Além de ser o esporte mais popular do País, o futebol representa, para muitas crianças e jovens brasileiros, um passaporte para a mudança de vida. No entanto, até a fama nos gramados passar de sonho à realidade, garotos e garotas em todo Brasil lapidam seus talentos em escolinhas de futebol almejando uma oportunidade para atuar como profissionais. Aos 16 anos, Alexandre Gonçalves está entre os que acreditam que vão conquistar um lugar no panteão futebolístico, treinando arduamente como zagueiro no núcleo maceioense da Escolinha do Vitória Futebol Clube, da Bahia.

Nascido no bairro da Chã da Jaqueira, Alexandre começou a jogar aos nove anos de idade com as outras crianças do bairro. Desde então, não parou mais, tendo inclusive já atuado em equipes fora de Alagoas, a exemplo do Sport Agrimaq, de Sergipe, onde conquistou um vice-campeonato da categoria sub 15. Em Alagoas, foi campeão da Copa Brasileirinho, disputada no Campo do Corinthians Alagoano.

“Quero muito ser jogador profissional e poder ajudar minha família”, conta Alexandre, que mora com mais cinco familiares, dentre os quais a mãe e a avó. “Meu exemplo é o Pepe, que além de ser um excelente zagueiro, é de Alagoas e conseguiu vencer”, diz Alexandre, referindo-se ao luso-alagoano que defende o Real Madri e recentemente foi campeão da Eurocopa com a seleção portuguesa.

O treinador de Alexandre,​ José Januário Pin​to Filho, mais conhecido como Del, não poupa elogios ao garoto. “Ele evoluiu muito desde que chegou aqui. Tem uma excelente visão de jogo, sabe como se posicionar e fazer cobertura dos laterais”, avalia Del, ele mesmo fruto das categorias de base do CSA, de onde saiu para jogar na equipe do Bangu, no Rio de Janeiro.

Treino e estudo – Alexandre concilia seu sonho no futebol com os estudos e, todas as noites, segue para a Escola Estadual João Paulo II, na Chã da Jaqueira, onde cursa a Educação de Jovens e Adultos (EJA). “Onde eu estiver, não vou deixar de estudar”, garante o jovem.

Seu amigo e companheiro de escola, Nycollas Marcos, também joga como zagueiro. Dividindo o seu tempo entre o trabalho de dia e os estudos à noite, o garoto fez teste no Coruripe, onde chegou a ficar três meses. Ele diz que vai lutar pelo seu sonho futebolístico. “Sou obstinado e não desisto daquilo que eu quero”, garante o estudante.

Evângela Machado, diretora-geral da Escola João Paulo II, apoia o sonho de Alexandre e Nycollas, mas orienta os meninos a não descuidarem dos estudos. “Os jovens que desejam uma carreira no esporte devem buscar o seu sonho, mas sem desistir da escola, pois é na escola que ele terá o aprendizado, o conhecimento”, frisou a educadora.

Desafios – No próximo dia 20, Alexandre e seus colegas da Escolinha do Vitória viajam para São Miguel dos Milagres, onde haverá a disputa da Copa Nordeste de Base sub 15 e sub 17. Lá, estarão ainda as equipes de categoria de base do Sport (PE), América (RN) e Náutico (PE), além de observadores do Fluminense, Internacional, Vitória e Bahia em busca de jovens talentos.

Os coordenadores das categorias de base do Vitória retornam a Maceió nos dias 27 e 28 de agosto, onde avaliarão os jogadores da escolinha do núcleo alagoano. Atualmente, a equipe baiana é a terceira maior formadora de categorias de base do Brasil, ficando atrás apenas do Grêmio e do Santos. ​