Comportamento

Mães que apostam nos cuidados de outras mães se sentem mais seguras

Por 7 Segundos Maceió 14/05/2017 12h12
Mães que apostam nos cuidados de outras mães se sentem mais seguras
Mães que apostam nos cuidados de outras mães se sentem mais seguras - Foto: Reprodução

Não é difícil imaginar que toda mãe com seu papel multifuncional, alia todos os dias as demandas do trabalho com as tarefas pessoais. Uma delas, considerada também a mais difícil, é cuidar dos filhos, exige não só o emocional e físico, mas muitas vezes o tempo, sendo este, o maior inimigo da atualidade.

Buscando auxílio para essa tarefa, algumas mães contratam uma profissional conhecida pela paciência e maturidade para atender as necessidades das crianças: a babá. Dentro ou fora de casa essa “segunda-mãe” acompanha diariamente toda a rotina dos pequenos, seja na hora da diversão ou obrigações. Até a chegada da mãe do trabalho essa profissional consegue driblar todos os acontecimentos, tendo em vista que ela possui uma grande habilidade para resolver eventuais problemas.

Para contratar essa especialista as mães geralmente realizam longas entrevistas antes de tomar uma decisão. As características mais procuradas na maioria das vezes são aquelas que se encontram na própria mãe para que a criança procure se adaptar da melhor maneira.

A empresária Eduarda Garrido que já contratou três babás no decorrer do crescimento de seu filho que hoje tem 11 anos diz que a escolha é sempre difícil por não conhecer a pessoa, mas encarou a situação como algo necessário e profissional.

“Quando eu fui contratar observei se elas eram mães, tempo e experiências de trabalho e sempre as deixavam em período de teste. Tem uma hora que você escolhe. Para mim naquele momento por mais difícil que fosse deixá-lo mais tempo com ela, era necessário”, revela.

Na foto: a mãe Eduarda e seu Filho Sandro

A mãe de 37 anos diz que na época que teve seu  filho tinha que se dividir entre trabalho, casa e casamento e como não tinha experiência, muitas vezes ficava perdida. A babá nesse caso auxiliou nos cuidados e deu dicas nos primeiros meses de vida do menino.

Apesar de ter tido duas boas experiências, Eduarda hoje não sabe se indicaria o serviço para outras mães. Isso porque quando o filho tinha dois anos sofreu maus tratos de uma babá durante a noite, neste caso a mãe só tomou conhecimento do ocorrido após a instalação de câmeras no quarto do bebê.

“A gente nunca imagina que isso pode acontecer, eu notei que ele estava diferente queria ficar muito comigo, chorava com frequência e perdia o apetite fácil. Pensei que fosse uma fase dele mas na verdade não foi. Um dia chequei as câmeras e assisti a um filme de terror”, conta Eduarda que aconselha que  as mães utilizem da tecnologia como monitoramento do trabalho.

Mãe sendo mãe

Uma das características que Eduarda procurou nas duas primeiras babás foi paciência, disponibilidade e afeto. Para ela nada melhor que uma mãe para executar a tarefa. Em Maceió, a família Rodas teve a sorte de encontrar uma profissional com todas essas características e viver uma história feliz.

A profissional Amanda Marques trabalha com crianças desde os 15 anos e está tendo a oportunidade de cuidar do Pedro há três. Além de se ocupar rotineiramente com as tarefas do garoto, Amanda é mãe de um casal e conta que ama os três da mesma forma.

“Quando você trabalha por amor, nenhum dinheiro paga e quando você é mãe isso só aumenta. Para mim não se trata apenas de uma responsabilidade é algo que me faz muito bem”, conta.

Os filhos de Amanda apesar da pouca idade, às vezes, entendem a ausência da mãe. Na última sexta-feira (12) a filha mais nova da moça reclamou que ela não se fez presente na festividade do dia das mães da escola, mas depois de uma breve conversa ela se convenceu da situação.

Amanda nos contou que a conversa é delicada, mas que procura resolver sempre com um diálogo aberto e carinhoso. “Eles têm muito ciúmes porque sempre estou mais presente no emprego, eu explico que é meu trabalho e que meu amor por eles não muda, eu até fico mais tranquila quando eles entendem, pois não pretendo deixar a profissão tão cedo", confessa.

Distância que não afasta

Entre o dilema de ser mãe e trabalhar como uma “segunda mãe”, Amanda conseguiu se adaptar a cada situação. Apesar de distante ela tenta ao máximo se fazer presente nos momentos importantes da rotina dos filhos. Para isso ela liga de 3 a 4 vezes por dia para os meninos e diz que não muda nada, o espaço na ligação serve não só para trocar carícias, mas também para aplicar aquela bronca.

“Ligo quando acordo, na hora do almoço e antes de dormir. Sempre quero saber de tudo e quando tem algum problema  converso sério” diz.

No dia da folga a programação é feita por eles antecipadamente. As ideias vão desde um cineminha em casa como também uma praia por exemplo. A diferença é que na companhia dos dois filhos, Pedro vai junto e a relação dos três é sempre amigável.

Fim do trabalho, começo de uma amizade

O menino Pedro está crescendo, hoje, com seis anos o serviço de Amanda talvez não seja mais preciso, e ela já imagina o quanto os dois vão sofrer com a separação. Na primeira tentativa a ideia não deu certo, Pedro ficou triste e não sustentou bem a situação.

“Estamos em processo de 'desmame', já esta na época de ele ficar só com os pais, pois está crescendo e pode fazer tudo como ele aprendeu. A próxima tentativa é tirar férias nas férias dele”, conta.

De acordo com a psicóloga Ana Valéria Jatobá, com o avanço da idade a criança se torna mais compreensível e independente e já entende as situações cotidianas. Ela acredita que a situação de Pedro pode ser resolvida de forma tranquila e sem preocupações, pois ele já tem discernimento das suas necessidades.

Na foto Pedro acompanha os dois filhos de Amanda em um dia de folgaApesar de ser uma difícil tarefa, Amanda e Pedro  não deixarão de ter vínculos, a família da moça ficou muito amiga dos patrões. Da  experiência ela deixa uma lição.

“É preciso ter paciência e procurar sempre resolver situações no diálogo. Não adianta cuidar sem sabedoria, você precisa encarar como um privilégio, afinal não é todo mundo que tem a sorte de poder trabalhar com pessoas tão sinceras e puras”, completa.