Acusado de envolvimento no homicídio de servente de pedreiro é condenado a 27 anos
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O julgamento do réu Rogério de Menezes Vasconcelos, que começou às 10h da mnahã, terminou durante o começo da noite desta quarta-feira (20), com a condenação do mesmo a 27 anos e três meses de reclusão por envolvimento na morte do servente de pedreiro Carlos Roberto Rocha Santos, crime ocorrido em 2004. Os jurados rejeitaram a tese de negativa de autoria e condenaram o réu por homicídio qualificado, sequestro e formação de quadrilha. Rogério Vasconcelos vai apelar da decisão em liberdade.
Ele foi apontado pelo Ministério Público de Alagoas (MP/AL) por envolvimento na morte e por integrar uma quadrilha que atuava no bairro do Benedito Bentes, comandada pelo ex-deputado Luiz Pedro da Silva, julgado e condenado no ano passado após ser apontado como autor intelectual do mesmo homicídio. Rogério afirmou durante depoimento que tentaram oferecer R$100 mil para ele inocentar Luiz Pedro.
O julgamento foi presidido pelo juiz John Silas da Silva, que durante a leitura da sentença afirmou: “Considerando que o acusado permaneceu solto durante o curso do processo, sem que houvesse manifestado qualquer interferência, concedo o direito de recorrer em liberdade, aplicando-lhe as medidas cautelares do artigo 319 do Código de Processo Penal, até julgamento em segunda instância, quando então o réu deverá ser recolhido ao sistema carcerário para o cumprimento de sua pena”.
O réu terá que comparecer a juízo no dia 20 de cada mês para justificar e comprovar suas atividades, não poderá se ausentar da comarca sem autorização prévia e terá que se recolher até as 20h, saindo de casa após as 6h. Também não poderá portar arma ou apresentar-se embriagado publicamente.
A acusação foi feita pela promotor de Justiça Carlos Davi Lopes Correia Lima e a defesa teve à frente o advogado Raimundo Palmeira.
O julgamento
Réu
Rogério prestou depoimento pela manhã e afirmou durante que tentaram oferecer R$100 mil para ele inocentar o ex-deputado. “A minha mãe foi assassinada em 2010 e antes disso ela foi procurada pelo meu ex-advogado que informou que Luiz Pedro queria me oferecer R$ 100 mil para eu vir aqui e dizer que ele não tinha nada a ver com esse crime. Eu não poderia fazer isso porque não sabia se ele era envolvido ou não”, afirmou o réu.
Ao ser interrogado, Rogério afirmou também que teme por sua vida desde o ocorrido e que quando foi preso, em 2005, sofreu ameaças de morte de pessoas supostamente ligadas à quadrilha.
“Eu não vim antes aqui porque estava sendo ameaçado de morte, acredito eu que pelas mesmas pessoas que mataram a minha mãe e que são as mesmas que mataram o Carlos Roberto. Nunca tive problema com Carlos Roberto e também nunca trabalhei para o Luiz Pedro”, disse.
Testemunhas
A primeira testemunha a ser ouvida pelo juiz foi José Gilson Lopes do Nascimento, comerciante no Benedito Bentes há cerca de 20 anos. Na ocasião, a promotoria questionou se ele conhecia o réu e se o havia contratado para assassinar Carlos Roberto, depois de sofrer um assalto supostamente praticado pela vítima.
“Nunca tive problema com o Beto, nem com o senhor Sebastião (pai da vítima) e não o acusei de nada. O Rogério era promotor de vendas e visitava várias lojas no Benedito Bentes, por isso o conhecia. Nunca tive tempo de sentar com Rogério para falar sobre nada que não fosse sobre os produtos do mercadinho. Quando fui assaltado na frente de um banco, acionei a polícia”, contou.
O pai da vítima, Sebastião Pereira, foi a segunda testemunha a depôr. Ele afirmou que o filho era usuário de drogas, mas que era uma pessoa tranquila e que não tinha passagens pela polícia. “Ele era um menino doce e todo mundo gostava dele, só quem não gostava era o pessoal do Luiz Pedro. Pegaram meu filho sem a mínima condição de defesa por volta de 1h30 da madrugada. Ele foi sequestrado, morto com 21 perfurações e depois o corpo dele sumiu do IML.”
Sebastião Pereira disse que todos no bairro sabiam que o réu não gostava de seu filho e que antes do assassinato houve uma discussão entre os dois em um bar após Rogério tentar tomar a cerveja da vítima sem pedir autorização. O réu teria ainda solicitado ao dono da casa onde Carlos Roberto morava para que ele fosse despejado a fim de instalar a sede da associação criada pela milícia.
“Rogério era o administrador da associação fajuta que eles formaram para pegar o dinheiro do pessoal, como da água clandestina e para tomar conta daquela área. Tudo que acontecia lá era de conhecimento da organização que ceifava a vida daqueles que não cumpriam suas ordens”, declarou.
Ainda em seu depoimento, o pai da vítima contou que ele e sua família vivem com medo desde que o filho foi assassinado. “Minha vida está muito difícil por causa desse elemento. Perdi minha esposa para a depressão porque ela não suportou, meus outros filhos enfrentaram o problema de não frequentarem a faculdade com medo dele, um mudou de faculdade, a outra está desempregada e não se formou até hoje. Ele é uma pessoa que todos temem, não é nenhum santo”.
A terceira testemunha a ser interrogada seria a companheira da vítima que presenciou o momento em que ele foi tirado de casa por quatro homens. Devido a medidas de segurança, a testemunha que está sobre proteção da Justiça foi dispensada de comparecer ao julgamento.
O caso
Rogério Vasconcelos foi acusado de integrar a quadrilha comandada pelo ex-deputado estadual Luiz Pedro da Silva, condenado, em 2015, como autor intelectual do crime. O grupo, segundo o Ministério Público de Alagoas (MP/AL), tinha características de milícia privada e atuava para ceifar a vida de pessoas que não seguiam as determinações do ex-deputado.
De acordo com os autos, na madrugada de 12 de agosto de 2004, Carlos Roberto estava em casa, no bairro Clima Bom, na companhia da esposa, quando quatro homens invadiram o local e o sequestraram. Posteriormente, efetuaram diversos disparos contra a vítima, que não resistiu aos ferimentos.
Segundo o MP/AL, a morte do servente de pedreiro ocorreu porque ele não teria se dobrado às arbitrariedades e caprichos da quadrilha. Os quatro homens que foram denunciados como autores materiais do crime foram Adézio Rodrigues Nogueira, Laércio Pereira de Barros, Naélson Osmar Vasconcelos de Melo e Leoni Lima. Os réus já foram julgados e condenados em dezembro de 2008.
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