Eleições 2022

Briga nos bastidores e ataques diretos entre Lula e Bolsonaro marcam 1º debate na TV

Lula, Bolsonaro, Ciro Gomes, Simone Tebet, Felipe d’Ávila e Soraya Thronicke participaram em São Paulo do primeiro debate da campanha eleitoral transmitido pela TV

Por cnn 29/08/2022 07h07
Briga nos bastidores e ataques diretos entre Lula e Bolsonaro marcam 1º debate na TV
Debate na Bande entre os candidados à presidência - Foto: Reprodução /vídeo

Uma briga nos bastidores e ataques diretos entre os candidatos à Presidência mais bem colocados no agregador de pesquisas CNN/Locomotiva marcaram o primeiro debate da corrida eleitoral com transmissão pela televisão, realizado na noite deste domingo (28).

O encontro, organizado pela TV Bandeirantes em parceria com UOL, Folha de S.Paulo e TV Cultura, contou com a participação de seis presidenciáveis: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Jair Bolsonaro (PL), Ciro Gomes (PDT), Simone Tebet (MDB), Felipe d’Ávila (Novo) e Soraya Thronicke (União Brasil).

Pouco depois do início do evento, o deputado federal André Janones (Avante-MG), apoiador de Lula, e o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, apoiador do presidente Bolsonaro, trocaram ofensas nos bastidores do debate.

A confusão começou quando Lula falou sobre a queda do desmatamento em seu governo, e Salles se manifestou sobre a declaração do ex-presidente, seguido de uma reação de Janones.

Ambos trocaram xingamentos e foram separados por seguranças. Após os ataques, ambos retornaram para seus respectivos assentos e continuaram a assistir ao debate no local.

O encontro na TV também contou com trocas de acusações diretas entre Lula e Bolsonaro. Confira abaixo alguns dos principais momentos do debate.

Ataques entre Lula e Bolsonaro resultam em direito de resposta para ambos

Ao longo do embate televisivo, tanto Bolsonaro como Lula tiveram direito de reposta concedido pelos organizadores do debate após ataques que receberam um do outro. O presidente foi o primeiro a reagir, depois de ser criticado pelo candidato petista pela imposição de sigilo de cem anos no acesso a informações do governo, incluindo visitas recebidas por Bolsonaro no Palácio do Planalto.

“Que moral tu tem [sic] para falar de mim, ex-presidiário? Nenhuma moral”, atacou o presidente. “Sigilo de cem anos: uma lei lá do tempo da Dilma. Para questões pessoais: meu cartão de vacina ou quem me visita no Alvorada. Nada mais além disso. Orçamento secreto: eu vetei. O Parlamento derrubou veto. É lei. O seu partido, Lula, votou para derrubar o veto no tocante ao orçamento secreto. Não tenho nada a ver com isso”, completou.

A reação de Bolsonaro rendeu outro direito de resposta, desta vez, concedido ao candidato do PT. “É irresponsabilidade de quem exerce o cargo, que me chamou duas vezes de presidiário”, rebateu o ex-presidente.

“Ele sabe a razão pela qual eu fui preso, e as razões foram que, para ele se eleger presidente da República, precisavam tirar o Lula da disputa”, acrescentou. “Neste processo todo, eu estou muito mais limpo do que ele ou qualquer parente dele, porque fui julgado, considerado inocente, da primeira instância à última, pela ONU e estou aqui para ganhar as eleições e, aí sim, em um decreto só, apagar todos os seus decretos”

Bolsonaro e Ciro trocam acusações sobre tratamento a mulheres

Em um dos trechos do debate, o presidente Bolsonaro escolheu Ciro Gomes para uma pergunta sobre a defesa das mulheres, após ter sido questionado sobre o assunto pela senadora Simone Tebet.

“Você [Bolsonaro] disse para chocar todos nós que nasceu uma filha sua, porque deu uma ‘fraquejada’. Isso é o que faz com que as pessoas desconsiderem as suas políticas. Hoje, 78 de cada 100 mulheres brasileiras estão no limite recorde de endividamento. Elas não vão sair dessa dívida sem política pública. A minha obsessão é entender que a mãe, quando o filho pede um pedaço de pão para comer e não tem, ela parte o coração. É preciso ter um programa de renda mínima que erradique a miséria”, respondeu Ciro.

Bolsonaro disse que já havia pedido desculpas pela declaração sobre a filha e também cobrou uma retratação de Ciro Gomes por uma fala do pedetista relembrada pelo presidente.

“Eu já falei da fraquejada, já me desculpei, e me desculpo de novo. Agora, você falou que a missão mais importante da sua esposa era dormir contigo. Pelo amor de Deus, quero que você peça desculpas por isso também. Uma coisa muito importante na questão da mulher é o Auxílio Brasil, porque a política do ‘fica em casa’ levou um monte de gente para as raias da miséria. Quando criamos o auxílio emergencial e, depois o Auxílio Brasil, nós buscamos atender primeiro a mulher, tanto é verdade que 75% do auxílio vai para as mulheres”, afirmou o presidente.

Em um enfrentamento anterior, Simone Tebet disse que Bolsonaro (PL) chegou a defender um acusado de feminicídio, um torturador de mulheres e votado contra projetos em defesa dos direitos femininos. A candidata perguntou, então, por que Bolsonaro “sente tanta raiva das mulheres”.

Bolsonaro respondeu que a senadora o acusava sem provas: “Não fica aqui fazendo joguinho de mimimi”, afirmou. O presidente citou o trabalho de sua mulher, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, voltado a ações assistenciais e citou ainda medidas de seu governo que teriam sido implementadas em defesa das mulheres.

“Quando eu defendo a arma, no campo, em especial, é para dar chance para a mulher se defender. Eu dei mais de 370 mil títulos de reforma agrária no Brasil. Seu estado [de Tebet] foi muito beneficiado e deixo claro: 90% desses títulos foram para mulheres. Das 20 milhões de pessoas que recebem o Auxílio Brasil, em torno de 15 milhões são mulheres”, disse o presidente.

Tebet defende ministério feminino, e Lula não se compromete com meta

A participação das mulheres no governo também foi tema de uma pergunta para Lula, com comentário de Tebet. O candidato petista não assumiu o compromisso de ter paridade entre homens e mulheres em seu ministério, caso seja eleito. Segundo ele, uma das razões é que poderia passar por “mentiroso” se não cumprisse a promessa.