para ajudar a família a abrir o próprio negócio.
O pai dos meninos, Edgar Homero, relatou ao g1 que a família mora no Brasil há 12 anos. Eles tinham um restaurante na capital paulista, mas, devido a problemas causados pela pandemia, precisaram fechar as portas e se mudar para Praia Grande, também no litoral paulista. Desde então, a família faz empanadas, uma receita tradicional argentina, e doces para serem vendidos na região.
Segundo Homero, os meninos chegam a percorrer 30 km em alguns dias para conseguir vender os produtos. O episódio de humilhação aconteceu no dia 24 de setembro, quando os dois jovens vendiam os doces e empanadas na Rua Tolentino Filgueiras, no bairro Gonzaga, em Santos. Neste dia, eles estavam separados, mas passaram pela mesma rua, que é bastante movimentada.
"Eu tinha passado antes vendendo muffings, e vendi para esse grupo de jovens e meninos que estavam próximos a um bar. Depois, passou meu irmão vendendo. Eles o confundiram comigo, porque somos parecidos, e jogaram o muffing dele no chão, dizendo que estava muito ruim. Ainda falaram que queriam comprar empanadas, tiraram da caixa e derrubaram a caixa sem querer", relata o irmão mais velho, Alexandro Homero Ciancaglini Ullua, de 15 anos.
Ele conta que, depois disso, os jovens começaram a falar que pagariam apenas metade pelo que caiu. O irmão mais novo, de 14 anos, Leandro Micael Ullua, tentou argumentar com eles. Na sequência, os jovens passaram a dizer que a receita era ruim, e que não pagariam, segundo relata Alexandro. Nervoso, Leandro começou a chorar. Duas jovens se aproximaram e passaram a ajudá-lo.
"Foram duas meninas muito bondosas que pagaram as empanadas e tentaram ajudar ele, que chorou de nervoso. Meu irmão nunca tinha passado por algo assim", descreveu o adolescente.
Além de pagar pelas empanadas e ajudar Leandro, uma delas decidiu compartilhar o que aconteceu em um relato nas redes sociais. "Presenciei uma das piores cenas que já vi na minha vida, daquelas que pensamos que só existem em filme. Esse menino estava vendendo na Rua Tolentino Filgueiras, de madrugada, como ele e o irmão fazem quase todas as noites para ajudar sua família. Um grupo de meninos o humilhou, falaram que ele incomodava, pois 'aparecia todos os dias lá'. Foi muito triste", diz um trecho do texto postado pela jovem, que fez com que o caso tivesse repercussão.
Relato viralizou
O relato da jovem sobre o que ocorreu viralizou nas redes sociais. Rapidamente, a história dos irmãos Leandro e Alexandro chegou a diversos lugares do país, em postagens que alcançaram milhares de pessoas. A repercussão foi tanta que, para ajudar, foi criada uma vaquinha online para arrecadar dinheiro que pudesse ajudar a família.
O pai dos meninos explica que se surpreendeu e ficou feliz com a bondade das duas jovens. Ele conta que, devido à pandemia, a família precisou mudar toda a vida, e os dois filhos ajudavam com as vendas. Homero, entretanto, não imaginava que o menino pudesse ser humilhado.
"Jogaram a mercadoria no chão, nossas empanadas. As duas jovens ajudaram ele, foram muito solidárias", descreve Homero. Ele conta que, depois da publicação, as coisas começaram a mudar. As pessoas passaram a ligar encomendando produtos para ajudar a família, e também entraram em contato para fazer a vaquinha online.
A iniciativa fez com que fossem arrecadados mais de R$ 155 mil. O objetivo é auxiliar a família a abrir uma loja e comprar equipamentos para a produção dos alimentos. "Depois de tudo isso que aconteceu, não param de chamar no telefone pedindo empanadas, mas ainda não temos estrutura para fazer muitas. O dinheiro vai ser usado para fazermos as empanadas, uma receita de família", relatou.
O pai, por fim, conta que ficou agradecido com o carinho destinado aos filhos. "O mau que aconteceu acabou sendo bom, graças a essas pessoas", concluiu.