Incêndio destrói 300 casas em área de invasão na periferia
Moradores acusam policiais militares de provocarem o fogo

Um incêndio em uma invasão na periferia de Curitiba destruiu cerca de 300 casas na madrugada deste sábado (8).
Moradores ouvidos pela Folha de S.Paulo acusam policiais militares de provocarem o fogo, em represália à morte de um policial naquele mesmo dia -a polícia nega, diz estar investigando os motivos e suspeita de envolvimento do crime organizado.
Não havia registro de vítimas. Dois homens, porém, foram mortos com tiros durante a ocorrência. Ainda não se sabe se as mortes estão relacionadas ao incêndio.
O fogo começou por volta das 22h30 de sexta, e se alastrou rapidamente. Bombeiros foram acionados para conter o incêndio, mas parte da população se revoltou contra policiais militares que também atendiam a ocorrência. Pedras foram jogadas contra veículos, e atingiram um caminhão dos bombeiros.
Segundo relatos de moradores, homens foram vistos colocando gasolina e jogando rojões em uma casa, próximo ao local onde o soldado da PM Erick Norio foi morto com tiros de metralhadora, em uma aparente emboscada, na madrugada de sexta (7). Horas antes, policiais teriam dado ordem de recolher aos moradores, ordenando que entrassem em suas casas.
"Eu presenciei isso: a polícia invadindo casas, dando tiro para cima", disse à reportagem o advogado Renato de Almeida Freitas Júnior, que atua no movimento por moradia na região de Curitiba. Ele disse ter visto tanto policiais em viaturas, fardados e com distintivo, quanto homens à paisana. "Estava um caos."
A Polícia Militar afirma que as acusações são levianas e que toda a ação para identificar o assassino do policial foi realizada dentro da legalidade.
Incêndio em uma invasão na periferia de Curitiba destruiu cerca de 300 casas na madrugada deste sábado Reprodução Incêndio em uma invasão na periferia de Curitiba destruiu cerca de 300 casas na madrugada deste sábado "Não vamos admitir essas falácias, querendo denegrir a imagem da instituição", afirmou o coronel Antônio Zanatta Neto, chefe do Estado Maior da Polícia Militar do Paraná. Ele disse que a PM não recebeu denúncias de toques de recolher ou abusos policiais, e que seria a primeira a interceder em caso de violência. "Nós descartamos [o envolvimento de PMs no incêndio]."
A suspeita da polícia é que o incêndio tenha sido causado por facções criminosas, numa represália à comunidade pelas informações repassadas sobre o assassino do policial militar. As causas do incêndio e os autores das mortes ocorridas no local ainda estão sob investigação.
A invasão, apelidada de Ocupação 29, existe há cerca de quatro anos, na Cidade Industrial de Curitiba, e abriga cerca de 400 famílias. A associação de moradores estima que metade das casas tenha sido destruída.
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