Terra rachaçada e árida. É essa a realidade da lagoa do Pé Leve, povoado do município de Limoeiro de Anadia, no Agreste de Alagoas.

A paisagem de água abundante já não existe mais com a estiagem do inverno e do calor rachante do verão, que dificulta e castiga ainda mais a sobrevivência da lagoa que está secando e morrendo aos poucos.

Além do processo natural, a lagoa do Pé Leve, que já foi ponto turísitico da região, atraindo pessoas de várias cidades de Alagoas e outros estados pela sua beleza, não recebeu atenção adequada do poder público.

De acordo com a assessoria de comunicação da Prefeitura de Limoeiro de Anadia, existe um projeto de revitalização, mas que precisa de licitação para ser realizado. O órgão informou que que até o final deste ano, após as eleições, o processos será reaberto.

A assessoria disse ainda que há ações em parceria com o Instituto do Meio Ambiente do Estado (IMA) e a Usina Seresta para a arborização em uma área que fica ao redor da lagoa.

O projeto de reflorestamento começou em 2014, com apoio das secretarias municipais de Educação, Agricultura e Meio Ambiente de Limoeiro de Anadia em outras áreas do município.

Segundo a assessoria de comunicação do município, a seca da lagoa é um processo natural e ambiental. Ainda segundo o órgão, as nascentes responsáveis pela sobrevivência da lagoa estão na região do município de Arapiraca, no bairro Bom Jardim, mas as construções na localidade acabaram destruíndo as nascentes, responsáveis por escoar água até a lagoa.

Sobrevivência de moradores e pescadores

A situação da seca da lagoa do Pé Leve também atinge os pescadores da região. A equipe do Portal 7 Segundos foi até o local para conhecer a vida de alguns moradore que dependem diretamente da lagoa.

O morador Valmir Rodrigues de Albuquerque, de 47 anos, disse que a situação é muito triste. "A lagoa está secando e o verão tem sido muito severo. A situação é cada vez mais crítica", reconheceu ele.

Valmir Rodrigues disse que muitas famílias tiravam o sustento da pesca e há 50 anos muitas famílias sobreviviam do barro que tiravam da lagoa para fazer tijolos.

"A lagoa chegou a ser um balneário e se chamava de Balneário Lagoa Azul. Hoje não se tem mais isso. As pessoas vinham porque tinha até bandas que tocavam aqui para atrair os visitantes. A gente via pessoas de barcos e até de jet ski. Era um ponto turístico", lembrou Valmir Rodrigues.

Ele lembra que todos tomavam banho na lagoa e as pessoas passavam até para tirar fotos. "Mas, a realidade agora é outra e o que se vê é só lama", lamentou o morador.

Para o pescador e aposentado Valdomiro Alves do Amaral, de 66 anos, a situação é ainda mais decadents. Há 15 anos ele trabalhou como pescador na lagoa e sobrevivia do que pescava. Assim ele criou onze filhos. Agora a situação é outra.

"Começava a trabalhar das 4 horas da manhã até as 7 horas e o peixe que eu pegava vendia e doava também para quem não podia comprar", disse Valdomiro Alves.

Ele disse ao 7 Segundos que é a primeira vez que vê a lagoa desse jeito, secando e morrendo.

"A lagoa tinha minação e taparam tudo, então era para o governo ter limpado e ter cuidado da lagoa. Mas, está seco em todos os lugares, o inverno foi pouco. Tudo que eu consegui foi devido à lagoa e tenho fé em Deus de que ela vai encher novamente. O recurso e a beleza do Pé Leve é essa lagoa", falou seu Valdomiro.  

Veja, abaixo, uma foto da internet de quando a água e a vegetação eram abundantes na Lagoa do Pé Leve: