Celebridades

Laura Neiva abre o jogo sobre sexo oral, educação sexual e direitos iguais no prazer

Atriz está na série Desnude, que estreia hoje no GNT

Por Glamour 05/03/2018 09h09
Laura Neiva abre o jogo sobre sexo oral, educação sexual e direitos iguais no prazer
Laura Neiva no lançamento de Desnude - Foto: Daniel Pinheiro

Já passou do tempo do prazer feminino também entrar na pauta de direitos iguais que tanto pedimos! Não é nada incomum acompanhar cenas de cinema - sejam filmes pornô ou não - em que a figura do homem e o prazer masculino são o centro de tudo, enquanto a mulher fica em segundo plano. E é aí que Desnude, nova série de ficção do GNT em parceria com a Hysteria, vem para virar o jogo para nós mulheres!

Um dos dez episódios é protagonizado por Laura Neiva, 24 anos, e que vive uma jovem tímida chamada Eva, que "perde a virgindade" com um sombra em um episódio quase lúdico, que traz à tona temas como masturbação e o autoconhecimento.

"Fiquei muito tranquila para fazer a série. Acho que o meu episódio é o mais lúdico de todos. É o mais sobrenatural. Foi muito divertido. Tem muito a ver com a descoberta do próprio corpo, com não depender de ninguém para ter prazer", relatou Laura, em entrevista exclusiva para a Glamour. Questionada se via filmes eróticos, por exemplo, Laura é direta: "Eu já assisti várias vezes, em geral, mas nunca foi uma coisa que me prendesse, que me interessasse. Não é a minha".

Laura ainda disse que, quando era adolescente como Eva, teve bem menos dúvidas sobre sexo por conta do bom relacionamento com a mãe e uma educação em que conversar era melhor do que criar tabus. "Quando eu tinha a idade da Eva, eu já estava com o meu segundo namorado. E minha mãe e eu temos pouca diferença de idade. Ela me teve aos 15 anos. Ela sempre foi a mãe mais legal, até entre as minhas amigas. Então, ela segurava as pontas com as outras mães. Desde sempre tive uma relação com a minha mãe muito legal e uma abertura, tive um ensino muito legal e é importante isso para a formação da mulher: a escola, a educação, a relação com os pais", afirmou.

"Até porque eu sinto que a sexualidade é uma coisa super valorizada. A gente nasce e vive a partir do momento em que nossos pais transam. Não tem como não ter sexualidade. Desde o nosso primeiro segundo de vida, aquilo está ali. As pessoas falam sobre sexo como se fosse maior do que é. Eu não banalizo o sexo, acho que cada um faz o que quer, desde que todos estejam de acordo, é claro. As pessoas precisam ter menos problema de falar sobre sexo. Acho que isso tem sido mais falado, mas ainda falta muito. Eu sempre falei muito sobre sexo, tinha noção sobre o meu corpo, do que eu achava legal ou não, e tinha um canal aberto com a minha mãe", ressaltou.

#girlpower no set!
Coproduzida pela Conspiração, com episódios dirigidos por Carolina Jabor e Anne Pinheiro Guimaração, a série teve equipe quase 100% formada por mulheres. "Acho importante porque é sobre mulheres. Só mulheres poderiam falar. É o nosso ponto de vista. Nosso desejo, nossa sexualidade. Não acho que é ou tem que ser uma aula. Do tipo: aprenda como fazer. Nada disso! Acho que é lúdico. São fantasias lúdicas. Acho importante mostrar a fantasia da mulher, precisa disso. A mulher precisa disso! As vezes, eu vejo até no feminismo as mulheres se separando. As mulheres precisam se unir! Todas nós unidas! É uma causa humanitária e é séria!", afirmou.

"Essa série, mas do que feminista é sobre a sexualidade da mulher. Os filmes, nem precisa ser pornô, mas todos esses filmes que a gente assiste são machistas. São totalmente voltados para o interesse do homem e não da mulher. A gente precisava desse novo registro. Como a equipe toda foi de mulheres, acho muito legal dizer que, muitas vezes, a gente acha que precisa de um homem no set para carregar alguma coisa pesada ou fazer uma determinada função, algo elétrico, por exemplo. E, não! Eram muitas mulheres, deu uma visibilidade para mais mulheres participarem do cinema e da TV", opinou.

Laura ainda fez questão de dizer que o clima no set era extremamente agradável e que fazer cenas ultra sensuais na presença da equipe era muito mais agradável. "Foi muito mais agradável. Mulher fala muito e isso é muito mais gostoso, porque a gente conversa, a gente conta história, a gente troca! Então, fica muito mais agradável. Além disso, fazer esse tipo de cena (sensual) é muito mais confortável com um set inteiro de mulheres. Eu nunca trabalhei com diretores desrespeitosos, mas já aconteceu com outras atrizes. Dessa vez, não rolou isso. Era só mulher!", ressaltou.

