Bastidores
Ex-deputado, Paulo Nunes critica Ronaldo Lessa por escolha de Téo em 2006; “Devolveu o poder ao setor sucroalcooleiro”
Atualmente vereador por Maragogi, Nunes também falou sobre o antigo Produban
Deputado estadual por dois mandatos, alçado à esta condição na última grande onda política de esquerda ocorrida no final dos anos 90, o Major Paulo Nunes relembrou boas histórias deste período. Residindo em Maragogi, onde exerce mandato de vereador e líder do governo Sérgio Lira, Paulo falou à Rede Antena 7 na manhã desta quarta (07).
O ex-deputado afirmou que o restabelecimento da elite econômica alagoana ao poder, após os dois mandatos de Ronaldo Lessa (de 1999 a 2002 e de 2003 a 2006) se deu por uma decisão errada de Lessa, que segundo Paulo Nunes tinha muitas opções dentro do grupo para lhe suceder, mas escolheu o então senador Teotônio Vilela Filho (PSDB).
Relembrando: Após renunciar ao mandato em março de 2006 para concorrer ao senado, Lessa resolveu apoiar o então senador tucano Teotônio Vilela, preterindo o seu vice, Luís Abílio, que se tornou governador mas não disputou a reeleição. Vilela venceu a eleição e, poucos dias após assumir, rompeu com Lessa denunciando um “rombo” nas contas do estado.
“Ronaldo foi governador historicamente, sem apoio de nenhum prefeito, foi uma reviravolta na política alagoana. Eu fui eleito e Paulão foi eleito, eram dois deputados do PT [na ALE]. Logo em seguida houve uma crise interna. Tínhamos um grupo bom, grandes lideranças, mas o então governador Ronaldo Lessa apoiou o Téo Vilela. Não houve uma compreensão daquele momento, quando o poder político se sobrepôs ao poder econômico no estado, e o governador tinha que ter refletido sobre isso”, afirmou.
O retorno de Téo, segundo o major, proporcionou a retomada do poder pelo que ele chama de elites econômicas alagoanas. Paulo relembrou inclusive sua atuação na CPI do Produban, o falido banco do estado, ocorrida em 2001. Segundo a CPI, a insolvência se deveu a má gestão administrativa dos diretores da instituição e do governo do Estado, que distribuíram dinheiro sem pedir garantias.
“A gente tinha brigado contra um setor poderosíssimo, que era o sucroalcooleiro. Fui relator da CPI do Produban, identificamos todos os devedores. Tomavam dinheiro barato a longo prazo e o banco ia buscar dinheiro no Banco Central a curto prazo e juros altos. Foi isso que quebrou o banco. Por trás, [esse dinheiro] financiava várias campanhas, inclusive de governos”, afirmou.
Nunes hoje se dedica à cidade de Maragogi, no litoral norte alagoano, mas nega que tenha sumido da política. Na verdade, o major da PM é um reflexo da dificuldade do PT alagoano em conseguir protagonismo político, por motivos que jamais saberemos ao certo.
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