Uma matéria publicada no dia 5 de dezembro no portal Agência Brasil reacendeu uma discussão entre especialistas e a sociedade sobre o câncer de pele, tendo em vista as altas temperatuas e o início do verão, a estação mais quente do ano. Segundo a reportagem, entre janeiro de 2023 e outubro deste ano, os custos das internações no Brasil por melanoma, considerado o tipo de câncer de pele mais agressivo, chegou a R$4,6 milhões.

O levantamento, feito pela Planisa em parceria com o DRG Brasil e utilizado para embasar a matéria, também revela que a faixa etária predominante, nesses casos, foi de pacientes com idade entre 60 e 69 anos (26,30%), seguida pelo grupo de 70 e 79 anos (25,14%).

Em Alagoas, de acordo com a dermatologista da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), Cleide Vieira, a incidência de câncer de pele atualmente é em jovens de 30 anos que trabalham muito sob o sol.

"Antigamente só se via em pessoas de acima de 50 anos, 60, porque o cassinoma base celular tem relação com a exposição solar. Então as pessoas que trabalharam muito tempo, no sol, mas hoje em dia a gente já ver jovens com 30 anos e com câncer de pele. Essa relação tem mudado muito, porque depende da pré-disposição da pessoa e da quantidade de sol a qual aquela pessoa foi exposta", explicou a especialista.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer, que disponibilizou dados ao 7Segundos, no Brasil são estimados 220.490 novos casos de câncer de pele não melanoma em cada ano do triênio 2023-2025. E 8.980 casos de câncer melanoma são estimados no país.

São estimados 1.750 novos casos de câncer de pele não melanoma em Alagoas, 60 casos de melanoma. A taxa bruta de incidência de melanoma é de 1,56 para homens e 1,71 para mulheres (valores por 100 mil habitantes). Isso quer dizer que a probabilidade do diagnóstico da doença em mulheres é maior, devido à sensibilidade da pele e maior tempo de exposição ao sol durante trabalhos externos.

Tipos de câncer e a cura

Ainda segundo a dermatologista, existem três tipos de câncer de pele mais frequente. O primeiro é o carcinoma basocelular, o segundo é o carcinoma epinocelular e o melanoma, do mais simples ao mais complexo. Porém, quanto mais precoce o diagnóstico, mais eficiente será o tratamento e, posteriomente, a cura do paciente.

"O carcinoma basocelular é a nossa rotina diária, é difícil um dia, num consultório, num serviço público, a gente não encontrar um carcinoma basocelular na pele de alguém, que venha por aquele motivo ou que a gente ache num simples exame clínico. Ele é muito simples, a resolutividade também é bastante simples, cirúrgico, retirou a lesão, bem retirada, a cirurgia bem realizada, a cura é 100%", disse a dra. Cleide.

Após o diagnóstico, o médico encaminha ao hospital para fazer uma biópsia cisional e demais exames confirmatórios. Em casos mais graves, como o de pessoas diagnosticadas com melanoma, o paciente é levado para o oncologista, médico especializado em tratamento de câncer.

Cleide contou que os casos mais frequentes atualmente são registrados tanto em homens quanto em mulheres. "É uma realidade que a gente está mudando. Não vejo muita diferença não. Não existe essa incidência de sexos."

Pessoas com melanoma tem relação com a pré-disposição na família e a exposição ao sol. "Tem paciente que precisa fazer quimioterapia, tem paciente que precisa fazer imunoterapia, que é um tratamento muito utilizado hoje em dia e com bastante sucesso, mas é o tipo mais grave e o que mais preocupa", concluiu.

Estimativas em Maceió

Em Maceió, de acordo com dados do Inca, são estimados 410 novos casos de câncer de pele não melanoma. 20 novos casos de câncer melanoma são estimados na capital. A taxa bruta de incidência é de 2,22 para homens e 2,87 para mulheres.

Com base no acesso ao quantitativo geral de casos de diagnósticos registrados nos Centro Oncológicos (CACONs) da Santa Casa de Misericórdia e Hospital Universitário Alberto Antunes (HU), a Secretaria Municipal de Saúde de Maceió (SMS) informou que em 2023, de janeiro a dezembro, foram registrados 39 casos de câncer de pele, sendo 3% dos demais cânceres.

Já durante o mesmo período de 2024, foram registrados 19 casos, sendo 2% dos demais cânceres. Nos registros em que a SMS tem acesso não são descritos o gênero, raça, cor e idade.

Detecções e prevenções

Cerca de 65% dos cânceres de pele são provocados pelos raios ultravioletas emitidos, principalmente, pelo sol. O chefe da seção de dermatologia do Inca, Dolival Lobão, alerta sobre medidas preventivas que são importantes em períodos de altas temperaturas.

"Evitar o sol é a medida preventiva mais importante, seja privando-se da exposição no horário proibitivo, das 10h às 16h, ou usando filtro solar e roupas adequadas. Visitar o especialista pelo menos uma vez ao ano também é muito importante para uma rotina de prevenção ao câncer", recomendou Dolival Lobão.

Ainda segundo o especialista, qualquer ferimento que surja na pele e permaneça por mais de dez dias deve ser avaliado.

"Indivíduos de pele branca devem ficar atentos a alterações na cor, forma ou dimensões das 'pintas' preexistentes no corpo", alertou.