Verão e o desafio de combater a infestação de moscas no Agreste alagoano

Por 7Segundos |

As altas temperaturas do verão trazem consigo um problema recorrente em diversas cidades do Agreste alagoano: a infestação de moscas. A presença excessiva desses insetos tem gerado incômodo para moradores, principalmente em áreas mais afastadas dos centros urbanos. Especialistas alertam que o calor e o descarte inadequado de lixo contribuem diretamente para o aumento da proliferação desses vetores de doenças.

Em Arapiraca, segunda maior cidade de Alagoas e polo do Agreste, diversos bairros vêm enfrentando dificuldades para conter a invasão das moscas. O caminhoneiro Givaldo Ferreira, morador do bairro Canafístula, relatou ao Portal 7Segundos que a presença dos insetos tem afetado até mesmo momentos simples do dia a dia, como as refeições.

"A gente se preocupa com as doenças que podem ser causadas pelas moscas. A gente tá com os ventiladores ligados o tempo inteiro. Além de atrapalharem as refeições, elas também incomodam muito porque ficam pousando sobre a gente. Um inferno", desabafou Givaldo.

A bióloga Angélica Yousef explica que fatores climáticos, como o aumento da temperatura e a oscilação do tempo, aceleram o ciclo reprodutivo das moscas. "Alterações nos padrões climáticos, especialmente em regiões tropicais, podem criar condições mais favoráveis para o aumento das populações de insetos. Um ciclo que poderia durar uma semana pode ser antecipado em até três dias", destaca.

Além do desconforto, as moscas representam um risco à saúde pública, já que são vetores de diversas doenças. Entre as enfermidades transmitidas por esses insetos estão a conjuntivite, a febre tifoide, a diarreia infecciosa, além de intoxicações alimentares causadas pela contaminação de alimentos.

A proliferação das moscas está diretamente ligada à presença de matéria orgânica, que serve de local para postura dos ovos e alimentação das larvas. O professor José Pujol, do Instituto de Ciências Biológicas da Universidade de Brasília (UnB), destaca que o descarte irregular de resíduos potencializa o problema. "O lixo a céu aberto é um dos principais fatores para a alta proliferação desses insetos. Em pesquisas realizadas no Distrito Federal, observamos que, em locais com resíduos expostos, a quantidade de moscas coletadas foi surpreendentemente alta em curto período", explicou.

Em municípios do Agreste alagoano, como Igaci, Craíbas e Girau do Ponciano, moradores relatam que o problema é mais grave nas regiões rurais. Pequenos criatórios de animais, acúmulo de lixo e o calor intenso criam condições ideais para o aumento da infestação.

Diante desse cenário, algumas medidas podem ser adotadas para minimizar a presença das moscas em residências e estabelecimentos comerciais

  • >>> Manter a limpeza dos ambientes: evitar o acúmulo de resíduos e restos de alimentos, principalmente em áreas de preparo e consumo de comida;

    >>> Descartar o lixo corretamente: armazenar o lixo em recipientes fechados e realizar a coleta regularmente;

    >>> Usar telas de proteção em janelas e portas: evita a entrada dos insetos em locais fechados;

    >>> Armazenar alimentos corretamente: frutas e vegetais devem ser mantidos na geladeira ou cobertos;

  • >>> Utilizar armadilhas naturais: misturas de vinagre de maçã e detergente atraem e capturam moscas;

    >>> Uso de ventiladores: correntes de ar dificultam o pouso e a movimentação das moscas, reduzindo sua permanência nos ambientes;

    >>> Plantas repelentes: espécies como manjericão, hortelã, alecrim e lavanda ajudam a afastar os insetos. A citronella (imagem) é um dos principais repelentes naturais.

A proliferação de moscas representa um sério risco à saúde humana, principalmente devido à sua capacidade de transportar e disseminar agentes patogênicos. Esses insetos frequentemente entram em contato com lixo, fezes e matéria orgânica em decomposição, carregando em seus corpos e em suas patas bactérias, vírus e parasitas que podem causar doenças como diarreia, febre tifoide, cólera e infecções intestinais. Ao pousarem em alimentos e superfícies utilizadas para o preparo das refeições, as moscas contaminam esses locais e aumentam o risco de transmissão de enfermidades, tornando-se uma ameaça especialmente em ambientes onde a higiene é negligenciada.

Além disso, algumas espécies de moscas podem provocar miíases, infestações causadas por larvas que se alimentam de tecidos vivos ou mortos do hospedeiro, resultando em feridas dolorosas e de difícil tratamento. Em áreas com alta concentração de moscas, como mercados, restaurantes e unidades de saúde, a presença desses insetos pode comprometer a segurança sanitária e afetar diretamente a qualidade de vida da população. Medidas preventivas, como o descarte adequado do lixo, a vedação de alimentos e o uso de telas de proteção, são essenciais para evitar surtos de doenças relacionadas à proliferação desses vetores.

Ações coordenadas entre poder público e população são essenciais para enfrentar a infestação. Campanhas educativas, fiscalização do descarte de resíduos e melhorias na coleta de lixo são medidas que podem auxiliar na redução da proliferação de moscas no Agreste alagoano..

Com a chegada do período chuvoso e a continuidade do calor, a tendência é que o problema persista nos próximos meses. Dessa forma, a adoção de hábitos preventivos é fundamental para garantir mais conforto e segurança sanitária para os moradores da região.