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PEC da Impunidade: votação histórica na Câmara será levada em consideração nas urnas alagoanas em 2026

Voto de Daniel Barbosa, contrário à medida, surpreendeu e agradou eleitorado alagoano

31/12/2025 12h12 - Atualizado em 31/12/2025 12h12
PEC da Impunidade: votação histórica na Câmara será levada em consideração nas urnas alagoanas em 2026

Brasília funciona assim: quando o assunto é autoproteção, a pressa é grande. A chamada PEC da Blindagem, rapidamente rebatizada de PEC da Impunidade, foi votada nesse espírito. Rápida. Organizada. E com uma maioria confortável. Confortável demais.

No dia 16 de setembro de 2025, a Câmara dos Deputados aprovou a proposta em dois turnos. No primeiro, 353 votos a favor. No segundo, 344. O texto endurecia regras, criava barreiras e dificultava investigações contra parlamentares. Na prática, mais distância entre o político e a Justiça. Para juristas e entidades civis, um retrocesso explícito. Para boa parte do plenário, apenas mais uma terça-feira.

A bancada alagoana, em sua maioria, acompanhou o fluxo. Votou a favor ou simplesmente não apareceu. Nada fora do padrão. O problema é que o padrão já não convence mais ninguém. No meio desse alinhamento quase automático, dois votos destoaram. Apenas dois. Daniel Barbosa (PP) e Paulão (PT) disseram não, nos dois turnos. Sem meio-termo. Sem ausência estratégica. Sem cálculo confortável.

O voto de Daniel chamou atenção justamente por quebrar a lógica do “melhor não se indispor”. Em um Congresso onde independência costuma ser slogan, não prática, o deputado optou por deixar posição registrada. Em painel aberto. Em votação sensível. Daquelas que ficam.

Integrante da Comissão Permanente de Educação, Daniel Barbosa manteve coerência com um discurso que já vinha adotando fora do plenário: defesa de transparência, responsabilidade pública e limites claros entre mandato e privilégio. O gesto surpreendeu aliados, irritou bastidores e, curiosamente, agradou quem anda cansado de discursos vazios.

A reação veio. O Sindicato dos Trabalhadores da Educação de Alagoas (Sinteal) parabenizou publicamente o parlamentar pelo voto contrário, destacando algo cada vez mais raro em Brasília: independência em temas estruturantes da democracia. Quando uma entidade precisa elogiar o óbvio, é porque o óbvio anda em falta.

A PEC seguiu para o Senado já carregando desgaste, protestos e rejeição popular. Resultado: foi derrotada. Enterrada. Arquivada junto com outras ideias que pareciam boas apenas para quem as propôs.

No saldo final, a PEC da Impunidade deixou um retrato incômodo. Mostrou quem prefere o abrigo da maioria e quem aceita o risco de nadar contra a corrente. Em tempos de política previsível, Daniel Barbosa fez o inesperado. E, ironicamente, foi exatamente isso que o abriu os olhos do eleitorado para quem, de fato, está do lado do povo na hora do "vamos ver".

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