Mortes violentas fazem homens viverem menos
Vítimas de mortes violentas ainda na juventude, como crimes e acidentes de trânsito, os homens de Alagoas têm uma expectativa de vida 9,5 anos menor que suas conterrâneas. Em nenhum outro Estado do país a diferença é tão grande.
Segundo o gerente de Componentes da Dinâmica Geográfica do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), Fernando Albuquerque, a violência crescente no Norte e no Nordeste tem pesado para esse quadro. "A sobremortalidade vem diminuindo no Sul e no Sudeste e aumentando no Norte e no Nordeste. Políticas como a Lei Seca e mudanças no policiamento têm feito com que os óbitos violentos e a sobremortalidade venham caindo, mas o contrário está acontecendo no Norte e no Nordeste."
O IBGE divulgou nesta terça-feira (1º) que a expectativa de vida do brasileiro é de 75,2 anos, com uma diferença de 7,2 anos entre homens e mulheres. Espera-se que um bebê do sexo masculino nascido em 2014 viva 71,6 anos, e um do sexo feminino, 78,8 anos.
Os homens de Alagoas têm a menor expectativa de vida do país, 66,2 anos, enquanto se espera que as mulheres vivam 75,7 anos no Estado. De acordo com Albuquerque, a mortalidade da população jovem é uma das explicações para essa diferença: 90% dos mortes violentas na população de 15 a 24 anos são de homens. "Um ponto crucial [para aumentar a expectativa de vida no país] seria reduzir a mortalidade dos jovens, principalmente do sexo masculino", disse ele.
Segundo o Diagnóstico dos Homicídios no Brasil, divulgado neste ano pelo Ministério da Justiça, o Nordeste tem a maior taxa de homicídios do país: 33,76 assassinatos por 100 mil habitantes. A Região Norte tem 31,09 homicídios para esse contingente populacional. No Sul e no Sudeste, as taxas são aproximadamente a metade: 14,36 e 16,91.
Os cinco estados com as maiores diferenças entre a expectativa de vida de homens e de mulheres também ficam no Nordeste: depois de Alagoas, vêm a Bahia, com 9 anos; Sergipe, com 8,4 anos; Piauí, com 8,2; e Pernambuco, com 8,1, que empata com o Espírito Santo, na Região Sudeste.
A pesquisa revela ainda que um jovem de 20 anos que mora em Alagoas tem 7,8 vezes mais chances de não atingir os 25 anos do que uma mulher com a mesma idade. O estado que fica na segunda posição nesse indicador é a Bahia, onde a sobremortalidade é de seis vezes.