Produção industrial cai 0,7% em fevereiro, após 9 meses de crescimento
Em 12 meses, setor acumular queda de 4,2%. No ano, ainda tem alta de 1,3%

A produção industrial brasileira caiu 0,9% em fevereiro, na comparação com janeiro, interrompendo uma sequência de 9 altas consecutivas, segundo divulgou nesta quinta-feira (1) o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Na comparação com fevereiro de 2020, porém, houve avanço de 0,4% – sexta taxa positiva consecutiva nessa base de análise.
Em 12 meses, o setor acumula uma queda de 4,2%. No ano, ainda tem alta de 1,3%.

Produção industrial mensal — Foto: Economia G1
O resultado veio pior que o esperado. As expectativas em pesquisa da Reuters com economistas eram de alta de 0,4% na variação mensal e de 1,5% na base anual.
“Nos últimos meses nós já vínhamos observando uma mudança de comportamento nos índices da indústria, que, embora ainda estivessem positivos, já apresentavam uma curva decrescente, demonstrando um arrefecimento”, afirmou o gerente da pesquisa, André Macedo.
Segundo o IBGE, com a interrupção da sequência de altas, o setor se encontra agora 13,6% abaixo do patamar recorde alcançado em maio de 2011 e 2,8% acima do nível pré-pandemia (fevereiro de 2020).
O que puxou a queda
Em fevereiro, 3 das quatro das grandes categorias econômicas da indústria tiveram queda, com recuo em 14 dos 26 ramos pesquisados.
Entre as atividades, as quedas que mais pressionaram o resultado geral da indústria em fevereiro vieram de veículos (-7,2%) e indústrias extrativas (-4,7%).
“O ramo de veículos vem sendo muito afetado pelo desabastecimento de insumos e matérias primas. Mesmo assim, a produção de caminhões vem tendo resultados positivos. Porém, a de automóveis e autopeças vem puxando o índice geral para o campo negativo”, avaliou Macedo.
Duas das 4 grandes categorias econômicas acumulam queda no ano
Entre as grandes categorias econômicas, os bens de consumo duráveis (-4,6%) tiveram a maior queda na passagem de janeiro param fevereiro, sendo o segundo mês seguido de redução. A única alta foi na produção de bens intermediários (0,6%). Confira abaixo:
Bens de Capital: -1,5%
Bens Intermediários: 0,6%
Bens de Consumo: -1,1%
Duráveis: -4,6%
Semiduráveis e não Duráveis: -0,3%
No acumulado do ano, a maior alta acumulada no ano foi em bens de capital (16,6%), mas o segmento de bens intermediários (1,7%) também cresceu acima da média da indústria. Por outro lado, o setor de bens de consumo duráveis (-6,3%) teve a queda mais intensa, seguido por bens de consumo semi e não-duráveis (-1,1%).
Perspectivas
Segundo o IBGE, além do desabastecimento de matérias-primas, o grande número de desempregados, o aumento de preços, dificuldades no mercado internacional e a interrupção da concessão do auxílio emergencial no final do ano são alguns dos fatores que vêm influenciando a cadeia produtiva.
Apesar da recuperação observada nos últimos meses, partiu da indústria o segundo maior impacto negativo sobre o Produto Interno Bruno (PIB) em 2020, que despencou 4,1%. O setor teve queda de 3,5%, interrompendo dois anos seguidos de alta.
Indicadores antecedentes têm mostrado uma queda no ritmo da atividade econômica e da confiança de empresários e consumidores neste começo de ano em meio ao agravamento da pandemia e novas medidas restritivas.
Pesquisa da Fundação Getulio Vargas (FGV) mostrou que a confiança da indústria caiu em março para o menor nível desde agosto de 2020.
Economistas avaliam que uma melhora mais consistente do mercado de trabalho só deverá ser observada no segundo semestre, a depender também do avanço da vacinação e da redução das incertezas econômicas.
Para 2021, os analistas do mercado financeiro estimam uma alta do PIB em 3,18%, conforme o último Relatório Focus do Banco Central.
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