Submarino destruído tinha casco mais fino do que o recomendado, diz ex-funcionário da OceanGate
Embarcação teve seus destroços encontrados nesta quinta-feira (22); Guarda Costeira dos Estados Unidos confirmou a morte de todos os ocupantes
Dois ex-funcionários da OceanGate Expeditions levantaram preocupações de segurança semelhantes sobre a espessura do casco do submersível Titan, que teria sido construído com espessura mais fina que o recomendado. A embarcação teve seus destroços encontrados nesta quinta-feira (22), sendo confirmada a morte de todos os passageiros.
Conforme a Guarda Costeira dos Estados Unidos, os destroços indicam que houve uma perda catastrófica da pressão da cabine do submersível. Segundo um laboratório de pesquisa, existem informações conflitantes sobre a engenharia e os testes que foram usados no desenvolvimento da embarcação.
David Lochridge trabalhou como contratado independente para a OceanGate em 2015, depois como funcionário entre 2016 e 2018, de acordo com documentos judiciais. Sua atuação na companhia foi como diretor de operações marítimas.
A empresa rescindiu seu contrato de trabalho e o processou, com sua esposa em 2018, alegando que ele compartilhou informações confidenciais, se apropriou indevidamente de segredos comerciais e usou a empresa para assistência imigratória e, em seguida, inventou um motivo para ser demitido.
Conforme descrito na ação feita pelo ex-funcionário, ao ser encarregado pelo CEO OceanGate, Stockton Rush, para realizar uma inspeção do submersível, Lochridge levantou preocupações de que nenhum teste não destrutivo foi realizado no casco do Titan para verificar “delaminações, porosidade e vazios de adesão suficiente da cola usada devido à espessura do casco”.
Quando Lochridge levantou a questão, ele foi informado de que não existia nenhum equipamento para realizar tal teste. A ação foi encerrada em novembro de 2018. Os termos do acordo não foram divulgados e Lochridge não foi encontrado para comentar.
O processo observou que Lochridge não é engenheiro, classificando o ex-funcionário como piloto de submersível e mergulhador.
Em outro documento, Lochridge alegou que foi demitido injustamente por levantar preocupações sobre a segurança e os testes do Titan.
Arquivos judiciais da empresa indicam que houve muitos testes adicionais após o tempo de Lochridge na OceanGate, e não está claro se alguma de suas preocupações foi abordada quando o navio foi desenvolvido.
Outro ex-funcionário da OceanGate, que trabalhou brevemente para a empresa durante o mesmo período em que Lochridge, falou à CNN sob condição de anonimato porque não está autorizado a falar publicamente.
Ele disse que ficou preocupado quando o casco de fibra de carbono do Titan chegou, ecoando as preocupações de Lochridge sobre sua espessura e adesão em sua conversa com a CNN.
O ex-funcionário afirmou que o casco foi construído com apenas pouco mais de 12 centímetros de espessura, enquanto ele disse que os engenheiros da empresa recomendaram cerca de 17 centímetros de espessura.
Ele trabalhou na empresa de submersíveis por dois meses e meio em 2017 e era um técnico de operações que ajudava a rebocar submersíveis para o oceano, para prepará-los para a operação de mergulho.
Ele disse que mais preocupações foram levantadas por contratados e funcionários durante seu tempo na OceanGate e Rush ficou na defensiva e evitou responder a perguntas durante as reuniões com todos os funcionários.
Quando o ex-funcionário levantou preocupações de que a OceanGate poderia estar violando uma lei dos EUA relacionada às inspeções da Guarda Costeira diretamente para Rush, o CEO os dispensou imediatamente, disse o ex-funcionário.
A CNN entrou em contato com a OceanGate para comentar.
*Publicado por Douglas Porto com informações de Celina Tebor