Diário do Sertão
Troca de acusações entre candidatos a prefeitos faz ferver campanha em Piranhas
Faltando menos de trinta dias para as eleições municipais, o clima político em Piranhas, no Sertão de Alagoas, começa a efervescer.
Dois grupos que se enfrentaram nas eleições de 2020, voltam ao palanque, onde os ataques velados não cessam.
No mais novo episodio, o prefeito Tiago Freitas (MDB), que tenta sua primeira reeleição, acusa sua antecessora e novamente candidata, a ex-prefeita Maristela Sena (PP), de estar condenada em 2º grau e segundo o político, inelegível.
Filho do ex-presidente do Tribunal Regional de Alagoas, o desembargador Washington Luiz, que foi punido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) com aposentadoria compulsória, Tiago Freitas afirmou em um vídeo exposto em sua página pessoal no Instagram, que sua adversaria teria tentado um recurso de apelação, além de embargos de declaração e recursos especiais, todos rejeitados pela Justiça de Alagoas.
No vídeo, o político acusa o candidato a vice de sua oponente, Genilson Lisboa, de tentar 'enganar' os eleitores.
"Seu candidato a vice, Genilson Lisboa, veio a público mais uma vez tentar enganar o povo de Piranhas, dizendo que tudo não passa de fake news, imputando a este grupo político a invencionice de um fato que nunca existiu", falou Tiago.
Em outro trecho do mesmo vídeo, o prefeito mostra um documento que prova que sua adversaria foi condenada por crime contra a administração pública.
"Esta é a cópia do Acordão do Tribunal de Justiça de Alagoas, que confirma sim a condenação da Maristela Sena Dias por crime contra a administração pública, cujo o fato apurado ocorreu no período quando a mesma ainda era prefeita. É bom que se frise que nenhuma dessas acusações foram provocadas por mim ou pelo meu grupo político. Trata-se de uma ação criminal exclusiva do Ministério Público de Alagoas, ação esta que nem sequer sabíamos ou tínhamos conhecimento até então. Que só se tornou do conhecimento geral a partir de uma certidão que a própria candidata Maristela junto ao seu registro de candidatura", falou o prefeito.
Em resposta, Maristela acusa o grupo de seu adversário de mais uma tentativa de confundir o eleitorado. A ex-prefeita desmentiu o prefeito, destacando que sua candidatura está devidamente regularizada e amparada pela legislação vigente, não havendo qualquer risco de judicialização de seu mandato em caso de sua vitória.
Maristela divulgou seu processo de Registro de Candidatura nº 0600259-20.2024.6.02.0040, que confirma que todos os requisitos legais foram atendidos. Outro detalhe destacado pela ex-prefeita é a decisão do Ministério Público Eleitoral que se manifestou favorável ao deferimento da candidatura.
Já o juiz Caio de Melo Evangelista, da 40ª Zona Eleitoral, deferiu o pedido de registro de candidatura de Maristela, determinando que a candidatura fosse registrada e publicada no Mural Eletrônico.
Maristela foi eleita em 2016, com 6.921 votos, numa acirrada eleição, quando derrotou a prefeita na época Mellina Freitas (MDB), atualmente secretária estadual da Cultura e que é irmã do atual prefeito de Piranhas. Naquele ano Mellina perdeu com 6.651 votos.
Na tentativa de reeleição, em 2020, Maristela perdeu para Tiago eleito com 7.455 votos, contra 6.087 votos de sua adversária.
Os imbróglios na política da 'Lapinha do Sertão' não são de agora.
Em 2013, após deixar o cargo, Mallina Freitas e outras 12 pessoas, todas ex-funcionárias da prefeitura durante a administração da ex-gestora, foram denunciadas pelo Grupo Estadual de Combate às Organizações Criminosas (Gecoc) do Ministério Público Estadual de Alagoas, sob a acusação de uma série de ilícitos penais, a exemplo de fraudes à licitação, peculato e formação de quadrilha. O bando foi apontado pelo MPE como responsável pelo desvio de 15.930.029,33 (quinze milhões, novecentos e trinta mil, vinte e nove reais e trinta e três centavos) dos cofres públicos do município localizado às margens do Rio São Francisco.
Melina Freitas, foi apontada pelo MPE como chefe da quadrilha, conseguindo na época um salvo-conduto expedido pelo desembargador Fernando Tourinho de Omena Souza, do Tribunal de Justiça de Alagoas, benefício que a impediu de ser presa.
As fraudes contra a Prefeitura de Piranhas envolveram despesas e procedimentos de compras e serviços supostamente realizados com as empresas Arquitec – Arquitetura, Engenharia e Construção LTDA; Construtora Terra Nordeste LTDA; Construtora Confiança LTDA; Boa Terra Construções LTDA; Concreto Construções LTDA; Engenharq LTDA; Almeida Construções e Incorporações E.T. LTDA; Construções Ipanema LTDA – EPP e Cunha & Melo LTDA entre os anos de 2009 e 2012. entretanto, nesse período, constatou-se que foram dolosamente manipulados 23 processos de licitação e 385 processos de pagamento, que acabaram acarretando um prejuízo de R$ 15.930.029,33. Os sócios de todas as empresas foram ouvidos pelo Gecoc e negaram quaisquer contratos com a referida Prefeitura.