Meio ambiente

Daniel Barbosa defende investimentos em reciclagem para combater impactos ambientais

Confira o artigo na íntegra:

Por 7Segundos com Assessoria 29/05/2024 09h09
Daniel Barbosa defende investimentos em reciclagem para combater impactos ambientais
Deputado federal Daniel Barbosa - Foto: Assessoria

A urgência de ampliar investimentos que ajudem a combater os impactos ambientais negativos foi o tema central do novo artigo do deputado federal Daniel Babosa. No texto, o parlamentar fala sobre reciclagem e defende ações que ajudem nesse processo, como a valorização e remuneração adequada de catadores de materiais recicláveis. “Educar, promover a consciência ambiental, fazer a transição energética e proteger o meio ambiente devem estar entre as prioridades da humanidade”, disse ele.

Confira o artigo na íntegra:

UM PLANETA À BEIRA DO ABISMO

No Oceano Pacífico, entre o Havaí e a Califórnia, existe uma ilha de 1,6 milhões de quilômetros quadrados, formada por 80 mil toneladas de lixo acumulado desde a década de 1970, de acordo com a Organização The Ocean Cleanup. Esse gigantesco depósito de resíduos sólidos - provenientes do Japão, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, Taiwan e Canadá - foi descoberto em 1997 pelo oceanógrafo norte-americano Charles Moore e é três vezes maior do que a França.

Há outras quatro ilhas de plástico, situadas no Oceano Pacífico, no Atlântico e no Índico, com grande impacto ambiental negativo. Trata-se de um problema com reflexos na sobrevivência do planeta. Em 2005 foi instituído o Dia Mundial da Reciclagem (17/5), pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), com o propósito de difundir informações e realizar eventos que conscientizem a humanidade sobre a emergência climática, sobre a necessidade de reduzir as substâncias poluentes e sobre a importância do reaproveitamento de materiais recicláveis, que seriam descartados no lixo comum.

Desejando encontrar solução para esse cenário terrível, a arquiteta eslovaca Lenka Petrakova concebeu o projeto “8º Continente”, premiado no Concurso Internacional de Arquitetura da Fundação Jacques Rougerie, em 2020. Consiste em uma plataforma flutuante autossuficiente, composta de alojamento; centro de estudos; coletor e separador de sedimentos; estufa e ponto de reciclagem. O trabalho de limpeza começará pela Grande Ilha de Lixo do Pacífico.

Os benefícios ecológicos e socioeconômicos da reciclagem tornam essa prática uma ferramenta essencial ao desenvolvimento sustentável e à preservação do meio ambiente. Sistemas de reciclagem eficazes auxiliam no enfrentamento da mudança climática. No entanto, para vencer o maior desafio deste século é indispensável a conscientização e o engajamento de todos os setores da sociedade.

A reciclagem preserva o meio ambiente ao moderar a quantidade de resíduos que lotam os aterros sanitários e os incineradores. A decomposição de resíduos orgânicos em aterros libera metano, um gás de efeito estufa muito pior do que o dióxido de carbono. Por sua vez, reciclar papel, plástico, vidro e metais, diminui a necessidade de novos aterros, cortando a emissão de gases poluentes. É fácil entender.

Outro aspecto importante é a economia de energia resultante do reaproveitamento de recicláveis, que freiam as emissões de carbono, contribuindo para a mitigação das mudanças climáticas. Menos energia consumida significa menos combustíveis fósseis queimados e, portanto, menos poluição do ar e emissão de gases de efeito estufa.

Reciclagem é atividade inclusiva, que reflete na economia sustentável. A partir da coleta e classificação até o processamento e a venda de materiais reciclados são gerados muitos empregos e renda, inserindo pessoas desempregadas no mercado de trabalho. Além disso, restringe a demanda por novos recursos naturais. Impossível não aderir.

O Brasil é o quarto maior produtor de resíduos plásticos do mundo, gerando anualmente mais de 80 milhões de toneladas de lixo e apenas 2% desse total são reciclados. Para piorar, dados da Associação Brasileira de Limpeza Pública e Resíduos Especiais revelam que 25% dos municípios não possuem nenhum tipo de incentivo à separação do lixo.

Esse panorama precisa mudar sem demora e para isso é fundamental investir cada vez mais na reciclagem, orientando e estimulando o descarte adequado dos itens que são consumidos no dia a dia. Alguns passos importantes foram dados pelo governo federal, lançando o Certificado de Estruturação e Reciclagem de Embalagens em Geral, o Crédito de Massa Futura e o Certificado de Crédito de Reciclagem de Logística Reversa, que é um instrumento de compensação ambiental.

No entanto, ajustes precisam ser feitos nos programas, a fim de valorizar e remunerar condignamente os 800 mil catadores de materiais recicláveis, agentes ambientais anônimos que realizam verdadeiro trabalho de utilidade pública, já que a parte do leão dos ganhos financeiros fica com as indústrias.

O governo federal também planeja repassar a gestão municipal de resíduos sólidos ao setor privado, como coleta de lixo, tratamento e aterros, abrindo uma série de oportunidades para pequenas e médias empresas.

São iniciativas interessantes que devem ser acompanhadas de perto para verificar se atingiram os seus objetivos e se requerem aperfeiçoamentos. Mas não excluem o incentivo à reciclagem nas comunidades, escolas e locais de trabalho, para formar e multiplicar adeptos da gestão responsável dos resíduos.

É desolador perceber que passados mais de 50 anos da publicação do Relatório Meadows, em 1972, pouca coisa foi feita para proteger o meio ambiente. Florestas seguem queimando, desmatamentos não cessam, petróleo, gás natural e carvão mineral ainda respondem por 80% da matriz energética mundial e alimentam o aquecimento global.

Os sinais do colapso ambiental são evidentes. Os fenômenos climáticos severos, que não estamos preparados para enfrentar, como a tragédia brutal do Rio Grande do Sul, estão cada vez mais frequentes e devastadores. Santa Catarina está debaixo d’água novamente. Nesses dias, aguaceiros atingiram o Norte e o Nordeste do país, incluindo Alagoas. Esses acontecimentos recorrentes espalham tristeza e destruição, mas parecem não servir de alerta.

Educar, promover a consciência ambiental, fazer a transição energética e proteger o meio ambiente devem estar entre as prioridades da humanidade. O Homo Sapiens precisa mudar seus hábitos hoje para ter um amanhã ou corre o risco de voltar a ser um Neandertal. Creio que o momento exige união por um destino comum desta e das futuras gerações, combatendo o uso predatório dos recursos naturais e construindo um mundo sustentável, com educação, saúde, paz e comida para todos.