Eva Todor celebra 80 anos de carreira e lamenta: 'Gostaria de trabalhar'
Afastada da TV desde 2012, após uma pequena participação em “Salve Jorge”, Eva Todor completou 95 anos no último domingo, 9, e também comemora 80 anos de carreira em 2014. A atriz, nascida na Hungria, sofre Mal de Parkinson e enfrenta com bravura as limitações da doença: fala e escuta com dificuldade, tem pouca mobilidade e, às vezes, sua cabeça fica confusa.
No entanto, a própria afirma que nada disso abala sua paixão pela atuação. “Gostaria de trabalhar mais uma vez. Tenho coragem e força para enfrentar o que me pedirem. Estou com muitas saudades de atuar”, afirmou ela, em conversa com o EGO por telefone, nesta quinta-feira, 13.
Na próxima segunda-feira, 17, Eva receberá uma homenagem no Teatro Leblon, no Rio. “Estou nervosa e uma pilha. Não sei como vai ser ou vou reagir. Tenho certeza que vou chorar muito e agradecer todo carinho recebido. Me sinto honrada e ansiosa”, admitiu.
Se a saúde melhorar, a atriz planeja voltar aos palcos com um espetáculo sobre sua vida. “Se Deus permitir e me der saúde, quero fazer uma peça sobre a minha vida, inspirada em uma biografia onde conto toda minha trajetória. É um espetáculo leve, um relato da minha vida com honestidade e peito aberto”, disse ela.
Cuidados especiais
Eva está vivendo reclusa em seu apartamento no Flamengo. Viúva e sem filhos, ela depende de cuidados como os do motorista Marcos Otaviano e de sua funcionária Maria dos Santos, que trabalham com ela há 24 anos. “Fico muito emocionada porque a Eva é uma mulher brilhante e sofre de uma doença muito sofrida. Tem dias que ela está com a cabeça confusa, que nem dá para entender o que ela fala... Mas a saúde dela está estável”, revela Maria.
Ela ainda conta que sempre conversa com a atriz sobre a vontade dela de voltar à cena. “Ela me pergunta se esqueceram dela, fala do desejo que tem de atuar novamente. Ela sente muita falta. Falo para ela ter paciência, que quando ela ficar melhor, não irá faltar trabalho. Ela sempre teve uma carreira muito ativa e ficar em casa é difícil”, diz Maria.
A ajudante também contou que Eva continua muito vaidosa. “Uma semana antes do evento que vai homenageá-la, ela já está preocupadíssima com o que vai usar. Coloca um vestido, depois muda de ideia... Ontem ela ficou o dia inteiro pensando nisso”, afirmou ela, completando: “A Eva é uma mulher de força inestimável e merece todas as homenagens que tem recebido”.
Carreira
Eva Todor nasceu em Budapeste e começou nos palcos ainda criança, como bailarina da Ópera Real de Budapeste. Por conta das dificuldades financeiras que a Europa enfrentava no período pós-Primeira Guerra, a família da atriz abandonou sua terra natal e se mudou para o Brasil, em 1929. Quando chegou no Brasil, voltou a estudar dança clássica e entrou na companhia de Maria Olenewa, no Theatro Municipal. Foi nesse período que adotou o sobrenome artístico de "Todor" no lugar de Fodor, que era seu nome da família original.
Aos 8 anos, ela já participava de grupos de teatro amador e com 12 fez o papel de um travesti na Primeira Companhia Nacional de Comédias do Rio de Janeiro, onde conheceu seu primeiro marido, Luis Iglesias. Juntos, em 1940, eles fundaram a Companhia de Comédia Eva Todor. Iglesias escrevia e adaptava as peças. Cerca de 20 anos depois a atriz ficou viúva e seu segundo casamento foi com o empresário teatral Paulo Nolding, com quem viveu até sua morte, em 1989.
No teatro, Eva destacou-se em diversas peças como "A Senhora na Boca do Lixo" e "Em Família". No cinema, seu último papel foi o de uma "vovó do pó" no filme "Meu Nome não é Johnny"(2008), dirigido por Mauro Lima, e destacou-se também no filme "Os Dois Ladrões"(1960), dirigido por Carlos Manga, com Oscarito. Na TV Tupi, na década de 60, estrelou durante três anos o seriado "Aventuras de Eva". Já na TV Globo, atuou em várias telenovelas, dentre elas "Locomotivas"(1977) e "América"(2005); e em minisséries como "Hilda Furacão" (1998), "JK"(2006) e "Amazônia - de Galvez a Chico Mendes"(2007).