Em uma cidade do porte de Arapiraca, de relevância econômica e política para Alagoas, é de se esperar uma Câmara de Vereadores atuante, viva e em sintonia com os problemas e as necessidades da população. No entanto, mesmo com 19 vereadores e com estrutura para a realização de sessões no formato on-line, a mesa diretora da Casa Herbene Melo presidiu apenas uma única sessão em junho, realizada no 1º dia do mês.

Mesmo assim, os vereadores receberam R$12.661,05 no mês em que tiveram que comparecer apenas uma vez na Câmara. Este é o valor do salário mensal dos parlamentares - pagos pelo poder público municipal, ou seja, por todos os arapiraquenses - independente da quantidade de sessões realizadas. O presidente da Câmara, Thiago ML, é responsável por cobrar a frequência dos demais parlamentares. Em situações em que os vereadores não podem estar presencialmente na Casa Herbene Melo, há a opção de fazer a reunião de forma on-line, como ocorreu durante um período em 2020.

No início da atual legislatura ficou definido que as sessões ocorreriam de maneira presencial, duas vezes por semana, mas a partir de maio, a frequência foi reduzida a uma única sessão semanal, conforme recomendação da União dos Vereadores de Alagoas (Uveal), em decorrência da pandemia. Dessa maneira, deveriam ter ocorrido cinco sessões no mês de junho, mas a falta de responsabilidade pública da presidência da Câmara ultrapassou os limites e chegou a ser desrespeitosa com a população e com os funcionários do Legislativo.

No dia 22, o presidente da Câmara Thiago ML confirmou a realização da sessão ordinária horas antes do horário regimental. Os funcionários do Legislativo prepararam o plenário, abriram o auditório para a população, mas nenhum vereador compareceu. Várias pessoas ficaram esperando o começo da sessão, e até mesmo alguns assessores de vereadores estavam presentes no local, mas só após vários minutos é que chegou a informação-  por  parte de alguns  vereadores que não haveria sessão. O  presidente do Legislativo Municipal sequer informou o cancelamento aos funcionários da Casa. 

"Ficamos esperando como idiotas e eles nem mesmos enviaram uma mensagem de whatsapp para avisar que cancelaram a sessão. Uma total falta de respeito aos eleitores e cidadãos arapiraquenses", desabafou uma moradora, que costuma acompanhar o trabalho do Legislativo de Arapiraca e que pediu para não ser identificada na matéria.

Agenda cheia, sessão vazia

O que a cidadã e outras pessoas têm percebido é que, os sucessivos cancelamentos das sessões ordinárias têm ocorrido na mesma medida em que o presidente da Câmara, Thiago ML aparenta estar com a agenda cheia de reuniões e visitas. Se os compromissos políticos visam as eleições para a Assembleia em 2022, o vereador precisa ter em mente que a sua atuação frente ao Legislativo Municipal será levada em conta por seus eleitores.

Neste início de julho, a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) da prefeitura de Arapiraca está obrigando os vereadores a baterem ponto na Câmara, para que possam gozar de mais um período de férias, com o recesso Legislativo. Na manhã desta quinta-feira, eles tiveram uma reunião com representante da prefeitura, para discutir o projeto que define as diretrizes para o orçamento municipal do próximo ano.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de comunicação da Câmara de Vereadores e solicitou informações sobre o adiamento das sessões no mês de junho. Até o fechamento da matéria, nenhuma resposta foi enviada.