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Mesmo sem mandato, Jairzinho Lira teve motorista e sobrinha na folha da ALE

Apesar de não dar expediente na instituição, João Victor recebeu em fevereiro quase 16 mil reais da Assembleia

18/03/2024 17h05 - Atualizado em 20/03/2024 14h02
Mesmo sem mandato, Jairzinho Lira teve motorista e sobrinha na folha da ALE

Apesar de não integrar mais o quadro de deputados estaduais de Alagoas desde 31 de janeiro de 2023, o nome de parentes e pessoas associadas ao ex-deputado Jairzinho Lira continua aparecendo na folha de pagamentos da Assembleia Legislativa do estado. Veja, ao final da matéria, nota enviada pelo político ao 7Segundos.

Uma consulta ao Portal da Transparência da Casa de Tavares Bastos mostra que Lira mantém o seu motorista particular como funcionário da instituição, recebendo quase 16 mil reais de salário. O detalhe, neste caso, é que João Victor Albuquerque Barbosa não dá expediente como servidor da ALE.

motorista acompanha o ex-deputado no seu dia-a-dia percorrendo o estado de Alagoas, e não tem como conciliar as duas atividades, uma vez que na ALE a carga horária de um assessor parlamentar (SP 25) é de 30 horas/semanais estipulada em lei. 

O ato que nomeou João Victor foi publicado pelo diário oficial da ALE em 02 de fevereiro de 2023, cerca de 48 horas após o fim do mandato legislativo de Jairzinho, que durou até 31 de janeiro do mesmo ano. Ele não aparece mais no cargo na última folha divulgada pela Assembleia.

Jairzinho teve ainda uma sobrinha indicada a cargos comissionados que pagam excelente remuneração. Mirlley Karoline Lira Soares de Almeida esteve na folha da casa até janeiro de 2024, recebendo R$ 23.559,00 mensais. Somado ao valor recebido pelo seu motorista, a ‘bancada’ do ex-deputado é remunerada em R$ 39.434,00. 

O caso chegou ao conhecimento da população da cidade de Lagoa da Canoa, onde Jairzinho é pré-candidato à prefeitura, e logo se espalhou. As informações dão conta de que uma denúncia ao Ministério Público será encaminhada nos próximos dias.

Em casos como esses, a suspeita é a de que João Victor e Mirlley Karoline possam estar sendo usados como ‘funcionários fantasmas’ da ALE, já que não há informação de que tenham trabalhado efetivamente na casa.

Outra questão que pode ser investigada pelo MP é a chamada ‘rachadinha’, prática que consiste na utilização de um funcionário que recebe um valor de um órgão público, e repassa a maior parte do valor para o político que o indicou, ficando com a menor.

Informações públicas e verídicas

Ciente da responsabilidade como veículo de comunicação, o Grupo 7Segundos preza pela ética jornalística e por conta disso reproduz, na íntegra, nota assinada pelo ex-deputado, que incomodado com o teor das informações contidas neste artigo, classifica-o como "leviano" e "tendencioso". Justamente por ser o oposto desses adjetivos é que o 7Segundos em nenhum momento se recusou a divulgar o que Jair Lira Soares tem a dizer sobre a questão. 

A direção desde veículo de comunicação se opôs ao pedido feito pelo ex-deputado, por meio do seu jurídico, para apagar o conteúdo que certamente está causando um grande incômodo. O texto, baseado em informações públicas e verdadeiras não fere os princípios do jornalismo e, por isso, não há motivos para que seja retirado do ar, como Jairzinho Lira gostaria. Em sua nota, o ex-deputado em nenhum momento contesta as informações, em vez disso apenas ataca a publicação.

Segue a nota enviada para a redação nesta quarta, 20 de março de 2024:

Trata-se de direito de resposta concedida ao Sr. Jair Lira Soares em razão de constar na referida matéria informações falsas, cujo objeto são cargos vinculados à Assembleia Legislativa, órgão do qual não faz parte desde 2023.

A matéria é leviana e totalmente parcial, o que me impõe o dever em informar que não tenho absolutamente nada a ver e nenhuma responsabilidade com os cargos ocupados pelas pessoas mencionadas. Esclareço também que meu mandato parlamentar foi finalizado na legislatura passada, de modo que não mais possuo qualquer vínculo com a Assembleia Legislativa de Alagoas.

A matéria, repito, tendenciosa e leviana, típica de período de pré-campanha eleitoral, ocorre unicamente pelo acolhimento político do meu nome. Utiliza-se minha imagem e meu nome para falsear a realidade e induzir o leitor a vincular a delitos que não compactuo.

Conduta ilibada e serviços prestados, enquanto pessoa pública nos mandatos em que exerci, incomodam adversários e fomentam o surgimento de notícias falsas que distorcem a realidade e entregam informação nociva à sociedade. 

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Blog focado em política.

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