Moto Z pensa grande, mas precisa provar força de seus acessórios

Não é novidade que o mercado de smartphones anda estagnado em todo o mundo. As razões não cabem neste texto, mas uma delas --a falta de inovação a cada lançamento-- levou à tendência mais comentada de 2016: a expansão das capacidades físicas dos aparelhos por meio de acessórios.
Em fevereiro a LG lançou mão desse recurso como grande ferramenta marketing de seu melhor celular atualmente, o G5. Agora é a vez da gigante chinesa Lenovo, que entrou no jogo com uma outra visão para a sua recém criada linha top de telefones, a Moto Z.
Vale um parêntese aqui. Sim, é a Lenovo, e não a Motorola como a conhecíamos. A compra e incorporação da famosa marca americana, desde 2014, está "matando" aos poucos o nome original. Cada vez mais veremos só o apelidinho "Moto", e não como aquela empresa, mas sim como sinônimo de uma linha premium de telefonia móvel sob o guarda-chuva da Lenovo.
O Moto Z nasceu pensando grande. O conceito modular ainda é algo próximo de uma lenda urbana no mercado de smartphones --embora a Google jure que vai lançar seu celular quase totalmente montável no ano que vem. Mas a Lenovo não quer esperar, e nem acha que esse conceito é o melhor para seu público.
A carta de intenções do Moto Z, na verdade, de um ótimo celular, que pode ser ainda melhor com os acessórios, o que expande a experiência de uso para além da guerra de números dos processadores e memórias RAM.
Na teoria é bem bonito, apesar de pretensioso. Mas na prática, funciona?
Vamos por partes (ou "módulos"?).
Durante o lançamento, na Lenovo Tech World, em San Francisco, só foi possível ter acesso ao aparelho durante poucos minutos e o que deu para sentir foi que tanto o Moto Z "comum" quanto o irmão de tela mais resistente e melhor câmera, o Z Force, funcionam bem como objeto de desejo para geeks do Android, não fazendo feio aos melhores Galaxy da Samsung.
O design com corpo de alumínio é bem elegante. Seus 5,2 milímetros de espessura (6,99 mm no Z Force) não levam em conta a câmera traseira protuberante, mas ela aumenta só um pouco essas medidas (um milímetro a mais, talvez) e não chega a ser um incômodo de primeira, deixa apenas uma sutil inclinação ao deixar os aparelhos na mesa.
É bem leve e ergométrico na mão. Tão leve que deixa dúvidas sobre sua resistência a quedas --nesse ponto, é bem mais fácil confiar na supertela do Z Force, mas vai saber se o corpo aguenta os impactos também.
A tela 5,5 polegadas de resolução quad HD (535 pixels por polegada) é realmente bonita, e o desempenho em ambos os modelos é bem similar.
A soma do processador Snapdragon 820 com os 4 GB de RAM e o Android 6.0 quase puro da linha Moto torna o aparelho de potência respeitável e deve garantir uma vida longa e trabalho para os rivais Galaxys e iPhones. É difícil dizer, no entanto, se os novos modelos superam outros celulares sem um teste mais apurado.
Agora, sobre os tais Moto Snaps --acessórios para smartphones são na verdade coisa bem antiga, pois existem desde a invenção dos próprios smartphones. O que a Lenovo está tentando aqui é reinventar o smartphone, criando uma simbiose mais profunda entre o telefone e os seus acessórios oficiais, com uma boa ajudinha do discurso de marketing.
Ou seja, não é mesmo um telefone conceitualmente modular, assim como o G5 da LG também não é. São ensaios interessantes para outras possibilidades que fariam do telefone um gênio da garrafa que vai realizar todos os seus desejos e ainda inventar outros.
De fato, os dois acessórios legais dessa primeira leva são o alto-falante cocriado com a JBL e o projetor portátil. O primeiro alcança até 80 decibéis e tem um som bem agradável para animar uma sala de apartamento ou talvez o quintal da casa. Já o projetor consegue alcançar até 70 polegadas na parede. Mas esse, além de estar sendo exibido em San Francisco nas piores condições possíveis (em uma sala cheia de luzes e pessoas passando e fazendo barulho), ainda esquenta bastante o celular. Afinal, tem uma lâmpada incandescente ali funcionando.
São legais? A princípio, sim. Vale comprá-los? Ainda não sabemos o preço, mas se forem caros como os acessórios do G5... Bom, aí é com o seu bolso. Certamente não são indispensáveis, assim como não são o case de bateria extra e as capinhas traseiras extras em tecido, madeira e couro.
Por enquanto, é mais pé no chão ficarmos no aguardo dos preços do Z e Z Force para o Brasil. O primeiro foi prometido para setembro. Se custar acima dos R$ 2.500 --dificilmente será abaixo disso--, vai ser mais uma experiência incrível para poucos afortunados. Esse costuma ser o preço da inovação, ainda mais no Brasil.
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