Alagoas

'Abandono de ossadas': direção do IML de Maceió diz que está catalogando e identificando ossos

Por 7 Segundos com Com informações - Folha e Ascom Perícia Oficial 05/07/2016 14h02
'Abandono de ossadas': direção do IML de Maceió diz que está catalogando e identificando ossos
- Foto: Folha de São Paulo

Uma reportagem do Jornal Folha de São Paulo publicada nesta terça-feira (05) denunciou o abandono de ossadas humanas no antigo prédio do Instituto Médico Legal (IML) de Maceió. Procurado pelo veículo, o médico legista Fernando Marcelo, diretor do IML desde o ano passado, afirmou que o Estado não pode retirar as ossadas sem antes fotografá-las e classificá-las e que para realizar esse processo precisaria pagar hora extra aos legistas, mas não haveria recursos para o serviço. Após a repercussão, o diretor concedeu uma coletiva de imprensa onde afirmou que as ossadas estavam passando por um trabalho de antropologia. Serviço que estaria sendo realizado pelos técnicos forenses do órgão com o objetivo de catalogar os ossos, e identificá-los por meio de numeração de controle de entrada no IML.

“Úmeros (ossos superiores dos braços), fêmures (os das coxas), pedaços de costelas e ao menos dois crânios estão espalhados pelo local, desativado há cerca de três anos. Há material humano sobre os balcões do espaço que, embora coberto, tem as paredes vazadas, pois era usado para a análise de corpos putrefatos, que exalavam forte odor. Parte das ossadas ainda está dentro de sacos feitos para transportar cadáveres. Um dos ossos traz uma etiqueta vermelha numerada, do Neac (Núcleo de Estatística e Análise Criminal), da Secretaria de Defesa Social de Alagoas”, relatava a matéria sobre a situação encontrada no antigo Instituto Médico Legal da capital alagoana há duas semanas.

Segundo Fernando Marcelo, o trabalho de antropologia começou a ser feito há um mês, quando foi comunicado oficialmente pela Universidade Federal de Alagoas (Ufal) sobre a necessidade da devolução do prédio da Faculdade de Medicina, onde o IML funcionou por mais de 70 anos de forma provisória. Ele destacou que o prédio onde as ossadas estavam guardadas foi interditado em 2013 após movimento paredista dos funcionários do IML.

“Na época, o espaço não apresentava as mínimas condições de funcionamento, e fomos obrigados a fazer uma mudança às pressas para um prédio anexo o qual não possuía ossuário e, portanto não comportava as ossadas humanas não identificadas. Agora com a solicitação da Ufal para devolução do prédio estamos realizando esse trabalho de antropologia para transferir os ossos para a atual sede do IML”, disse o médico-legista.

A direção do IML de Maceió ainda apresenta outros problemas que teriam prejudicado o armazenamento das ossadas, como à falta de vagas em cemitérios da Capital que se encontram superlotados. 

Sobre prazos, Fernando Marcelo, explicou que o trabalho de catalogação das ossadas realizado pelos técnicos forenses deverá ser concluído em vinte dias. Paralelamente outra equipe de servidores do IML estaria realizando a limpeza e a recuperação do antigo IML para ser devolvido a Ufal.

Novo IML

O perito-geral do Estado de Alagoas Manoel Melo, destacou que essa falta de estrutura é antiga e só será resolvida com a conclusão da obra do novo IML que está sendo construído na parte alta da capital. A obra estava paralisada por problemas que teriam se apresentado na gestão passada, mas já foi retomada. 

“Após receber um relatório nosso sobre a paralização da obra, o governador Renan Filho ficou sensibilizado e com essa sua visão de construir uma nova Alagoas, ele determinou imediatamente o retorno das obras. Hoje, mais de 50% da construção está concluída, e em breve o estado finalmente terá um prédio próprio para o funcionamento do IML da Capital”, afirmou o perito-geral.