Professor da UnB resgata o samba e a malandragem em comédia musical
Dramaturgo e compositor Fernando Marques lança o livro Vivendo de Brisa, onde mergulha na era de ouro do rádio em uma comédia musical
Nas palavras de Zeca Pagodinho: “O samba é eterno. Pode até mudar, mas ainda é o samba”. O dramaturgo e compositor Fernando Marques faz o leitor se entregar ao ritmo do samba-canção e do samba sincopado na comédia musical Vivendo de Brisa (ed. Perspectiva), onde mergulha na era de ouro do rádio com a biografia de um compositor imaginário malandro e caricato, mas nem tão esperto assim.
Professor da Universidade de Brasília (UnB), Fernando Marques apresenta Geraldo de Matos, compositor negro, de origem humilde, que busca se lançar como artista profissional, fazer sucesso e ascender socialmente no Rio de Janeiro em meados do fim da década de 1930.
O personagem, apesar de fictício, é inspirado nas figuras dos compositores Wilson Batista (1913-1968) e Geraldo Pereira (1918-1955).
“Eu queria fazer uma história que tivesse a ver com o samba. Wilson Batista foi convidado a abrir uma escola de microfone na Praça Tiradentes, ele aceitou, recebeu adiantado e nunca apareceu. Eu transformei isso numa escola de dança de salão. O Geraldo aceita a grana e depois não aparece”, conta o compositor, em papo com o Metrópoles.
A gente faz samba porque alguma coisa nos falta. A vida não basta.
Trecho do livro de Fernando Marques
Em sua comédia musical, que estreou nos palcos em 2019 em Brasília, Fernando encara a evolução digital e propõe ao leitor que leia e escute o samba, tudo ao mesmo tempo. O que antes era feito com o CD, se transformou em um QR Code que dá acesso a uma playlist no Spotify.
As composições, inclusive, são inéditas e feitas pelo próprio Fernando Marques. Gafieira Agora, Dândis, A Menina Passa, Fiteira e as outras canções fazem um paralelo com a história do fictício Geraldo de Matos e o gênero tipicamente brasileiro.
“Eu não sou muito versado em tecnologias digitais. Eu continuo ouvindo CD na minha casa, mas a minha filha de 13 anos fala: ‘Pai, não é prático, se a pessoa pode ouvir de graça, por que ela vai comprar o CD?’. Eu pessoalmente senti como perda [a falta do CD]. Por outro lado, é uma coisa que amplia, facilita [o acesso]”, pondera.
O professor ainda aponta que seu livro, lançado em Brasília na última quinta-feira (5/12), pode colaborar para a memória de áreas de estudo, principalmente em uma era de tecnologias digitais. “Acho que cada vez menos há uma ligação entre gerações, de certos valores importantes. A Ópera do Malandro [peça de Chico Buarque, lançada em 1978] já parece uma coisa muito antiga. Há um aumento do ‘gap‘ entre as gerações”, enfatiza.
“A ambição [deste livro] é contribuir nessa construção permanente de um musical brasileiro, situado no Brasil”, finaliza.
Últimas notícias
COP30 começa hoje em meio a progressos, obstáculos e alerta da ONU
Idoso morre após perder o controle da moto e cair em vala na AL-115 em Palmeira dos Índios
Banco Central permitirá que clientes bloqueiem abertura de chaves PIX em seu nome
Escola estadual indígena é alvo de tiros no município de Palmeira dos Índios
[Vídeo] Influenciador alagoano faz campanha para ajudar pai dependente químico e em situação de rua
llha do Ferro, em Pão de Açúcar, vira tema de questão no Enem 2025
Vídeos e noticias mais lidas
Tragédia em Arapiraca: duas mulheres morrem em acidente no bairro Planalto
Militares lotados no 14º Batalhão de Joaquim Gomes prendem homem suspeito de estrupo de vulnerável
[Vídeo] Comoção marca velório de primas mortas em acidente de moto em Arapiraca: 'perda sem dimensão'
Vídeo mostra momentos antes do acidente que matou duas jovens em Arapiraca; garupa quase cai
