Blog do André Avlis
Dificilmente o Brasil se tornará uma potência olímpica. E existe um enorme motivo
Até o momento, o Brasil igualou recorde histórico em Jogos Olímpicos: ao todo são 19 medalhas garantidas, assim como na Rio 2016.
Chegamos e estamos em mais um período de Olimpíadas ou Jogos Olímpicos. Tempo onde a ufania aflora de forma iminente.
É quando a maioria dos brasileiros torce de forma veemente pelo Brasil. Época de elevar a outro nível o seu patriotismo e "amor pela camisa". Mesmo não conhecendo todas as modalidades - pois o que importa é torcer.
No entanto, apesar de tudo isso, na prática, para quem vive os Jogos, é diferente. Para quem compete e consegue chegar ao objetivo de estar numa Olimpíada é algo totalmente distinto.
Mas por que? Porque são também, ironicamente, atletas olímpicos do Brasil.
Um levantamento feito pelo Globo Esporte, confirma alguns dados sobre o "Time Brasil" no Japão. Dos 309 atletas que foram para as Olimpíadas do Japão, 231 dependem do Bolsa Atleta, incentivo que existe desde 2004 e não teve edital lançado no ano passado, para ajudar mais pessoas.
Do total, 131 não contam com patrocínios e 41 precisaram fazer vaquinha para estar no Japão. Por fim, 33 não conseguem viver apenas do esporte e precisam ter outra profissão.
São números e situações sentidas na prática. Basta percebermos a disparidade e diferença de nível dos países tidos como potência em comparação ao Brasil. Porém, jamais foi, é ou será por falta de talento, trabalho duro ou força de vontade. O problema é muito maior. Gigantesco.
A falta de incentivo, apoio, infraestrutura, estrutura e condições de trabalho são aspectos enraizados no esporte brasileiro. Aliás, em sua sociedade. Desde sua raiz - da educação ao esporte. Fator que não acontece de agora. Embora ainda existam alguns programas de auxílio, eles ainda assim, são precários, deficitários e vêm sendo sucateados ao longo do tempo.
São fatores que interferem diferente em qualquer resultado ou desempenho. Mesmo o Brasil sendo potência em alguns esportes, não há lógica ou coerência em pegar casos isolados e consequentemente esquecer a grande maioria. Pois há monopólios de investimentos em determinados esportes. Por exemplo: o futebol.
Não tem essa parada de "quem quer consegue" ou o "esforço e o trabalho duro dão resultado". Trazer tais narrativas nada mais é que romantizar um enorme problema social, político e econômico existente no Brasil.
Portanto, enquanto os pensamentos e atitudes não mudarem, especialmente dos principais culpados - os governantes. Veremos o Brasil se contentar com pouco, podendo ter muito. Porque talento e capacidade existem. O que falta é seriedade, consciência e competência.