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Hillary ou Trump? O que muda para o Brasil, segundo economistas dos EUA

Confira a análise do artigo publicado pela colunista do "Mercado Aberto, Maria Cristina Farias

Por UOL - Folha de São Paulo 08/11/2016 06h06
Hillary ou Trump? O que muda para o Brasil, segundo economistas dos EUA
Hillary ou Trump? O que muda para o Brasil, segundo economistas dos EUA - Foto: Divulgação

Para o Brasil, Hillary Clinton e Donald Trump têm algo em comum: não importa quem se eleja presidente dos Estados Unidos, qualquer um deles deverá tornar o país ainda mais protecionista.

"Clinton declarou que protegerá o emprego de americanos. Trump também será mais nacionalista", diz Renato Grandmont, diretor-geral de investimentos de América Latina em Nova York do UBS.

"Ela, pelo lado sindical, ele pelo de comércio externo", acrescenta Grandmont.

"A virada nacionalista ocorrerá depois do governo Obama, que deu as costas para a América Latina e se voltou mais para a Ásia", lembra Alejo Czerwonko, diretor de mercados emergentes.

Outro ponto em que os dois devem mexer é a PTP (Parceria Transpacífico).

"Hillary já mencionou isso, Trump também vai alterar as regras. Nossa equipe tem dificuldade de entender as medidas que ele adotaria porque vários pontos não foram esclarecidos, e não apenas da PTP", diz Czerwonko.

"Vai piorar para os países participantes", frisa Grandmont. "Não será bom para o Brasil, mesmo que ele não esteja no grupo, porque o comércio com os EUA, em geral, ficará mais difícil."

À pergunta "quem será pior para o Brasil?", o diretor de um banco americano responde com a pergunta: "Quem trará mais estabilidade?".

"É óbvio que Trump é o pior. É quem vocaliza mais o protecionismo", diz um executivo de outra grande instituição financeira nos EUA..

Inflação e crise fazem sanções a empresas crescerem

O Exército foi o órgão público que mais aplicou sanções a empresas neste ano.

A assessoria do Comando do Exército diz que notou aumento de contratos interrompidos de 2015 para cá, e que, com a recessão e a inflação, empresas têm tido dificuldade para cumprir acordos.

Foram 130 pessoas jurídicas suspensas de licitações com o Estado, declaradas inidôneas ou impedidas de participar de pregões.

O Exército tem mais de 400 unidades gestoras no país e contrata um volume grande de fornecedores.

A Receita, em segundo no ranking, também tem capilaridade em todo o território, diz o auditor Fábio Miranda.

"Há um período grande entre a apresentação das ofertas e quando o bem é entregue. Às vezes, as empresas fazem propostas, mas não conseguem manter o preço."

Pela lei, as concorrências de compras governamentais são decididas em uma disputa em que os fornecedores oferecem preços mais baixos.

"Há a possibilidade de revisar o contrato se a situação econômica mudar. Mas, muitas vezes, a empresa oferece um preço menor para ganhar e depois o negócio fica inexequível", diz Henrique Fingermann, professor da FGV.

Um brinde ao câmbio

A importação de vinho, que até o primeiro semestre era inferior à do mesmo período de 2015, reverteu o resultado e registrou alta de 15,2% no acumulado até setembro.

Em dólares, porém, a expansão foi menor, de 1,3%.

No mesmo período, as vendas no país caíram 11%, o que indica uma maior participação dos estrangeiros, aponta a Ibravin, entidade do setor.

"A estabilização do dólar e o produto nacional mais caro, devido à quebra das safras de uva no Sul do Brasil, são alguns dos fatores", afirma o diretor Leocir Bottega.

O câmbio motivou os importadores a retomarem seus investimentos a partir de julho, diz Raphael Allemand, do CIVP, que reúne produtores da Provença, na França.

"Há também um aumento de demanda para as festas fim de ano e o verão [época de maior consumo dos rosés, especialidade da região]."

Impacto profundo

A aviação comercial em São Paulo foi responsável por produzir R$ 119,7 bilhões em 2015, de forma direta e indireta, segundo a Abear, que representa as companhias aéreas. A estimativa é que haja uma piora nos dados deste ano.

"São 14 meses com demanda em queda e empresas que se adaptaram à oferta", diz Eduardo Sanovicz, presidente da associação.

"Se o cenário econômico mostrar perspectiva de melhora, poderemos ter uma retomada entre junho e julho do ano que vem."

O valor é calculado a partir da receita do transporte aéreo, gastos com combustível e fornecedores, consumo de trabalhadores do setor, tributos e o turismo induzido pelo modal.

Em São Paulo, a estimativa é que a aviação comercial tenha gerado 2,4 milhões de empregos e que tenha sido responsável por R$ 9,7 bilhões com impostos.

O levantamento, criado pela Oxford Economics, foi adaptado pela consultoria GO Associados.

Samba do avião

Os preços dos pacotes internacionais de viagens, que caíram com o dólar, forçaram os destinos nacionais a também cobrarem menos, segundo Magda Nassar, presidente da Braztoa (associação de operadoras de turismo).

"Depois que as vendas para fora do país cresceram, houve reação [de centros turísticos nacionais] e a balança ficou mais equilibrada."

A demanda neste fim de ano é maior que a de 2015, ela afirma, pois esse mercado é muito influenciado pelo câmbio. "Para a gente, o auge da crise foi o momento de alta e depois oscilação do dólar. Agora, isso passou."

No entanto, os níveis de ocupação ainda estão longe dos históricos. As aéreas e o setor hoteleiro fazem promoções para atrair turistas.

Os cruzeiros notaram que as reservas estavam em 30% de sua capacidade e, nas últimas semanas, com descontos agressivos, conquistaram passageiros, mas não a margem de lucro, segundo fontes desse mercado.

Made in... A Ofner prevê investir cerca de R$ 6,5 milhões no ano que vem. Parte do aporte será dividido entre sete novas lojas, no segmento de vendas para empresas e na ampliação de produtos comercializados para os EUA.

...Brazil A empresa exportou 10 mil panetones para Miami em outubro e prevê vender salgados congelados e chocolates em 2017. A estimativa é que o faturamento da companhia cresça entre 4% e 5% neste ano em relação a 2015.

On-line... Companhias brasileiras que apostam em inovação digital têm faturamento 9% maior e lucrabilidade 26% superior às que não o fazem, segundo a Capgemini.

...venceremos Entre as ações estão análise de dados para marketing, monitoramento de imagem e serviço de atendimento on-line. A consultoria ouviu 150 empresas.

Todos por um Doze empresas se reuniram para criar a Associação Brasileira de Start-ups de Saúde, com o objetivo de alavancar novos negócios baseados em tecnologia.