Blog do André Avlis
Brasileiro torcer para a Argentina não é errado, mas beira o ridículo
Brasil e Argentina se enfrentaram 108 vezes, com 43 vitórias brasileiras e 39 dos argentinos. Além de 26 empates
Antes de tudo, um alerta: o texto é opinativo, logo, não há obrigatoriedade de concordância.
Pela cultura da rivalidade, trazendo a analogia através do clubismo, é difícil imaginar um corinthiano torcendo para o Palmeiras e vice-versa. Ou um vascaíno vibrando com o Flamengo por admiração a Arrascaeta e Gabigol.
Utopia ainda maior é a unanimidade entre argentinos que querem ver o hexa do Brasil. É do jogo e do conflito futebolístico. Difícil acontecer o contrário, mesmo que ainda de forma escassa aconteça.
A história do tradicionalismo entre Brasil e Argentina é originária de outros campos. Uma herança geopolítica deixada por Portugal e Espanha que originou a Guerra da Cisplastia (1825-1828) - mas aí já é história para outro momento.
O clássico é jogado desde o dia 20 de setembro de 1914. Centenário e com mais de 100 jogos.
Sua cronologia traz confrontos memoráveis. Partidas decisivas, finais e em Copas do Mundo; hostilidade e animosidade. Além do extracampo desprezível do lado de lá, onde sempre que podem, discriminam o povo brasileiro através do preconceito racial e de outras mais baixas formas. Alguns pretextos que auxiliariam repúdios.
Torcer para a Argentina é errado? Não. Tampouco estou aqui para despejar regras ou falar verdades absolutas ou falar que algo é aceitável a partir de achismo. É democrático que cada indivíduo tenha suas escolhas através de motivos e razões. E nada vai mudar por conta de contrariedade.
Alguns têm encanto por determinado jogador, como foi com Maradona (na época de escassez de títulos do Brasil) e como é agora com Messi (no decorrer de um movimento simpatizante pela sua imagem). É compreensível.
Ou fatores fora do futebol que implicam no surgimento de uma forte antipatia direta contra a Seleção Brasileira. Cada um na sua. Ninguém tem o direito de dizer o que a outra pessoa tem e que se dane enfim.
Mesmo que seja algo controverso, contraditório e por muito irrisório. Contrapondo até mesmo o que os próprios "brasilinos" pregam em outras situações futebolísticas em que utilizam outras narrativas.
No entanto, pela normalidade que traz a essência da rivalidade, é difícil achar uma explicação que não haja um debate entre torcer fervorosamente para alguém que, como disse o sociólogo Pablo Alabarces, "odeia amar os brasileiros" - pelo menos um dia foi assim.
Além disso, mesmo respeitando, para mim, é extremamente ridículo tal delírio acontecer. Principalmente sob o contexto antagônico de antipáticos rivais.
Errado não. Mas, além de cômico, é extremamente ridículo.