Utilizar o mel de engenho nas tardes de carnaval já virou tradição em São José da Laje, município localizado na região da Zona da Mata alagoana. Há 15 anos os foliões compram o produto produzido pela Usina Serra Grande e compartilham o mela-mela nas ruas da cidade.

A usina, localizada a seis quilômetros do município, é umas das principais vias empregatícias da população lajense. Além de produzir o açúcar, ela, através do mel, também produz o etanol. O mesmo mel usado no carnaval e que já é marca registrada na região.

O gerente administrativo da Serra Grande, Fernando Evaristo, explica que a usina produz o alimento e repassa aos fornecedores uma quantidade de 200 litros do mel para cada, estes, por sua vez, vendem à população no período do carnaval.

Steve Ícaro é um dos organizadores do bloco Arroxe Mé, que há cinco anos sai ás ruas de São José da Laje na tarde de domingo. O bloco, segundo ele, foi criado para, além da diversão, preservar a cultura do mel entre os lajenses.

 Ele explica que “antes de se utilizar o mel, a população costumava se divertir com ovos e farinha de trigo. Essa tradição acabou, o que fez surgir o mel-mela com o mel. Ao perceber o enfraquecimento também deste produto, decidi criar o bloco para resgatar e não deixar morrer também este costume”.

E se depender dele, o costume não morrerá mesmo. Ele conta que a cada ano o número de pessoas no bloco Arroxe Mé só aumenta, o que exige uma compra e um investimento maior do doce. Este ano, segundos Steve, o bloco terá 600 litros de mel, mas, no final das contas, a preocupação mesmo será se terá água suficiente para limpar toda essa gente quando o carnaval chegar ao fim.