Alagoas

Em Alagoas, 189 adolescentes foram assassinados em 2013; estado fica em primeiro lugar no ranking

Dados são do ?Programa de Estudos sobre a Violência?, da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais

Por Redação com Agência Brasil 30/06/2016 10h10
Em Alagoas, 189 adolescentes foram assassinados em 2013; estado fica em primeiro lugar no ranking
- Foto: Divulgação/Internet

Um estudo divulgado nesta quinta-feira (30) revelou que Alagoas contabilizou o assassinato de 189 adolescentes apenas em 2013. O número coloca o estado em primeiro lugar no ranking nacional de homicídios de crianças e adolescentes no Brasil. Os dados são de um estudo realizado pelo Programa de Estudos sobre Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.

A faixa etária compreende jovens de 16 e 17 anos de idade. A taxa por 100 mil ficou em 147. Esse é o número médio de mortes de adolescentes no Brasil, a partir da realização de uma média gráfica comparada com os dados dos outros estados. Depois de Alagoas, Espírito Santo fica em segundo lugar, seguido pelos estados do Ceará e Rio Grande do Norte.

Apenas em Maceió, foram registrados 81 assassinatos de jovens dessa idade naquele ano. Em comparação apenas por capitais, a capital alagoana ocupa o 2º lugar, atrás apenas de Fortaleza e seguida por João Pessoa.

Além de jovens na faixa etária analisada, a pesquisa também contemplou o índice de mortes relacionadas à violência de uma maneira geral, contemplando outras idades. Ao todo, 514 crianças e adolescentes, no ano de 2013, foram mortos. A média está acime de um crime por dia. Atrás de Alagoas, estão os estados do Ceará, Espírito Santo, Rio Grande do Norte e Roraima, que também ocupam as primeiras posições.

Em Maceió, especificamente, foram assassinadas 251 crianças e adolescentes, número considerado alto. No Nordeste, só ficam acima as capitais de Fortaleza e Salvador.

No Brasil 

Por dia, 29 crianças e adolescentes são assassinadas no Brasil. O número coloca o país em terceiro lugar em homicídios de crianças e adolescentes em uma lista de 85 nações. O número de vítimas negras é quase três vezes maior que o de brancas. Segundo o relatório Violência Letal Contra as Crianças e Adolescentes do Brasil, os homicídios são a principal causa do aumento drástico das mortes de crianças e adolescentes por causas externas.

Os assassinatos representam cerca de 2,5% do total de mortes até os 11 anos e têm um crescimento acentuado na entrada da adolescência, aos 12 anos, quando causam 6,7% do total de mortes nessa faixa etária. Entre as mortes ao 14 anos, 25,1% são por homicídio, percentual que atinge 48,2% na análise dos óbitos aos 17 anos.

Causas externas

Em 1980, as causas externas representavam 6,7% do total de mortes até 19 anos; em 2013, essa participação mais que quadruplicou, chegando a 29%, sendo 13,9% por homicídio, 6,9% por acidentes de transporte e 1% por suicídio. Enquanto isso, a taxa de mortalidade por causas naturais até os 19 anos de idade caiu de 387,1 óbitos por 100 mil, em 1980; para 83,4 em 2013, uma queda de 78,5%.

Entre as causas externas de morte, os acidentes de transporte são o segundo fator de óbito mais relevante na infância e adolescência. O Brasil está entre os 15 primeiros países em letalidade de crianças no trânsito se comparado ao conjunto de outros 87 países, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). A mortalidade de motociclistas é a principal causa de morte por acidentes de transporte nessa faixa etária, e aumentou 1.378,8% entre 1996 e 2013, passando de 113 para 1.671 por ano.

Suicídios

O estudo traz ainda um dado preocupante em relação a suicídios de adolescentes, especialmente em comunidades indígenas. No país, a taxa de suicídio na faixa de 9 a 18 anos era de 1,9 em 100 mil em 2003 e passou para 2,1 em 100 mil em 2013. Por essa média, quase duas crianças e adolescentes se mataram no Brasil por dia em 2013.

Na comparação internacional com mais 89 países, o Brasil ocupa a 53ª posição no ranking de suicídios de crianças e adolescentes de 10 a 19 anos.

Entre os jovens indígenas, no entanto, a situação é mais grave. Em locais de amplo assentamento de comunidades indígenas, como São Gabriel da Cachoeira, Benjamin Constant e Tabatinga, no Amazonas, e Amambai e Dourados, no Mato Grosso do Sul, do total de suicídios indígenas, os de pessoas entre 10 a 19 anos representam entre 33,3%, em São Gabriel da Cachoeira, e 100%, em Tacuru (MS). “Uma verdadeira situação pandêmica de suicídios de jovens indígenas”, de acordo com o estudo da Flacso Brasil.

“Nossa luta como representante da liderança indígena em relação à saúde indígena é incansável”, diz a diretora da Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro, Almerinda Ramos de Lima. “Em termos de políticas sociais, nossa condição é bem precária, alarmante. Não há perspectivas para os jovens, nem mesmo um programa de entretenimento”, critica. A diretora também cita o alcoolismo e as drogas com causas que levam os jovens indígenas à morte.

O estudo foi produzido a pedido do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente e da Secretaria de Direitos Humanos em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O relatório foca nas causas externas de mortalidade no Brasil, mortalidade por acidentes de transporte, suicídios e homicídios, e tem como fonte o Sistema de Informações de Mortalidade, da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde (MS). Em conjunto, as causas externas vitimaram 689.627 crianças e adolescentes entre 1980 e 2013.