Se excluíssemos a ética, todos os comunicadores de Arapiraca deveriam fazer estágio com os abutres que perpetram os anais da política partidária desta cidade. Em comparação a tal engravatada espécie, no que diz respeito à comunicação, nós publicitários, jornalistas, profissionais de marketing e genéricos ainda somos bactérias na capitalista escala evolutiva, pois de publicidade, propaganda, imprensa e derivados, vossas excelências entendem muito bem.

Para toda esta sagaz matilha de políticos a ignorância é uma benção. Nada é melhor do que uma turba fiel e ávida por distração fútil, onde pode-se testar sem receios os mais inovadores métodos de manipulação em massa. Acredite, nada é imparcial. Não carece de quatro anos em uma faculdade para dominar este tipo de propaganda que nada mais é do que uma pseudo ciência da comunicação. Desde de que para alinhar as massas demande apenas uma propaganda primitiva, daquelas da época de Hitler, basta distribuir com eficiência turbilhões de solenidades, esconder atrocidades e tirar o foco de coisas importantes como o gravíssimo déficit estrutural, educacional e cultural em que vivemos.

Bom, pelo menos em Arapiraca temos circos e até palhaços de sobra. Mas onde está o pão? É certo que a sede, a inanição e a carência cultural faz da plateia incapaz de reivindicar seus direitos mais básicos e pasmem, em alguns lugares, água suja da cacimba com farinha no almoço ainda conseguem produzir um sorriso entorpecido no rosto de algumas famílias carentes. É o sorriso da desgraça e quando a barriga doer novamente ele desaparece bem ligeiro. Percebem como toda essa engrenagem é tão eficiente que faz o povo até enxergar água onde não tem? Brasil é mesmo um país feliz, pois a miséria é uma droga potente e sua reação adversa é a cegueira junto a banalidade da fuzarca brasileira.

Enfim, como publicitário e acima de tudo um cidadão, vou me atrever a deixar um conselho para esse povo forte e guerreiro: abram os olhos e fiquem atentos, pois com uma boa lábia e um pouquinho de sugestão, verdadeiramente o sertão vai virar mar, e o mar vai virar sertão. Só que água salgada nesse calor meu amigo, mata a sede não.