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Mãe denuncia negligência médica após perder bebê em hospital de Maceió

Segundo a família, não tinha médico presente no momento do parto, apenas uma equipe de enfermeiras

Por Jamerson Soares 14/03/2025 17h05 - Atualizado em 14/03/2025 17h05
Mãe denuncia negligência médica após perder bebê em hospital de Maceió
Segundo a família, não havia médico na unidade no momento do parto - Foto: Cortesia

Uma mãe denunciou a negligência médica e busca justiça após a trágica perda de sua filha recém-nascida, no Hospital e Maternidade Santo Antônio, localizado no Centro de Maceió. O incidente ocorreu no dia 08 de março, quando ela, identificada como Mariana Pereira dos Santos, deu entrada na unidade de saúde para a realização de seu parto.

Segundo o advogado da família, Anderson Bruno, desde o início da internação os pais da recém-nascida haviam expressado preocupações sobre o tamanho do bebê, que pesava cerca de 4 kg. Mariana também manifestou receio sobre a viabilidade de um parto normal, destacando que havia tido outros filhos e que esta gestação apresentava diferenças. 

Apesar dos alertas dos pais, a equipe de enfermagem insistiu na realização do parto normal, sem que houvesse a presença do médico responsável.

Durante o procedimento, Mariana começou a apresentar sangramentos intensos. Em resposta ao quadro emergencial, as enfermeiras tentaram, sem sucesso, ligar para o médico de plantão, que não atendeu às chamadas repetidas. Foi somente após a complicação que as enfermeiras conseguiram retirar a criança, que nasceu sem vida.

O médico chegou à sala de parto apenas após a morte do bebê e tentou realizar manobras de reanimação, mas sem sucesso. O profissional pediu desculpas à família, alegando que não havia sido informado pelas enfermeiras sobre as dificuldades no parto e o tamanho do bebê. O médico afirmou ainda que, se tivesse sido notificado sobre a situação, teria optado por realizar uma cesariana.

A família de Mariana busca esclarecimentos sobre a responsabilidade do hospital e a conduta da equipe médica. A ausência do médico no momento do parto, a insistência na realização de um parto normal sem uma avaliação cuidadosa e a demora no atendimento emergencial são apontadas como fatores cruciais para a tragédia.

Além do sofrimento pela perda da criança, a família enfrentava uma situação difícil: alguns meses antes, haviam sido vítimas de um assalto, quando tiveram todos os seus bens móveis roubados, incluindo televisão, celular e o botijão de gás. Sem recursos, gastaram o que não tinham para comprar o enxoval de sua bebê.

A família promete buscar justiça pela morte de sua filha. O advogado também informou que o Ministério Público e demais órgãos públicos não entraram em contato com a família, e que vai registrar boletim de ocorrência sobre o fato.

Por meio de nota, o Hospital e Maternidade Santo Antônio informou que a paciente foi admitida em trabalho de parto e recebeu assistência obstétrica e hospitalar. A unidade também destacou que é a infundada a afirmação de que não havia médico presente no hospital no momento do procedimento.

Solidariedade

O advogado também criou uma vaquinha online para arrecadar fundos e com o objetivo de ajudar a família, que está em uma situação de vulnerabilidade social. 

Para quem puder ou quiser contribuir, a arrecadação está disponível através deste link: https://www.vakinha.com.br/vaq....

Os interessados que também queiram saber mais informações ou ajudar, o número de telefone (82) 99998-1316 também está disponível.

NOTA DO HOSPITAL SANTO ANTÔNIO

Em nota, o Hospital e Maternidade Santo Antônio informou que a paciente foi admitida em trabalho de parto, recebendo assistência obstétrica e hospitalar. Apesar dos esforços despendidos pela equipe, lamentavelmente, o resultado não foi satisfatório. Veja pronunciamento na íntegra abaixo:

"O Hospital Geral Santo Antonio se manifesta publicamente para esclarecer sobre a divulgação de informações relacionadas ao óbito fetal que ocorreu nas instalações deste nosocômio após a realização de um parto normal. A paciente foi admitida em trabalho de parto nesta unidade, recebendo assistência obstétrica e hospitalar. Apesar dos esforços despendidos pela equipe, lamentavelmente, o resultado não foi satisfatório.

É imprescindível esclarecer que a afirmação de que não havia médico presente na unidade de saúde no momento do procedimento da paciente é infundada.

Enfatizamos que, em conformidade com a legislação vigente, incluindo a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o Código de Ética Médica e a Constituição Federal, estamos legalmente impedidos de divulgar informações contidas no prontuário médico da paciente. Tal restrição visa assegurar a privacidade e confidencialidade, que são fundamentos essenciais para a proteção dos direitos dos pacientes.

Informamos que a Comissão de Óbito do hospital está conduzindo uma análise minuciosa do caso, em consonância com os protocolos estabelecidos, visando garantir transparência e contínuo aprimoramento na assistência prestada. A instituição se coloca à disposição para colaborar com as autoridades competentes e confia plenamente que a investigação esclarecerá os fatos com total transparência.

Reafirmamos nosso compromisso com a ética, humanização no cuidado e respeito à dor dos familiares neste momento difícil.