Em um mundo onde o ritmo acelerado muitas vezes sobrecarrega corpo e mente, uma tendência emergente vem conquistando o "coração" de viajantes em busca de uma pausa merecida: o turismo do sono.

Esse conceito não se trata apenas de uma simples viagem, mas de uma experiência dedicada ao relaxamento e à qualidade do sono, proporcionando aos hóspedes uma oportunidade única de desconexão e revitalização.

Segundo um estudo publicado pela consultoria HTF Market Intelligence, essa nova tendência tem tido um cenário positivo, em termos de aumento de clientes e faturamento. A importância de ter momentos de autocuidado e descanso, está levando pessoas a procurarem por esse tipo de serviço.

No Brasil, a procura também aumentou, e conforme um levantamento feito pela plataforma Booking, 58% dos turistas afirmaram que desejam viajar para dormirem melhor, enquanto 54% querem viajar sozinhos.

Alan Guizi, professor de Turismo, e Carla Vieira Lopes, coordenadora do Programa Senac Turismo do Senac SC, compartilham dicas valiosas sobre esse comportamento crescente e suas implicações no setor turístico.

O que é o turismo do sono?

Inicialmente, é preciso esclarecer que o turismo do sono é definido como uma viagem planejada para que o usuário fique isolado da rotina atribulada. Vale destacar que é um nicho de mercado ligado ao turismo de bem-estar, com motivações que vão do exercício da saúde mental até o simples desejo de sair da rotina familiar.

Alan ressalta que esse tipo de viagem é impulsionado pela necessidade cada vez mais premente de escapar das demandas do dia a dia e buscar momentos de tranquilidade. "Sabemos o quanto muitas pessoas estão sobrecarregadas, seja por trabalho, seja por questões pessoais, e, muitas vezes, não conseguem dormir direito. O turismo do sono surge como uma resposta a essa busca por um sono mais tranquilo e uma qualidade de vida melhor", afirma ele.

O ambiente e as experiências

Uma das características distintivas do turismo do sono é o ambiente cuidadosamente projetado para promover o relaxamento. Carla destaca que os hotéis estão investindo em recursos como aromaterapia, iluminação adequada e amenidades que ajudam os hóspedes a relaxar.

O perfil dos viajantes

Um dos aspectos do turismo do sono é sua universalidade. Alan observa que não há um perfil específico de viajante para esse tipo de experiência. "Desde jovens até o público de terceira idade, todos podem se beneficiar do turismo do sono", destaca.

No entanto, Carla reforça que hóspedes nesse segmento são mais exigentes do que os convencionais. "Os viajantes buscam qualidade de cômodo, cama, colchão, travesseiro, demais itens do enxoval, janelas antirruídos e até iluminação", explica ela.

Em relação aos aparelhos eletrônicos, a televisão e demais itens que possam ter ruídos sonoros não fazem parte do mobiliário, de modo que o turista mantenha o foco no sono de qualidade. Por outro lado, a procura por hospedagens foca em quartos com banheiras, jacuzzis, ofurôs e serviços de spa com sauna e massagem.

A preparação do setor

Diante da crescente demanda pelo turismo do sono, o setor de hospitalidade está se adaptando para atender às necessidades dos viajantes em busca de bem-estar.

Carla destaca que os hotéis estão investindo em recursos para proporcionar uma experiência de sono de alta qualidade. "Os meios de hospedagem estão implementando medidas a fim de garantir que os hóspedes tenham uma noite de sono tranquila e revigorante", afirma ela.

Quais os destinos e as acomodações procuradas pelos hóspedes?

Conforme Carla, os destinos variam conforme a região onde os turistas visitam. Normalmente, o público se desloca dos grandes centros para locais mais tranquilos, como pousadas rurais, hotéis boutique, resorts, entre outros.

“Os hotéis localizados na área urbana também estão encontrando soluções para atender os usuários, e, para isso, apresentam o diferencial da sofisticação dos quartos. Lembrando que o objetivo desse conceito de turismo é proporcionar a higiene do sono em um ambiente tranquilo e sem ruídos. Além disso, a empresa de hospedagem deve ter uma atenção especial com a temperatura e luminosidade do local”, ressalta.

A especialista acrescenta que (avaliando a perspectiva psicológica do negócio): “as pessoas passaram a se preocupar mais com a saúde mental no pós-pandemia. De fato, é incontestável a importância e os benefícios para corpo e mente de uma noite bem dormida. Há todo um estudo da medicina do sono para colaborar com esta tendência do turismo”.

Programando um turismo do sono

Carla Lopes compartilhou algumas dicas para os interessados em programar uma hospedagem com objetivo no turismo do sono:

Procurar uma hospedagem que já tenha sido avaliada por este segmento de mercado para não ter surpresas desagradáveis, isto é, tenha uma boa reputação;
Garantir que, além de estrutura, a hospedagem oferte serviços específicos para a sua tranquilidade, privacidade e comodidade;
Aprender sobre a higiene do sono nestas oportunidades para a experiência se conservar por mais tempo no seu retorno para casa.

O setor nacional está preparado para o turismo do sono?

Ainda que o segmento de turismo do sono seja novidade para muitas pessoas, o setor de hotelaria está aperfeiçoando os serviços, a fim de conquistar mais clientes. Na plataforma Booking, por exemplo, é possível encontrar hospedagens especializadas em vários estados, por exemplo: Amazonas, Bahia, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo.

Atualmente, o valor cobrado pelas empresas ainda é considerado alto, porém, uma pesquisa divulgada pelo Sebrae, revela que o serviço de hospedagem não precisa ser 100% especializado para receber esse público. Desse modo, os pequenos e médios negócios podem desenvolver um plano de negócios e investir aos poucos.

Perspectivas futuras

À medida que o turismo do sono continua a ganhar popularidade, espera-se que mais destinos e estabelecimentos de hospedagem adotem essa abordagem centrada no bem-estar.

Alan e Carla concordam que essa tendência reflete em uma mudança mais ampla na forma como as pessoas encaram as viagens. "O turismo do sono não se trata apenas de conhecer novos lugares, mas de cuidar de si e aproveitar ao máximo a experiência de viagem", conclui Guizi.