Brasil

Gestão de Temer e Serra como Chanceler atingem Instituto Lula

Por Folha de São Paulo 21/05/2016 11h11

A nomeação do senador José Serra (PSDB-SP) para o Ministério das Relações Exteriores deve provocar prejuízo à pauta de viagens internacionais do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dirigentes do Instituto Lula admitiram, nesta sexta-feira (20), que a política defendida por Serra esvazia a capacidade de articulação do ex-presidente no exterior.

Antes do afastamento da presidente Dilma Rousseff, Lula atuava como um emissário informal do governo brasileiro, sendo recebido com deferência nas embaixadas no exterior.

Hoje, as agendas do Instituto Lula e do governo Temer são divergentes. E, sem uma sintonia, o ritmo de viagens internacionais de Lula deverá ser reduzido.

Em seu discurso de posse como chanceler, Serra afirmou que o Brasil investirá em acordos bilaterais, em vez de aposta nas negociações diplomáticas multilaterais, por meio da Organização Mundial do Comércio (OMC). Ele também sinalizou uma posição crítica aos países bolivarianos, próximos do petismo.

Responsável pela Iniciativa África do Instituto Lula, Celso Marcondes afirma que, com essa política, o governo negociará "olhando para cima, não mais para o lado".

"Agora, teremos que ganhar o debate no Brasil", afirmou Marcondes.

O presidente do Instituto Lula, Paulo Okamotto, reconhece que a crise política e econômica no país também reduzirá a agenda de Lula no exterior, com cancelamento de participação em seminários, por exemplo.

"Não é só a crise. Mudou por enquanto até a conjuntura da política internacional. Agora tem outro cara lá [Serra] no Ministério das Relações Exteriores. A gente vai ter que repensar o que vai fazer", disse Okamotto.

Na semana que vem, o Instituto Lula iniciará sua reestruturação. Ela deverá incluir uma redução de funcionários e a montagem de um escritório com tarefa de administrar as palestras de Lula. As medidas são reflexo da crise econômica brasileira.

"Não é possível arrecadar com a mesma desenvoltura do que no passado", admitiu Paulo Okamotto.