Na última quinta-feira (06), professores do Instituto Federal de Alagoas (Ifal) iniciaram a entrega de máscaras face shield a trabalhadores de mercados e cemitérios públicos de Maceió. Na ocasião, 436 trabalhadores, entre coveiros e permissionários dos mercados públicos do Jacintinho, do Benedito Bentes e do Tabuleiro, receberam os primeiros dos oito mil equipamentos de proteção individual a serem doados pela instituição, nos próximos meses.

A entrega das máscaras é resultado da atuação de pesquisadores e servidores de diferentes unidades do Ifal, que se uniram há cerca de um ano para atuar de forma conjunta na prevenção e combate à Covid-19.

Os primeiros EPIs foram produzidos por meio de uma impressora 3D, a partir da iniciativa de dois professores, Davi Carnaúba, do Campus Satuba, e Luís Gomes, de Maceió. Eles foram pensados para serem distribuídos entre algumas categorias profissionais que não puderam parar suas atividades durante a pandemia e por isso correm alto risco de contaminação, em seu dia a dia, como é o caso coveiros e feirantes.Após coordenar projeto de extensão juntos aos trabalhadores de cemitérios no estado, Wilma Paixão intermediou o contato com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) para doação dos EPIs

Como a professora Wilma Paixão, do Campus Maceió, vem desenvolvendo uma atividade de extensão na área de Segurança do Trabalho, voltada aos riscos ergonômicos dos coveiros dos cemitérios dos municípios alagoanos de São Miguel dos Campos, Boca da Mata, Anadia e Marechal Deodoro, a docente aproveitou os contatos realizados em suas capacitações para que os trabalhadores que haviam sido público de seu projeto pudessem ser beneficiados com a entrega das máscaras face shield.

De acordo com o diretor de Extensão, Pesquisa, Pós-graduação e Inovação do Campus Maceió, Fábio José dos Santos, foi ao identificar o alto risco de contaminação na atuação profissional daqueles trabalhadores, que o Ifal fez a interlocução com os responsáveis pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável (Sudes) e a Secretaria Municipal do Trabalho, Abastecimento e Economia Solidária (Semtabes) para a doação dos equipamentos de proteção individual na capital alagoana.

“As máscaras face shields são utilizadas normalmente por profissionais da saúde, para poder garantir que gotículas de saliva não entrem em contato com a boca, o nariz ou os olhos do usuário e de seus interlocutores, no entanto, apesar da necessidade, em plena segunda onda da Covid-19, no país, diversos profissionais que trabalham em contexto de produção e que não são contemplados pelo isolamento social, não tem acesso a elas”, comentou Fábio.Professor Fábio José do Santos orienta que o uso das máscaras é complementar aos outros cuidados de proteção individual contra a Covid-19.

O docente reforça que profissionais continuam trabalhando para se manterem, no entanto, alguns estão ainda mais expostos, como é o caso dos coveiros, dado a agenda de trabalho muito forte, relativo aos enterros de Covid.

“Assim como os profissionais de mercado, que também são pessoas que atuam atendendo o público e que estão lidando geralmente com alimentos não embalados. O uso da máscara é uma forma de se protegerem, mas também aos outros. Estes equipamentos não substituem as máscaras de tecido, ou TNT, mas tratam-se de uma proteção a mais para estes profissionais que estão expostos a um risco maior”, acrescentou Fábio.

Na recepção do primeiro lote das máscaras, o coordenador geral de Gestão de Serviços Funerários de Maceió, Chrystiano Lyra, comentou que ações como estas reforçam não só a segurança dos funcionários no ambiente de trabalho, mas promovem a qualidade de vida dos mesmos.

“A gestão funerária, nossos sepultadores, nossos trabalhadores do administrativo não exercem atividades fáceis. Talvez, por muitos anos eles ficaram abandonados. Mas eles precisam ser melhor cuidados e ter condições de trabalho. A gente tem cobrado a eles uma excelência no atendimento mais humanizado, mas para isso a gente precisa lutar para oferecer boas condições de trabalho. Esses equipamentos de proteção facial chegam para ajudar no dia a dia desses heróis invisíveis, porque as famílias que estão em luto sabem da importância do trabalho deles, apesar da sociedade muitas vezes não valorizá-los”, pontuou o gestor.

Novas tecnologias produzidas pelo Ifal

Se as primeiras máscaras foram produzidas por meio da impressora 3D, cerca de outras 7500 serão elaboradas a partir de máquinas de corte a lazer. Eles são alguns dos equipamentos do Laboratório Compartilhado de Pesquisa e Inovação (Colab), no Campus Maceió, financiados por meio de edital da Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec), que selecionou o plano de trabalho elaborado pela Pró-reitoria de Pesquisa, Pós-graduação e Inovação (PRPPI), para o desenvolvimento de ações e projetos para auxílio no combate a pandemia da Covid-19, com um aporte de R$ 310 mil.Comerciantes do do Jacintinho foram os primeiros dos trabalhadores de mercados públicos a receberem o material.

Desde março passado, foram desenvolvidas iniciativas no Ifal como o Projeto Robô Lampião, que usa radiação ultravioleta para a desinfecção de ambientes hospitalares; a pulseira inteligente de baixo custo para prevenção à Covid-19, que alerta ao usuário para a possibilidade do contato das mãos contaminadas com o nariz, olhos e boca; além da produção e distribuição de álcool 70% em hospitais e comunidades carentes.

"De fato, isso mostra que além de buscar formar profissionais, ofertando um ensino de qualidade e desenvolvimento de pesquisa de ponta, também chegamos à comunidade por meio da extensão, que culmina com ações como estas", pontua Fábio.