O grupo teatral Camboio do Doido, de Taquarana, interior de Alagoas, foi destaque nacional nos últimos meses ao conquistar diversos prêmios em Minas Gerais e Paraíba.

Em junho, o grupo brilhou no 17º Festival Nacional de Teatro de São João Nepomuceno (MG), com o espetáculo infantil "Sonho", que levou sete prêmios, incluindo Melhor Espetáculo Infantil, Melhor Direção, Melhor Ator e Atriz Protagonistas, Melhor Trilha Sonora, Prêmio Júri Mirim e Destaque Geral do Festival, além de indicações a Melhor Figurino e Melhor Maquiagem.

A peça foi escrita e dirigida por Ígor Rozza, que também atua no espetáculo ao lado de Rackel Vieira. A trilha sonora é executada ao vivo pelos músicos David Lins e Luís Miguel, com iluminação de David Oliveira, maquiagem de João Vitor Muniz e figurinos de Bárbara Maria. O espetáculo fala sobre a trajetória de um jovem que está indo para a fase adulta, e mostra os desafios desse período turbulento.

O Camboio de Doido também ganhou prêmios em maio com o espetáculo "O fim do mundo", no 2° Festival Nacional de Teatro de Bayeux (PB). A apresentação tem como base um monólogo distópico e sensível protagonizado por Ígor Rizza. O grupo recebeu os seguintes prêmios:

Melhor Espetáculo

Melhor Direção (Iriwelton Caetano)

Melhor Ator (Ígor Rozza)

Melhor Iluminação (David Oliveira)

Melhor Sonoplastia (David Lins)

Melhor Cenografia (concedido ao grupo)

"A gente fica muito feliz com essa premiação. São dois espetáculos muito queridos para a gente. Então, são duas vertentes opostas, um adulto e um infantil e mesmo assim a gente consegue essa premiação, e isso explica muito também a nossa fonte de estudo. A gente estuda teatro infantil, teatro do absurdo e teatro de rua. Então isso só mostra que quando a gente estuda, quando a gente tenta, a gente demora, mas consegue. Este ano o grupo completa 19 anos e a gente apresenta uma maturidade tal qual", disse o diretor e ator, Ígor Rozza.

A volta por cima

Durante a viagem até Minas Gerais, a mala com todos os figurinos do espetáculo "Sonho" foi extraviada, o que poderia ter impossibilitado a apresentação da peça no festival.

Porém, isso não desanimou os integrantes do grupo. Eles conseguiram apoio com a organização do festival e refizeram os figurinos em um curto espaço de tempo. Com a ajuda da costureira Dona Jane, mãe de um dos integrantes do festival, as roupas foram construídas e o espetáculo foi apresentado.

Falta de apoio em Alagoas

Apesar do reconhecimento nacional, o grupo lamenta a ausência de apoio em Alagoas, principalmente para a manutenção de espetáculos e a falta de duração de apresentações.

"Do mesmo jeito que as pessoas fora do estado engrandecem nosso trabalho, elogiam nosso trabalho, dentro do estado a gente não consegue viver a mesma coisa, a gente não tem lugares para que o nosso espetáculo possa continuar acontecendo. Quando eu digo de lugares, estou falando de políticas públicas efetivas para que isso aconteça", destacou Rozza.

Segundo o diretor, o grupo tentou circular os espetáculos em Alagoas, através dos editais de cultura, mas não conseguiu por falta de investimento.

"Vários espetáculos foram premiados na Lei Paulo Gustavo, na Política Nacional Aldir Blanc (PNAB), aqui em Alagoas, muitos grupos, muitos artistas independentes, mas espetáculos que duraram uma, duas apresentações e morreram. Então não há manutenção de espetáculos, não há a vontade de que os espetáculos continuem, eles acabam morrendo em uma, duas apresentações, isso tudo com o dinheiro público. E a gente vem aí lutando com espetáculos que já duram dez anos", concluiu.

O grupo

O Camboio de Doido nasceu em 2006 e é referência no teatro independente em Alagoas, com produções autorais, premiadas e voltadas para a valorização da cultura nordestina, das infâncias e das urgências sociais. O grupo reafirma seu compromisso com o território e a arte pública.

Acompanhe o grupo por meio do Instagram: @camboiodedoido