Política

Indicados por Bolsonaro ao STF devem ficar fora de eventual julgamento sobre plano de golpe

Moraes pretende levar provável denúncia da PGR à Primeira Turma, da qual Marques e Mendonça não fazem parte

Por CNN 24/11/2024 09h09
Indicados por Bolsonaro ao STF devem ficar fora de eventual julgamento sobre plano de golpe
Indicados por Bolsonaro ao STF devem ficar fora de eventual julgamento sobre plano de golpe - Foto: Reprodução/Internet

Os ministros indicados ao Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Nunes Marques e André Mendonça, devem ficar de fora dos eventuais julgamentos colegiados sobre a tentativa de golpe relatada pela Polícia Federal (PF).

Isso porque o ministro Alexandre de Moraes, relator das investigações, pretende submeter a eventual denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) à análise da Primeira Turma, da qual ele faz parte. Marques e Mendonça integram a Segunda Turma.

Nos últimos quatro anos, a competência para processos penais vinha sendo do plenário, em que o quórum é completo (11 ministros), mas a regra mudou em dezembro de 2023, devolvendo às turmas essa atribuição.

Fontes da Corte afirmam que, apesar disso, o relator de um inquérito mantém a opção de levá-lo a plenário – esse seria o único cenário em que Marques e Mendonça participariam da sessão.

Moraes, porém, não deve fazer isso. A avaliação de pessoas próximas ao ministro é de que, além de o regimento interno apontar a competência da Turma, no colegiado menor há mais garantia de uma decisão unânime.

Além do próprio Moraes, formam a Primeira Turma os ministros: Cristiano Zanin, Flávio Dino, Cármen Lúcia e Luiz Fux. Os três primeiros foram indicados pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O último, pela ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Interlocutores do procurador-geral, Paulo Gonet, dão como certo que Bolsonaro será formalmente acusado dos crimes relacionados à trama golpista. A denúncia, entretanto, deve ser apresentada apenas em 2025.

Gonet ainda aguarda que Moraes encaminhe à PGR o relatório de mais de 880 páginas em que a Polícia Federal (PF) indicia o ex-presidente e outras 36 pessoas — a maior parte militares — pela organização de um golpe de Estado em 2022.

De acordo com a PF, Bolsonaro, depois de ser derrotado por Lula nas eleições daquele ano, passou a liderar uma organização criminosa que buscava impedir a posse do petista e de seu vice, Geraldo Alckmin (PSB), em 2023.

Operação deflagrada pela PF na semana passada apontou que a trama envolvia o assassinato de Lula, Alckmin e Moraes, mediante o uso de artefatos explosivos e até de envenenamento.