Brasil

Temer mantém em cargos de chefia ao menos 4 investigados por pedaladas

Por UOL 01/06/2016 19h07

No dia 12 de maio, o plenário do Senado decidiu afastar a presidente Dilma Rousseff do cargo por até 180 dias para julgar o processo de impeachment aberto contra ela. Dilma é acusada de ter assinado, em 2015, seis decretos de crédito suplementar sem a autorização do Congresso e de ter atrasado pagamentos a bancos públicos, em medidas que ficaram popularmente conhecidas como pedaladas fiscais e que foram consideradas como operações ilegais pelo relator do processo de impeachment no Senado, o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG).

Em outubro do ano passado, o Tribunal de Contas da União (TCU) analisou e rejeitou as contas de 2014 devido a fatos semelhantes aos observados em 2015. Em breve, o órgão analisará as medidas mais recentes e poderá voltar a rejeitar as contas do governo, segundo reportagem publicada nesta quarta-feira (1) pelo jornal “Valor Econômico”. Mas, enquanto isso tramita no tribunal, algumas dúvidas pairam no ar: afinal, quem mais responde pelas pedaladas de 2014? Onde essas pessoas estão hoje em dia?

Nos últimos dias, a Lupa recorreu ao TCU e verificou que, de acordo com o acórdão número 825/2015, que trata das contas rejeitadas de 2014, 18 autoridades foram convocadas pelo órgão para falar sobre sua participação e sua responsabilidade nas operações de crédito realizadas naquele ano. Dessas 18 pessoas, quatro ocupam cargos de chefia no governo do presidente da República em exercício, Michel Temer. Uma delas é ministro. Veja a lista abaixo:

DYOGO OLIVEIRA

Até o afastamento de Dilma Rousseff, Oliveira era secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Por conta disso, exerceu o cargo de ministro interino algumas vezes. De acordo com a página 4 do citado acórdão do TCU, Oliveira foi convocado pelo tribunal para dar explicações sobre a edição da portaria 29, de 23 de janeiro de 2014. A portaria autorizava a utilização de recursos próprios do BNDES no pagamento do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), projeto que “busca estimular a produção, aquisição e exportação de bens de capital e a inovação tecnológica”. Hoje Oliveira é ministro interino do Planejamento. Substituiu o senador Romero Jucá.

GILBERTO OCCHI

Entre março de 2014 e março de 2015, Occhi foi ministro das Cidades. No ano passado, assumiu a Integração Nacional, onde trabalhou até abril, quando seu partido, o PP, decidiu deixar a base do governo Dilma. Segundo a página 4 do acórdão do TCU, Occhi foi convocado pelo tribunal para esclarecer o pagamento de dívidas da União junto ao Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) sem autorização em Lei Orçamentária Anual ou Lei de Créditos Adicionais. Na semana passada, Occhi foi nomeado presidente da Caixa.

MANOEL DIAS

Ministro do Trabalho de março 2013 a outubro de 2015, Dias assumiu a presidência da CorreiosPar em janeiro. Ele é um dos acionados pelo TCU pelo atraso nos repasses à Caixa para os pagamentos de Seguro-Desemprego e Abono Salarial. Veja essa informação na página 5 do acórdão do tribunal.

ADRIANO PEREIRA DE PAULA

Foi coordenador-geral de Operações de Crédito do Tesouro Nacional durante o governo Dilma e continua ocupando o cargo no governo Temer. De Paula é citado pelo acórdão do TCU na página 5 e investigado por atraso de pagamentos ao Banco do Brasil com o objetivo de subsidiar recursos do programa “Tesouro Nacional – Equalização de Taxas – Safra Agrícola” e “Título e Créditos a Receber – Tesouro Nacional.”