Já tem um tempo que as redes sociais se tornaram plataformas poderosas para o humor, mas quanto mais conteúdo do gênero aparece no feed, mais difícil é se destacar. A capixada Lara Santana, de 23 anos, conseguiu fazer o algorítimo trabalhar ao seu favor retratando situações cotidianas com muita originalidade e uma dose de ironia. Seu personagem mais famoso, Cadu, viciado em falar “vapo” a cada duas frases, por exemplo, viralizou ao chamar atenção para comportamentos tóxicos e comuns de homens heterossexuais.

A primeira inspiração, ela diz, veio do Big Brother Brasil. “Eu criei esse personagem na época do BBB. Acho que em todo reality tem aqueles esteriótipos que sempre entram, né? E aí eu fui fazer um vídeo sobre e o pessoal gostou muito. Hoje, eu nem sei quantos vídeos já fiz com esse personagem”, brinca Lara.

Cereja do bolo de Cadu, o bordão “vapo” também foi inspirado em um perfil de reality show. “Então já ouvi algumas pessoas falando isso, né? Só que isso eu tirei de verdade de um reality, que não foi no BBB. Quando eu assisti e vi o cara falando isso eu pensei: gente, é tão horrível que eu preciso usar. E aí eu coloquei no vídeo e os comentários eram só esse: vapo, vapo, vapo. O pessoal amou”.

Apesar de se tratar de humor, o personagem de barba pintada com canetinha também é uma resposta a movimentos como o Red Pill, que incentivam o machismo. “Eu acho que através do humor a gente consegue tocar em mufitos assuntos que são polêmicos, que a gente precisa tocar, só que de uma forma divertida”, destaca.

Lara diz que o personagem costuma incomodar os homens. “Todo vídeo do Cadu tem comentário de homem falando ‘nossa, mulher e humor: mais um dia sem rir”. Os caras odeiam mulher fazendo humor, sabe? Então, eu já critiquei isso em um vídeo, já critiquei homens que não respeitam o futebol feminino… Então são vários pontos assim que a gente toca através do humor, mas que acabam fazendo uma diferença em quem assiste”.

Portas abertas

A primeira vez que Lara se sentiu bem nos palcos foi aos 10 anos de idade, quando encenava uma peça na escola de teatro de sua família e arrancou risadas da plateia. Na época, ela mal podia imaginar que anos depois faria o mesmo com os fundadores do Porta dos Fundos, Antonio Tabet, Fábio Porchat, Gregorio Duvivier e outros.

Em 2022, Lara foi chamada para uma entrevista com o coletivo de humor e, depois, recebeu convites para colaborar em esquetes. “Só de eu ter sido chamada para fazer o teste, eu já fiquei super feliz. Porque eu acho que todo mundo que trabalha, que nasceu nessa era digital conhece o Porta dos Fundos. Já viu alguma esquete e admira de certa forma o trabalho deles”, destaca.

Com tantas portas abertas, Larissa sonha em consolidar sua carreira de humorista. “Tenho muita vontade de montar a minha peça, montar algum trabalho para o palco e conseguir viajar com ela para alguns lugares do Brasil”.