No Recife, Dilma diz que não pretende negociar pacto sem retomar mandato
Em visita ao Recife, a presidenta afastada Dilma Rousseff disse hoje (17) que não pretende negociar um pacto nacional ou antecipação de novas eleições sem que retome o mandato presidencial. “Não haverá hipótese, em nenhum momento, de aceitarmos, sem o retorno da presidenta eleita por 54,5 milhões de votos ao governo, discutir qualquer pacto. Não há pacto possível com governo ilegítimo, governo que é provisório”, afirmou Dilma, ao ser questionada pela Agência Brasil sobre qual estratégia usada para conquistar mais votos de senadores contrários ao impeachment.
A presidenta afastada não detalhou as negociações no Senado e limtou-se a dizer que "estamos dialogando". Questionada sobre a dificuldade de governabilidade caso volte ao cargo, Dilma respondeu: "Não é uma questão relativa ao meu mandato, nem relativa a voltar. Não é porque eu volto que as condições são complexas. Acho que há, cada vez mais, a consciência de que o pacto que governou o Brasil desde 1988, a partir da Constituição cidadã, foi rompido e dilacerado. Então, vamos ter que necessariamente reconstruir os processos democráticos no Brasil."
Dilma deu entrevista depois de participar de ato fechado no auditório da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A presidenta afastada foi convidada a participar pelo Comitê "Em defesa da democracia", formado por professores, alunos e técnicos da instituição e das universidades Federal Rural de Pernambuco (UFRPE) e de Pernambuco (UPE), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj).
Dilma falou para 250 convidados do comitê e foi recebida com palavras como "Volta, querida". Em discurso, a presidenta afastada voltou a classificar o processo de impeachment como "golpe" e classificou o governo interino e os líderes do processo de “parasitas”.
“Eles adoram dizer isso: como eu estou tranquila no Palácio da Alvorada, cercada por todos os lados, não é golpe. Mas é sim. Eu chamo de parasita. Os parasitas atacam as instiuições, porque elas são fundamentais numa democracia. Qual é a nossa reação diante desse ataque? Não é negar a instiuição, é entrar, discutir em todas as instâncias, no Senado, nas ruas. O que mata o parasita? Mata o oxigênio da discussão, do debate”, afirmou.
Dilma Rousseff disse ainda que o processo de impeachment visa a impedir a continuação das investigações da Operação Lava Jato e para que o projeto político derrotado nas urnas pudesse ser aplicado no país. A presidenta afastada criticou dois projetos do governo interino: a mudança nas regras do pré-sal e a aplicação de um teto para os gastos públicos vinculado ao crescimento da inflação.
“Ninguém aprovou acabar com o pré-sal. Ninguém aprovou que os gastos com educação sejam reduzidos, o que na prática serão. Se você corrige pela inflação e, ao mesmo tempo, imagina que as pessoas no Brasil vão precisar de mais educação - não é constante o número de pessoas que querem ser educadas, ele [governo] aumenta esse número - então, só tiver uma constante somente da inflação que vai cair o gasto de educação por pessoa. Nunca vi alguém aprovar isso em urna nenhuma, em manifestação nenhuma. Por esses dois motivos, é fundamental que o governo eleito volte", disse.
A presidenta afastada ainda ressaltou o fato de a Proposta de Emenda Constitucional (PEC), que trata do limite para as despesas públicas, estabelecer prazo de 20 anos para aplicação do teto. “Não é possível, para os próximos 20 anos, ter outra política de educação que não a deles. Isso é um desmonte da educação pública, um retrocesso”.
Dilma abraçou manifestantes concentrados do lado de fora do auditório.
Apoio
No ato da UFPE, um manifesto foi entregue pelo comitê organizador a Dilma Rousseff. A professora de Psicologia da universidade, Fátima Cruz, disse que a defesa é da democracia e do projeto político que venceu as eleições de 2014.
"Achamos que está havendo um retrocesso, principalmente em relação aos avanços sociais, com o extermínio do Ministério da Mulher, Ministério da cultura, o MCTI incorporado à Comunicação, o que é um atraso em termo do progresso da ciência. A gente gostaria que a presidenta voltasse exatamente porque tivemos uma série de avanços sociais nos direitos da população, e nós nos alinhamos com a defesa desses direitos", disse a professora.
O reitor da universidade, Anílso Brasileiro, destacou a expansão das universidades no país, com aumento de alunos, e interiorização do ensino universitário. "Defendemos a normalização da vida democrática do Brasil, o respeito à Constituição, e entendemos que ela [Dilma Rousseff] foi eleita pela expressão do sufrágio popular, e é importante que ela retome seu mandato".
Últimas notícias
Secretaria do Trabalho divulga 3.643 vagas de emprego esta semana no Sine Alagoas
Em várias capitais, manifestantes vão às ruas contra PL da Dosimetria
Arapiraquense tem órgãos doados após morte por AVC e salva cinco vidas
Imagens mostram chegada de Policial Militar que matou enfermeiro em motel de Arapiraca
Zambelli renuncia mandato e Hugo Motta convoca suplente
Furto de cabos elétricos afeta abastecimento de água em Palmeira dos Índios e Quebrangulo
Vídeos e noticias mais lidas
“Mungunzá do Pinto” abre os eventos do terceiro fim de semana de prévias do Bloco Pinto da Madrugada
Família de Nádia Tamyres contesta versão da médica e diz que crime foi premeditado
Prefeito de Major Izidoro é acusado de entrar em fazenda e matar gado de primo do governador
Promotorias querem revogação da nomeação de cunhada do prefeito de União
