Covid -19

À CPI, Hang confirma que mãe tomou kit covid e morreu da doença, mas nega ter financiado fake news

Empresário prestou depoimento à comissão nesta quarta-feira

Por GZH 29/09/2021 20h08
À CPI, Hang confirma que mãe tomou kit covid e morreu da doença, mas nega ter financiado fake news
Empresário Luciano Hang - Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado/Divulgação

O empresário Luciano Hang disse à CPI da Covid que ficou sabendo pela própria comissão que a causa da morte por covid-19 havia sido ocultada do atestado de óbito da mãe, que morreu por conta da doença em um hospital da operadora de saúde Prevent Senior, no início do ano.

O dono da rede de lojas Havan e apoiador do presidente Jair Bolsonaro afirmou que procurou a Prevent Senior para esclarecer o fato e disse que foi informado que o o atestado de óbito foi preenchido por um plantonista e no dia seguinte, corrigido.

— Fiquei sabendo através da CPI que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da minha mãe foi pego. E que lá no atestado de óbito não constava covid. Eu sou leigo, não sei o que tem que botar no atestado de óbito — disse Hang, que mostrou aos senadores o documento supostamente corrigido, contendo a covid-19 como a causa da morte da mãe.

O nome de Regina Hang chegou até a CPI por conta das investigações voltadas à Prevent Senior. Senadores receberam um dossiê com acusações contra a operadora de saúde – uma delas de que a empresa teria ocultado mortes por covid-19 em supostos experimentos com remédios sem eficácia comprovada.

Hang confirmou que Regina foi diagnosticada com covid-19 no dia 28 de dezembro e começou a se tratar em casa, com cloroquina, azitromicina e ivermectina, e, dias depois, foi levada ao hospital da Prevent Senior. Os remédios fazem parte do kit covid, ineficaz para a doença, e que também teria sido distribuído em massa entre pacientes da operadora de saúde.

— Não vejo o interesse do hospital de mentir sobre a morte de minha mãe. Qual era o motivo, se eu já havia dito publicamente que ela estava internada e estava com covid? — disse.

Ainda sobre o kit covid, Luciano Hang admitiu que arrecadou dinheiro, juntamente com outros empresários, e doou ao hospital de Brusque (SC).

— O hospital comprou os remédios e fez deles o melhor possível — disse.

Após a fala, a CPI da Covid aprovou um requerimento solicitando informações ao Ministério Público do Trabalho de Santa Catarina para saber se houve abertura de procedimento para apurar a distribuição dos medicamentos no Estado de origem de Hang.

Relação com Bolsonaro

Aos senadores, Luciano Hang também afirmou que não financiou os atos de Sete de Setembro, convocados pelo presidente Jair Bolsonaro, e que não é amigo dele. Negou também que tenha financiado disparos em massa no WhatsApp para apoiar o então candidato nas eleições de 2018. O empresário disse que, na época, chegou a publicar nas redes sociais uma postagem a favor de Bolsonaro com impulsionamento pago, mas não sabia que era proibido, e foi notificado e multado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Quero afirmar aqui nesta Casa, com a consciência tranquila e com a serenidade de quem tem a verdade a seu lado, que não conheço, não faço e nunca fiz parte de nenhum gabinete paralelo. Nunca financiei nenhum esquema de fake news e não sou negacionista — declarou Hang no início do depoimento.

Vacinas

Luciano Hang disse que não tomou a vacina contra o coronavírus, mas alegou ter tomado medicamentos não comprovados pela ciência quando foi diagnosticado com covid-19.

— É um negacionista — rebateu o presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM).

O empresário negou que tenha influenciado nas negociações para a compra de imunizantes feitas pelo Ministério da Saúde ou que tenha participado de reuniões sobre o assunto. A fala foi dita após a exibição de um vídeo, em que Hang pede que Bolsonaro libere a compra de vacinas covid-19 pelo setor privado.