Segurança

Funcionárias são assassinadas a tiros dentro do Cefet Maracanã, no Rio

Um funcionário teria entrado com uma arma de fogo e atirado contra as vítimas

Por EXTRA 28/11/2025 18h06
Funcionárias são assassinadas a tiros dentro do Cefet Maracanã, no Rio
Movimentação na frente do Cefet/Maracanã após duas pessoas serem baleadas na unidade - Foto: Felipe Grinberg

Duas funcionárias foram mortas a tiros por um colega dentro da unidade do Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) Celso Suckow da Fonseca, no Maracanã, na Zona Norte do Rio, na tarde desta sexta-feira. De acordo com o Corpo de Bombeiros, as vítimas foram baleadas por volta das 15h50. A professora Allane de Souza Pedrotti Matos e a psicóloga Layse Costa Pinheiro chegaram a ser levadas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, mas não resistiram.

De acordo com relatos, o funcionário João Antônio Miranda Tello Ramos chegou à escola pela manhã e cumprimentou todos normalmente. À tarde, ele entrou na direção e efetuou os disparos, acertando as duas mulheres, que trabalhavam na Diretoria de Ensino.

Em seguida, o autor dos disparos teria tirado a própria vida e foi encontrado morto. As aulas do turno da noite foram canceladas.

A Polícia Militar informa que, de acordo com o comando do 6º BPM (Tijuca), policiais militares foram acionados, na tarde desta sexta-feira, após registro de disparos de arma de fogo no interior de uma unidade de ensino, no Maracanã.

No local, os agentes encontraram duas mulheres feridas, que foram atendidas pelo Corpo de Bombeiros e encaminhadas a uma unidade hospitalar.

As equipes realizaram buscas nas dependências da instituição e localizaram o corpo de um homem, que seria o suspeito de realizar os disparos, acrescenta a PM.

Aluno do Cefet Jonatam Araújo, de 19 anos, conta que ouviu quatro disparos durante a aula. Uma funcionária correu para avisar que alguém armado estava na instituição.

— Um policial veio em seguida e mandou todos ficarem onde estavam. Depois de os agentes revistarem, eles pediram que saíssemos. Ainda vi o socorro a uma baleada — relata.

A aluna Maria Beatriz Albuquerque, de 18 anos, diz que estava no pátio no momento dos disparos. Ela afirma que primeiro achou que fosse uma obra na instituição e só percebeu o perigo quando viu um amigo correndo dizendo que eram tiros.

— Achei até que era um trote. Mas vimos depois funcionários pedindo para chamar uma ambulância para socorrer uma pessoa que estava baleada. Nunca imaginei que isso iria acontecer aqui. Foi muita correria — narra.

Aluna de Filosofia da UFRJ, Adrynni emannuele, de 26 anos, estagia há 6 meses no Cefet. Ela conta que havia acabado de passar pela roleta quando viu a correria de alunos e funcionários:

— Me escondi na cantina até os policiais dizerem que era seguro sair.

Mariah Emanoela Da silva, de 18 anos, conta que a escola estava cheia no momento dos disparos. Os alunos do 3° ano estavam realizando uma confraternização de fim de ano. Ela relata o clima de pânico instaurado no colégio:

— Os funcionários passaram pedindo para ligarmos para polícia e Samu. Todo mundo começou a ficar desesperado, mas sem entender o que fazer. Alguns mandaram a gente sair e começou a correria. A sorte que conseguimos nos organizar na saída com as catracas e ninguém se feriu — conta a estudante.


O professor de física Hilário Rodrigues dava aula para cerca de 25 alunos quando dois estudantes o alertaram de um possível tiroteio. Sem saber se era verdade ou não, ele avisou a uma colega na sala ao lado e decidiu não deixar nenhum dos alunos sair.

— Estávamos no 3º andar e o ocorrido foi no 1º. Pouco depois, dois policiais pediram para continuarmos nas salas e, só depois, outro grupo de PMs mandou a gente sair. Não tivemos treinamento de saída para um caso desses ou incêndio. Fizemos no instinto de proteção — conta.

Allane, doutora em Letras

Allane de Souza Pedrotti Matos era doutora em Letras pela PUC-RJ, com pesquisa na área de Linguística Aplicada, concluída em 2020. Parte do seu doutoramento foi na Dinamarca, na University of Copenhagen, onde desenvolveu pesquisa e ministrou disciplina para a graduação como professora convidada. A experiência foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Formada em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2006, ela se especializou em Psicomotricidade, pela Universidade Cândido Mendes, em 2008. Já o mestrado, em Sistemas de Gestão, foi feito na Universidade Federal Fluminense (UFF).

Atualmente, trabalhava como coordenadora da equipe pedagógica e acadêmica da Direção de Ensino do CEFET/RJ na Coordenação de Educação Profissional e Tecnológica de Ensino Médio, atuando com assessoria pedagógica e acadêmica. Era também presidente da comissão geral de Permanência e Êxito e integrou, coordenou todas as comissões de estudo e implantação do Ensino Profissional Técnico de Nível Médio (EPTNM) na unidade Maracanã e demais comissões gestoras, além de ter sido membro da Comissão de Heteroidentificação (CHET).

Layse, primeira colocada no concurso

Servidora pública federal do Cefet-RJ, Layse Costa Pinheiro foi a primeira colocada no concurso prestado em 2014 para o cargo de psicóloga

Ela teve atuação na área de Gestão de Pessoas entre 2014 e 2017 e no ramo de Psicologia Escolar a partir de novembro de 2017.

Graduada em Psicologia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 2013, ela especializou-se em Gestão de Pessoas pela Faculdade Internacional Signorelli, concluindo o curso em 2019.

A profissional tinha mestrado incompleto (interrompido em Dezembro de 2017) no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UERJ, sendo a primeira colocada na seleção de 2016.