Com a chegada do fim de semana, nada melhor do que reservar um tempo para ler uma boa história. O blog Pulo da Gata traz duas recomendações de leitura. Dois autores fantásticos e duas histórias de prender a atenção. Esses dois livros, com certeza, vão entrar na sua lista de prioridade de leitura.

“Amor e Capital: A saga familiar de Karl Marx e o nascimento de uma revolução” – recomendação da jornalista Clau Soares

Há livros que nos assustam pelo tamanho, outros pela história e outros, por esses dois motivos. A obra “Amor e Capital: A saga familiar de Karl Marx e o nascimento de uma revolução”, da jornalista Mary Gabriel, veio parar em minhas mãos por um desses felizes acasos da vida. Lê-lo era um desafio. Primeiro, porque a extensão dele não era muito convidativa: mais de 800 páginas e um personagem pelo qual nunca tive lá essa simpatia toda.

Karl Marx, um dos mais importantes teóricos do século XIX, era um velho conhecido das aulas de história (no ensino médio), de sociologia (na universidade) e de conversas com amigos adeptos da teoria socialista/comunista. Mas sobre a sua vida pessoal, os passos que deu para conseguir desenvolver um pensamento que mudou os rumos da história, disto eu quase não sabia.

Gênio, Marx sempre foi uma figura admirada e perseguida. Apaixonou-se por uma mulher fora dos padrões da época, casou-se com ela, teve filhos, casa, problemas financeiros e um amigo de conto de fadas, Engels, cuja lealdade e amor são quase irreais. Passou boa parte da vida na miséria absoluta e submeteu toda a sua família a terrores chocantes e quase imperdoáveis.

No livro, a história nos toca profundamente e nos envolve. Houve trechos que tive que interromper, parar a leitura durante meses, para então retomar de onde parei, tamanha era a sensação de tristeza diante das agruras vividas pela família Marx.

Dois anos depois, e algumas dezenas de outros livros lidos, concluir “Amor e Capital” foi uma vitória e um aprendizado. Um livro escrito magistralmente bem e que exige apenas coração forte. Recomendo!

“O retrato de Dorian Gray” – recomendação da jornalista Kamylla Lima

Comprei o livro em um sebo, no histórico bairro de Jaraguá, em Maceió. Fiquei uns vinte minutos no local conversando com o dono, um senhor de cabelos brancos e fala mansa. Ele me “vendeu” não apenas o livro, mas a história. Arregalou os olhos e disse “um clássico mundial, quem lê não se arrepende”.

Então, levei para casa por menos de dez reais. Foi o melhor do final de 2014. Oscar Wilde, escritor nascido na Irlanda, é um debalde aos olhos quando o assunto é escrita. O texto, em termos de desenvolvimento, é irretocável. Para quem gosta de boa escrita, vale demais a leitura.

O livro, quando pesquisei depois, acabou por servir como prova contra o próprio autor, quando Wilde foi acusado de “imoralidade” por manter relacionamentos com rapazes. A história de Dorian Gray é de um homem que leva uma vida dupla, mantendo uma aparência jovem, de virtude, enquanto se entrega ao hedonismo extremado. Quando lançado, em 1891, provocou escândalo e debate sobre a moralidade. Dorian Gray, em uma explicação crua, era um rapaz que vivia às voltas com as suas ações  diante do mundo, da promiscuidade e dele mesmo.

O texto é muito profundo e traz grandes reflexões filosóficas, daquelas em que é preciso tirar os olhos do livro e analisar, analisar e analisar. Foi lançado um filme inspirado na história, mas prefiro mil vezes o livro.