E mulher sofre preconceito por gostar de sexo ou falar de sexo? Laura Neiva tem certeza que sim! "Com certeza tem repressão! Eu falo de sexo com as minhas amigas, mas as minhas amigas não repercutem,é claro. As mulheres não falam sobre sexo e, quando falam, as pessoas acham estranho, dizem que não é legal. As mulheres parecem que precisam se justificar para estar falando sobre sexo, precisam ter um motivo para isso. Enquanto isso, o homem pode falar disso de uma forma até cheia de palavrões, por exemplo, que não tem problema", completou.

Sexo oral é essencial!
Quase como um mantra, o sexo oral na mulher é exibido em praticamente todos os episódios, quase como uma forma de "educar" homens e mulheres sobre o tema. "Isso é ESSENCIAL. Já faz um tempo, mas aquele clipe da Karol Conká (Lalá)q! Aquilo é incrível, maravilhoso! O sexo oral para o homem e para mulher é a mesma coisa, gente! Mas para mulher, vem aquela ideia de a mulher é suja, que não pode. O homem meio que não sabe o que fazer. Eu acho que tem muito a ver com o órgão sexual do homem ser para fora e o da mulher não. Ah, e tem mais! Se você der um Google e digitar sexo oral no homem, vão vir milhares de jeitos e formas e dicas. Se você digitar por dicas para mulher, é bem menos!", alertou.

"Eu acho que a gente acaba sendo treinada, desde sempre, para achar que vai sentir prazer de algumas formas específicas. Que temos que fazer algumas coisas, porque é assim que é. Só que não é! Acho que eu tive uma questão de me enganar, de fazer algo porque eu tinha que fazer, porque era o esperado. Agora, eu me questiono mais. Eu sei porque eu quero fazer aquilo. Não é o sexo no modo automático, que é sempre muito focado no homem. Aquela coisa de: 'ai, tem que estar depilada!'. Ah, vai a m****! 'Tem que usar uma calcinha assim, porque é o esperado'. Você tem que estar depilada e usar aquela calcinha específica porque você quer estar assim, não porque é esperado que você como mulher faça isso. Não é obrigação! Pode fazer algo para agradar o parceiro, mas não é obrigação", disse.

Sexo tem que ser bom para os dois!
Noiva do ator Chay Suede, Laura Neiva acredita em direitos iguais no prazer também! O prazer da mulher precisa estar lado a lado ao do homem, ninguém em que sair perdendo nessa. "Exatamente! E não existe, é um erro muito grande falar sobre prazer no sexo só para o homem, ou para um ou para outro. Prazer tem que ser para os dois. O sexo tem ser bom para os dois. Se for bom só para um, é melhor você fazer com você mesmo. Tem que ser prazeroso para os dois", opinou.

Na pesquisa feita para Desnude, 76% das entrevistadas afirmaram gostar de assistir conteúdo e filmes sensuais em que a mulher é a protagonista. E um dos objetivos da série é impactar a forma com que os homens enxergam o desejo feminino. Mas será que os homens realmente se importam com o que causa desejo nas mulheres?

"Eu acho que é meio a meio, depende do homem, depende da mãe e do pai desse homem, da criação. Tenho amigos incríveis, que tiveram o mesmo tipo de canal aberto que eu tive com meus pais, que super se importam. Eu conheço pessoas com famílias ótimas, que são babacas, pode ter índole e tal, mas mais que isso, sexo é totalmente educação! Como a pessoa vai se comportar é educação. Eu sempre tive isso, até na escola. Até professores que me davam abertura para conversar e fala disso de forma natural", completou.

Laura ainda dá uma dica: Pais, conversem com suas filhas e filhos sobre sexo. Esqueça o tabu! "Pai tem que falar, mãe tem que falar. É muito natural. As pessoas precisam entender que há sexualidade desde sempre. Sempre foi sexual. Não tem como você separar isso. O pai falando sobre sexo com seus filhos, só tem a ganhar. Cada um fala do seu jeito. Mas fale! Se você não tem essa abertura, não precisa falar, pode buscar outras maneiras. Mas se o pai tem vontade de falar sobre isso com a filha, fala! E o contrário também vale. Se a menina tem vontade de falar com o pai sobre isso, fala também. É importante", finalizou.

E, Laura, Desnude mudou alguma coisa em você? "Sim! Independente do sexo ou não, foi lindo ver mulheres falando e defendendo um mesmo tema. Mulheres se unindo e falando sobre algo cotidiano, mas muito importante!".

Desnude estreia nesta segunda-feira (05), às 23h30, no GNT.