Especial Mulher: Alunas da rede estadual quebram tabus e se destacam dentro e fora do estado
As estudantes Esthefany, Ketilly, Luana e Lara são as personagens da primeira de uma série de reportagens especiais em homenagem ao Dia Internacional da Mulher
Será que a linha de largada é a mesma para todos? Essa é uma pergunta de rápida resposta quando se trata do local em que meninas são convidadas a estar. Diariamente, as mulheres derrubam estereótipos e com as estudantes da rede estadual não é diferente. Nesta primeira reportagem especial em homenagem ao Dia da Mulher, vamos conhecer a história de quatro estudantes que romperam tabus e se destacaram no esporte, olimpíadas de conhecimento e programas de intercâmbio.
Vitória no esporte
O wrestling e o judô são esportes que unem força, habilidade e poder de concentração. Para muitos, ainda são vistos como um esporte para homens, mas as irmãs Esthefany e Ketilly Assis da Silva provam o contrário. Alunas do 6º ano do ensino fundamental da Escola Estadual Teotônio Vilela, no Cepa, elas colecionam medalhas de prata e bronze nos dois esportes. A caminhada das duas no esporte iniciou quando o professor Roberto Amorim, diretor da Escola Estadual Vitorino da Rocha – antiga escola das irmãs – e referência no wrestling em Alagoas, enxergou o talento de Esthefany e a convidou para treinar. Pouco tempo depois, ela traria Ketilly para os treinos de wrestling e também de judô –este último com o professor Ricardo Sérgio.
Com dois anos de prática nos dois esportes, ambas possuem uma coleção vasta de medalhas. Em 2023, no Alagoano de Judô, elas foram vencedoras das categorias Sub 15 – 48 kg e Sub 13 – 38 kg. Esthefany conseguiu brilhar nos dois esportes: além das medalhas no judô no Alagoano, ela conquistou, no wrestling, uma prata e um bronze nos Jogos Escolares Brasileiros (JEBS), em Brasília, e um bronze nos Jogos Mundiais Escolares/ Gymnasiade 2023, disputados no Rio de Janeiro. Já Ketilly foi bronze na categoria Sub-13 no Brasileiro Regional de Judô, em Natal, no ano passado.
“Não existe esporte que seja para meninos ou para meninas. Seja o judô, o wrestling ou o futebol. Se você gosta, vá em frente”, incentiva Ketilly. “Muitas vezes já lutamos contra adversárias mais fortes e mais velhas, mas não nos intimidamos, fomos para cima e ganhamos medalhas. O apoio dos nossos professores e das escolas Vitorino da Rocha e da Teotônio Vilela também foi fundamental para estas conquistas”, complementa Esthefany.
Em 2024, a trajetória da família promete ser ainda mais vitoriosa: além das medalhas recém-conquistadas no Alagoano de Judô, Esthefany e Ketilly já fizeram com que sua irmã mais nova se interessasse pelo esporte.
Feito histórico
Outra que quebrou tabus em um ambiente quase sempre visto como masculino é Lara Ilkeliane da Silva Leite. Aluna da Escola Estadual Noel Nutels, de Maceió, ela fez história, em 2023, como a segunda alagoana a conquistar medalha de ouro na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) – a primeira foi Gabriela Barbosa Souza, ouro em 2021 pela Escola Estadual Almeida Cavalcanti, de Palmeira dos Índios. Para se ter ideia do feito da garota, basta lembrar que, em todo o Brasil, apenas 1 em 36 mil alunos consegue o ouro.
E com isso, Lara celebra o feito que quebra o estereótipo de que as mulheres não gostam de matemática e ciências exatas.
“Esta medalha significa muito, pois mostra que as mulheres estão conquistando mais espaços e são capazes de conseguir qualquer coisa que desejam. Prova que temos capacidade suficiente para termos aquilo que almejamos, apesar de qualquer preconceito ou dificuldade. Afinal, o nosso gênero não define nossa capacidade intelectual”, frisa Lara.
Conquistas no exterior
E o talento das estudantes da rede estadual de Alagoas ultrapassa fronteiras. Luana Moisés, da Escola Estadual Senador Rui Palmeira, de Arapiraca, esteve entre os 46 estudantes brasileiros que, no início do ano, passaram três semanas em solo norte-americano. Representando Alagoas no Programa Jovens Embaixadores, ela participou de um intercâmbio cultural e educacional nos Estados Unidos com todos os custos bancados pela Embaixada Americana.
“Imaginar que talvez meninas da minha idade ou mais novas me vejam como referência é inspirador, porque eu passei toda a minha infância buscando referências e tive sorte de ter minha mãe e minha irmã para me darem. Sinto-me sortuda e cooperando com a educação alheia”, relata Luana.